Lᴜᴄɪᴇɴ.

Realmente não sei o que aconteceu antes de entrar naquela sala para Violet ficar daquele jeito. Ter um ataque de fúria e atirar um grampeador em mim.

Fui insensível, errei em não ter perguntado se poderíamos conversar. Não era o melhor momento para isto.

Sinto a presença de alguém e me viro na direção de onde ouço o tilintar de metal.

Aquela mulher loira de antes. Estava de costas quando a vi, porém, tenho total certeza que é ela.

— Você deve ser o secretário dela — diz bem calma, sem olhar para mim enquanto mexe na sua jaqueta preta em cima do balcão.

Usa uma camiseta de mangas longas preta básica, mas que remete sua elegância natural.

Tem a aparência de um anjo, mas um anjo oblíquo.

Quando seu rosto se levanta um pouco e meus olhos alcançam o esverdeado infinito... É familiar de algum lugar.

— Acredito que já te vi em algum lugar. — Analiso bem suas feições para tentar recordar.

A loira de traços finos e marcantes sorri gentil.

— Estive aqui outro dia, mas Violet não estava — explica movimentando as mãos num gesto aleatório.

— A conhece? — Pergunto e ela esmunga que sim, estas íris escondem algo que não consigo discernir se é bom ou ruim.

Aquela sensação que a conheço não passa.

— Sou Raquel. — Estende a mão acima do balcão e eu aperto por educação.

— Sou secretário dela, se quiser conversar...

— Não, eu, na verdade, queria falar com você mesmo. — A voz dela é firme e convicta.

Por que comigo? O que eu poderia oferecer à Raquel?

— Em que posso te ajudar? — Raquel contorna o balcão e para na minha frente segurando sua jaqueta de couro em mãos.

Certamente é rica como Violet.

— Preciso que me diga... Lucien — pronuncia meu nome com dúvida e eu confirmo que está certo.

Não posso deixar de manter a atenção nela em meio a movimentação do Hall.

Tão simples no modo de se vestir, mas carrega consigo um charme e elegância natural.

É gentil, diferente de outras pessoas... Não tem ar de superioridade.

— Toda a empresa está no nome da Violet, certo. E sabe quem cuida da documentação? Algum advogado específico talvez... — Parece estar escolhendo quais dúvidas pôr em jogo primeiro.

— Sim, tem um advogado... Só não sei o sobrenome dele, talvez possa perguntar-lhe quando chegar. — Quero saber antes o porquê destas perguntas dela.

Raquel parece cautelosa, todavia bem reflexiva.

— Sabe onde fica o escritório, pode me dizer por favor. — Pede gentil, um olhar bem humilde no verde das íris.

Aponto a sala da Violet mais a frente no lado esquerdo do hall.

— Fica bem ali. — Suas intenções não parecem ruins, me parece uma pessoa até ingênua pela forma como observa tudo.

— Obrigada, vou ver se já chegou. — Informa sorrindo leve logo segue para sala indicada.

Será que veio por alguma vaga de emprego? Por que viria até aqui de novo senão por isto.

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