𝗩𝗶𝗼𝗹𝗲𝘁.

Totalmente zonza, nem sei quantas horas se passaram — só consigo ver pela janela que está de noite ainda.

A porta range e se abre, o barulho é incômodo aos meus ouvidos acostumados ao silêncio após horas, minutos ou outra fração de tempo.

O borrão embaçado se torna um rosto angelical e logo reconheço a dona dele.

— Estou passando mal. — Aviso procurando seu braço no ar e quando agarro tento firmar o corpo, mal sustento a cabeça. A ânsia tomando a garganta e o corpo bambo.

Raquel me segura com firmeza e acende a luz do interruptor. Por quê ela está tão... Calma e silenciosa.

— Preciso de água, chama a Consuelo, por favor. — Peço tentando não botar meu almoço todo para fora.

Um embrulho no estômago.

A luz alaranjado ilumina as íris dela tomam para si a cor.

Tudo está girando neste quarto.

Nenhuma palavra sequer sai da sua boca, inexpressiva e serena.

Suas mãos envolvem meu busto e acariciam meu cabelo, minha cabeça se encosta na sua barriga encontrando base firme nela.

Shiiu, eu sei Violet, descanse. — Sussurra calma enquanto tenta me confortar... Preciso de remédios, estou prestes a desmaiar. Raquel parece querer que eu durma.

Meus sentidos se dissipando.

— Raquel... Preciso vomitar, não estou aguentando. — Aviso de novo e nada, as cores do quarto vão virando um borrão em conjunto e logo o sono se mistura a azia.

...

𝙻𝚞𝚌𝚒𝚎𝚗.

Vim ver Violet, queria informar uma coisa de última hora, mudanças feitas pelo Unai e Arthur —, como não respondeu às mensagens e nem atendeu ligações.

Estranho.

Rosário estava ocupada quando cheguei agora há pouco e disse que Violet não saiu do quarto desde a tarde, e que Raquel, julga que está dormindo tanto tempo.

Não vi Raquel, e nem me interessa no momento.

— Violet. — Chamo hesitando ao pôr um pé no quarto enorme, ainda na porta.

A luz está apagada e o silêncio esquisito toma conta do ambiente, adentro tendo ousadia de verificar se ela está dormindo.

Não tem vestígios da sua cadeira ou celular.

Dou alguns passos até chegar ao lado da cama, Violet está dormindo toda desajeitada acima do próprio braço, mas...

A cutuco levemente e nenhum resultado.

— Loirinha. — Tento de novo e sou correspondido apenas pelo eco da minha voz no cômodo.

Cutuco mais forte e tomo a liberdade de erguer seu queixo um pouquinho.

Desmaiada, sem dúvidas.

Sento na cama perto do corpo dela e delicadamente seguro seu busto no colo.

— Violet, acorda... ei, ei. — Dou leves tapinhas na sua face e nada dela abrir os olhos ou recuperar a consciência.

Os lábios pálidos e o corpo imóvel.

— ROSÁRIO, CONSUELO. — Chamo o mais alto que posso preciso de ajuda.

Ainda sinto a respiração da loira em meus braços, mas mesmo assim não obtenho reação vinda dela.

Deve estar passando mal faz um tempo para chegar a esta situação.

— RAQUEL. — Esqueci da terceira alternativa a quem posso recorrer... Espero né. Raquel surge saindo das sombras com euforia.

— O que aconteceu? — Sua expressão pavorosa indica que também não percebeu nada.

— Vim conversar com ela e a encontrei Desmaiada. — Continuo tentando despertar Violet e nada.

Raquel pelo choque e preocupação de ver a irmã neste estado, mal consegue pensar direito e faz movimentos repetidos pelo quarto. Barulho invadem o local silenciosamente perturbador.

Rosário e Consuelo aparecem.

Um suspirar leve, e um abrir de pálpebras.

Violet acordou.

— Ei, está tudo bem, sou eu. — Informo tentando fazê-la se encaixar na realidade novamente. Olhos confusos e perdidos.

Como se fossemos dois estranhos.

Lucien. — Balbucia querendo dizer algo mais, colocando a mão aberta sob meu peito. Raquel suspira aliviada —, Rosário e Consuelo cochicham algo em tom quase inaudível.

Violet ainda está voltando a realidade tentando se situar.

— Você desmaiou, vou cuidar para que não aconteça de novo. — Tomo cuidado com o baque das palavras ao dizer.

As íris azuis focam profundamente em mim e um sorri fraco surge nos lábios rosados.

—  Meu bem, tomou alguma coisa diferente ou comeu? — Consuelo brada, letra por letra mantendo o olhar em Raquel, como se quisesse sugerir algo.

Uma suspeita.

Raquel apenas se mantém em silêncio com sua expressão neutra ocasional. Não pareceu se importar ou finge muito bem.

— Só tomei água... Cadê minha cadeira e meu celular. — Questiona buscando no quarto com o olhar, e logo o concentra em mim tão intensamente que perco o fôlego por segundos.

Esqueci que estamos tão próximos, sinto sua respiração lenta e profunda.

O calor da sua pele transparecendo pela roupa.

— Lucien, é melhor deixá-la se ajeitar. — Raquel sugere gentil e segura meu bíceps levemente. Arrepio devido à frieza dos seus dedos.

Ajudo a loira a se ajeitar e tomo cuidado ao distanciar o corpo da cama.

Lanças afiadas. A mulher magra de avental olha para Raquel parecendo suspeitar de cada simples suspiro da Barbie 2.0.

Onde arrumei este apelido?

Não importa muito agora. Violet ainda está zonza, e pálida. Precisa melhorar e vou ajudar como puder.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Onde histórias criam vida. Descubra agora