Antes de começar olhem a mídia, vocês vão entender muita coisa deste capítulo.

*

Vɪᴏʟᴇᴛ.

Seco o rosto mais uma vez, sem saber ao certo quantas vezes já fiz tal ato.

Afundo a cabeça no travesseiro macio em meio ao quarto escuro exceto pela luz do abajur ao meu lado.

Ouço o ranger da porta se abrindo.

- Menina, ela está aqui. - As palavras calmas e cautelosas para não me ferir saem da boca de Rosário.

Não me mexo, nem importo que me veja assim tão vulnerável. Não tenho que se forte o tempo todo, ninguém é, isso deve ser aceito com normalidade.

— Mande voltar para o inferno de onde veio — brado, tentando não descontar minha dor nela.

Rosário fica inerte, parada.

— Ela é sua irmã querida. — Dou risada ironicamente.

— Não tenho uma irmã há muitos anos. — Mal me dou ao esforço de sentar na cama, continuo deitando encarando o abajur que não tem respostas ou conselho para me dar.

— Já chega Violet, saia desta cama. — Ouço a voz dela invadir o quarto e o barulho dos seus saltos batendo no piso de forma elegante.

Ousadia a dela.

Rosário certamente não a impediu de entrar no meu quarto e nem vai tirá-la. A loira cansou de esperar e decidiu vir por conta própria até mim.

— Deixe de ter este comportamento imaturo e me escute — fala impaciente, como se o que ela fez fosse um motivo pequeno para minha negação em vê-la.

Mau-caráter.

Com dificuldade, me sento na cama usando a força dos braços e encaro-a, Rosário aperta o interruptor e a luz do quarto se acende iluminando nós duas.

— Pode sair Rosário, está tudo bem — Peço a minha mãe de consideração para perto da porta.

— Acredita que eu iria te fazer algo?
— fala de forma inofensiva.

— Não se atreveria. — Devolvo convicta e segura para a mulher de camiseta verde sem mangas.

Rosário nos deixa com aquele olhar bondoso genuíno e fecha a porta.

Sem ter permissão, a loira se senta na minha cama um pouco a frente de mim.

— Até quando vai agir assim? — indaga com indiferença

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— Até quando vai agir assim? — indaga com indiferença.

Superficial.

— Até que você perceba que não pode me abandonar e ficar ANOS sem dar notícias, depois voltar COMO SE NADA tivesse acontecido. — Um suspiro rápido indica indignação.

Ainda fica irritada por eu estar agindo como qualquer um reagiria... Ou pior?

— Sinto muito ter te ferido tanto, não foi minha intenção te desamparar... Nunca Violet. — Ah! Um pedido de desculpas desses olhos angelicais e pensa que tudo ficará bem.

Se revolverá. Só faltou a grinalda dourada em cima da cabeça agora.

— Pode parar, não vai me convencer... Nem me manipular. — Corto logo as jogadas dela.

Aquele brilho antigo toma suas íris esverdeadas.

— Sinto muito que tenha tanto rancor e ódio de mim... porém, se acredita que foi fácil fazer o que fiz... Saiba que não foi. - Sua voz vai diminuindo até virar um fio.

Quase me convence.

— Eu acordei, no meio da noite e fui te procurar... E você não estava na sala, eu chamei, chamei e procurei pela casa toda... Rosário me amparou quando percebi que havia ido embora. Sem mais nem menos sequer uma explicação ou um adeus. — As lembranças invadem minha mente e se misturam com a realidade, quase posso ver um telão passando tudo atrás dela.

Aquela pontada gelada e agoniante engole meu estômago.

— Eu só me perguntava: por quê. — Realmente acreditava ser algo que eu fiz. Dói tanto, doía e não vai para tão cedo.

Os olhos pintados de preto bem profundos como um buraco fundo que não se sabe onde vai dar da galáxia me observam.

— Pode pelo menos me deixar dar uma explicação? Agora estou aqui... Eu nunca deixei de amar você irmã — Fuzilo-a com o olhar.

Não consigo odiá-la totalmente - deveria estar feliz por vê-la, todavia este é o sentimento mais improvável que sinto agora.

— Não sou sua irmã, e não quero que diga nada — Disparo friamente, como fui reformulada pela dor. Se eu pudesse devolver tudo que me fez passar... embora seja incapaz.

Dissimulada.

Não sei se está fingindo ou é real o choque de ouvir tais palavras da minha boca.

Mas, é convincente.

— Precisa despejar tudo que tem aí dentro, e eu entendo... Vai demorar até digerir tudo isto. Só saiba que eu realmente me arrependo, perdão — Acrescenta, tudo como uma melodia bonita e reflexiva.

— Raquel — A chamo quando vai cruzar a porta a passos lentos e arrasados.

Me olhando por cima do ombro, espera ouvir algo.

— Eu não te odeio. — Consigo dizer mesmo que seja sufocante a sensação de ter que confessar a alguém que me fez tanto mal que não consigo odiá-la.

Sem dizer mais nada ela sai do quarto, se misturando as sombras escuras do corredor. Como se já fizessem parte dela.

Um tiro doeria menos do que isto.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Onde histórias criam vida. Descubra agora