23- Desmascarada

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"O inimigo mais perigoso que você encontrará será sempre você mesmo" - Friedrich Nietzsche

Eliza Armstrong:

A situação estava caótica no campo, nos noticiários, as atualizações sobre a explosão nas Indústrias Lombardi eram um tanto quanto perturbadoras. Houve cerca de cinco mortos, e cerca de vinte pessoas gravemente feridos. Mas mesmo assim, aparentemente, conseguimos salvar muitas pessoas.

Depois de tudo aquilo, retornamos para a cobertura do pai de Anthony — que teoricamente, agora é dele — estamos aproveitando enquanto ainda não nos encontraram por aqui, ou pelo menos, fingem não saber de nós. Hilary nos notificou que continuam com seus colegas de trabalho do FBI, porém, eles continuam sem querer nos ouvir, acham que estamos blefando sobre tudo, e principalmente, acham que queremos chamar atenção.

Dylan desligou a tv, e com um aspecto claramente abalado em seu rosto, passou por mim, indo em direção até o corredor dos quartos no outro lado. Damon estava encostado no balcão da ilha, tentando desviar o olhar de nós. Ao meu lado, Anthony estava sentado no sofá, com os olhos cabisbaixos.

Todos estávamos cansados de toda aquela confusão, só queríamos poder voltar a viver uma vida normal — ou, o mais normal que minha vida fosse — eu sentia como se o peso do mundo estivesse carregado sobre meus ombros, e nesse momento, já não tenho certeza se consigo seguir o caminho sem derrubá-lo.

Em cima da mesa de centro, meu celular começou a vibrar, avisando que uma nova notificação tinha acabado de chegar. Sem muito entusiasmo me estiquei em direção ao mesmo, para do que se tratava. Instantaneamente, o celular dos dois homens também notificaram a chegada de uma nova mensagem.

Na tela, uma mensagem de origem desconhecida tinha o enunciado: está feito!

Minha testa franzida denunciava a confusão em minha mente, e a julgar pela forma como todos se encaravam, também não sabia do que se tratava. Aquilo não era atoa, algo estava errado, algo estava muito errado.

De repente, outra mensagem chegou novamente. Desta vez, deixando explícito sua vontade: Até logo, senhorita Rushman, Armstrong... Al-Makki

Era ele, tinha que ser, ninguém gostava de me expor dessa maneira como ele. Ninguém trabalha melhor do que ele quando o assunto é testar as minhas reações.

— Eliza! — A voz de Dylan voltando correndo para a sala de estar chamou a atenção de nós três — Acho que temos problemas!

Ele correu novamente em direção à tv, ligando-a logo em seguida, no mesmo canal de antes. O noticiário havia mudado o assunto da manchete, teoricamente, ainda falava sobre a explosão das Indústrias Lombardi, porém de uma nova perspectiva.

Nesse momento, minha foto se encontrava novamente na manchete, mas dessa vez, o jornalista contava todos os nomes diferentes que usei em todas as várias missões da HARPIA. Minha história estava sendo revelada, tudo que fiz antes, tudo que fiz há pouco tempo, neste momento, todos os EUA estava sabendo — me arrisco a dizer a América inteira.

Larguei o dispositivo em mãos, cobrindo o rosto com minhas mãos, enquanto tentava processar o que estava acontecendo.

— Não foi ele! — sussurrei para mim, mas todos estavam me encarando — A HARPIA fez isso!

Naquele momento, meu telefone tocou novamente, vibrando em sinal de uma ligação no chão, mas desta vez, quem o atendeu foi Anthony enquanto minha mente estava mergulhada em tudo que faria a seguir.

— Oi, Hilary! — o olhei de lado, enquanto ele falava ao telefone — Sim, já vimos!

A julgar por sua expressão, não eram boas notícias, e ele não passou mais do que três minutos conversando, e após esse tempo, largou o dispositivo sobre o sofá, coçando a garganta antes de falar o que viria a seguir.

— O FBI conseguiu novas informações! — ele falou — Digamos que a coisa vai ficar ainda mais complicada, e que nesse momento, uma grande Guerra Civil está se formando. Terroristas de um lado, HARPIA do outro, e nós no centro disso!

— Eles vão nos ajudar? — perguntou Damon.

— Vão, mas quando tudo terminar eles querem... — Anthony me encarou, sem conseguir concluir a fala.

Eu sabia o que isso significava. Agora, todos sabem de partes da minha vida não muito dignas, partes essas que o mundo não estava preparado para saber, eu estava afundada até o pescoço com tudo aquilo.

— Me prender! — falei.

Eu sou uma ameaça para o governo americano, aparentemente eles finalmente perceberam isso. E na realidade, não consigo me sentir mal por isso. Uma vez na vida, eu estaria livre para passar na porta da frente sem me importar em fingir um novo personagem.

Está na hora de pôr um fim nessa história, porque eu definitivamente cansei de fugir do meu passado.

— Vocês vão vestir seus trajes? — perguntei, me levantando do assento.

Sem esperar pela resposta, caminhei para o quarto onde eu estava dormindo, as mãos passando sobre a roupa escura, os dedos se entrelaçando no cinto com objetos. É a última vez que vestirei esse traje, é a última vez que serei a Víbora Negra, ou mesmo a Justiceira e eu sinto como se uma parte de mim estivesse sendo arrancada.

É normal sentir falta de algo que nunca foi nosso?

A Justiceira {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora