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12 de junho.

Lucien.

Estar de folga é bem entediante, ainda por cima no Dia dos namorados... Não que isto me importe, sempre fui sozinho mesmo.

Aquele jantar foi cancelado e não troquei uma palavra com Violet a semana toda. Ela me dispensou.

Não sinto que fiz algo errado... Mas a irritei de alguma forma.

Isto é fato.

Ainda estou pensando sobre a oferta da Violet, acredito que não vou aceitar.

Vi meu pai e minha avó ontem, estão bem na medida do possível —, com o dinheiro que ganhei nas lutas da madrugada, dei-lhes quase tudo e o que sobrou comprei algumas besteiras para encher uma parte pequena do armário.

Não cogitei sair com Kate hoje, pois certamente deve ter algo mais interessante e não tenho dinheiro para levá-la a algum lugar bom.

O máximo que posso oferecer é café, neste apartamento.

Mesmo que, Kate possa ser tão humilde que aceitaria... É chato.

Merece bem mais.

Um dia vou agradecer da devida forma em equidade.

Uma onda estranha parece me puxar para Violet, é como um magnetismo...

Talvez eu possa tentar... Dar uma lembrança de Dia dos namorados a ela. Querendo ou não, me deu uma segunda chance.

***

Na casa de Violet.

Sou recepcionado pela Consuelo que se mantém simpática diante de mim.

— Ela está ali. — Aponta o corredor atrás da mesa que almoçamos dias atrás.

Caminho inseguro com o presente em mãos, é uma tentativa... Não garantia de sucesso.

Ao ver Violet debaixo das luzes que entram pela janela banhando sua pele pálida, percebo também algo que qualquer um notaria.

Um buquê enorme de rosas-vermelhas.

Isto foi como um, tapa na cara.

Que ideia estúpida... meu presente não chega aos pés do buquê que ela cheira tão fascinada agora.

Não notou minha presença.

Quando os olhos tão intimidadores que parecem lançar raio lazer e fazem qualquer um querer virar fumaça, me alcançam, escondo o presente atrás das costas e engulo a seco. A mulher de colar de Pérolas me encara fixamente de modo analisador.

Não parece rude como sempre é... Tem uma leveza no azul das íris.

Parece um anjo.

Um anjo sombrio.

Arrisco perceber um sorrisinho de canto nos seus lábios.

Será que tem algum admirador? Ou um par... não sei.

Preciso dizer algo.

Idiota.

— Ia dizer algo? — Pergunta bem humorada.

— Sim. — Só isto sai das minhas cordas vocais.

Patético, grande tolo.

— Feliz Dia dos namorados. — Deseja sorrindo —, um sorriso puro e doce.

— A você também. — Tento dizer algumas palavras, mas travo nisto.

Pelo menos ela não percebeu que estou escondendo algo.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Onde histórias criam vida. Descubra agora