𝗟𝘂𝗰𝗶𝗲𝗻.

Organizei uma fila à frente da sala de Violet para escutarmos todos os funcionários, as atividades foram suspensas exclusivamente por conta disto e a minha loira exigiu minha presença ao lado dela.

Ao lado, não atrás, ao lado.

Caminho em direção à sala por ter ido ao  banheiro agora pouco, já vamos começar a reunião...

Algo me chama a atenção e não posso deixar de olhar. A curiosidade sufoca.

Conheço este macacão preto e a jaqueta de couro da mesma cor... O jeito elegante e a discrição notável.

Raquel e...

— Tadeu. — Não pode ser possível minha suspeita, porquê a irmã da Violet conversaria com o pior inimigo da própria irmã e além disto... Da família.

Os dois conversando algo inaudível próximo a dispensa dos fundos do andar debaixo. Ainda tem a audácia de entrar aqui depois daquele dia em que ofendeu a sua inimiga.

Alguém tromba em mim e pede desculpas rapidamente, Arthur.

Sou tirado do foco e apenas deixo passar... Tadeu e Raquel sumiram feito fumaça.

Será que perceberam que eu estava vendo?

Não posso omitir isto, não de novo.

Violet precisa saber.

Tramando com o inimigo. Mal caráter.

Estava certo. Raquel não é confiável. Pelo modo que cochichavam pareciam bem íntimos e sérios. Sorrateiros feito ratazanas.

Provavelmente se conhecem estarem conversando e pior... Debaixo do nariz da própria irmã. Violet com certeza depositou confiança nela e está tentando ser uma pessoa melhor na relação das duas. Víbora.

Não a vi depois que tomou café, pois sai depois dela. Atrasado.

— Lucien, não o vi chegar. — A voz grave de serpente dela invadiu o ambiente. Afiada e prevenida.

Hesito virar, mas o faço lentamente. O espaço entre nós fica girando e girando.

Os olhos verdes quase viram iguais aos de uma cascável imprevisível.

A expressão neutra e fingida.

Não me convence.

— Estava ocupada não é. — Quero pressioná-la entre linhas para que saiba como a vi. E que irei contar.

Arriscado sim, mas...

Raquel sorri, diabólica.

Não me convence por mais que tente aparentar ser boba e adorável. Não tem controle sob mim.

A loira contorna meu corpo, rodeando feito um urubu com sua carniça.

— É melhor ir para a reunião, Violet não pode ficar nervosa com qualquer deslize não é. — O tom irônico e calculista.

Despreocupada pelo que vi... Ela sabe, sonsa. Mentirosa.

Sem lhe dar mais atenção e nem qualquer movimento, sigo para a sala citada. Ignorando a vigarista.

Invado a sala usando todo o impulso nervoso do meu corpo, cego pela necessidade de contar tudo.

Ser sincero e entregar tudo a minha querida.

Mal me importo com as várias pessoas enfileiradas na frente da porta escura entre-aberta me olhando chocadas e curiosas.

Uma onda opressora contém minha respiração de sair completa.

Violet estática, esperando que eu diga o por quê de invadir sua sala assim e ainda estar calado.

— Violet, preciso te contar uma coisa MUITO importante. — Consigo soltar as palavras contidas em minha garganta dolorida. A visão virando um borrão.

— Agora não, Lucien. — Desfoca o olhar de mim e volta a digitar desinteressada. Se eu não conseguir falar agora, não sei se vou conseguir falar futuramente.

Não não não, por favor, me escute.

Reluto contra o silêncio opressor violento que não me permite falar.

Por favor. — Balbucio insistindo. Engulo a ânsia que sobre pelo meu estômago.

Violet suspira incomodada. Não querendo me dar atenção. Justo hoje.

Não, depois conversamos, prometo. — Replica como se isto fosse algo banal e irrelevante.

Quero vomitar.

A sala parece espremer meus ossos cansados e a loira ignora o pedido que lhe fiz agora há pouco.

Não é algo fútil... Me dê ouvidos por favor.

Saio correndo em direção ao banheiro sem insistir novamente para colocar todo meu café da manhã para fora.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Onde histórias criam vida. Descubra agora