Continuação.

𝙍𝙖𝙦𝙪𝙚𝙡.

Não reparo na casa ou em qualquer outra coisa, apenas sou enfeitiçada pela sensação dos seus lábios. Unai fecha a porta atrás de nós e me conduz até mais perto do sofá, sem desfazer nossa conexão.

Me sinto nas nuvens. E também que não terei outra oportunidade.

Suas mãos repousam carinhosamente na minha cintura e eu sorrio em meio ao beijo que já tirou fôlego do meu pulmão.

— Raquel... — Unai quer questionar o motivo desta atitude tão imprevisível e eu emito chiado pedindo que se cale.

Só quero tê-lo em meus braços agora.

Sua delicadeza comigo é algo que nunca tive, não assim. Tudo de ruim que sou parece voar com o vento agora.

Encosto minha testa na sua e sinto o calor da sua pele. Fechando os olhos e degustando da situação.

Unai faz o mesmo, entrando nesta conexão incrível. Não me olha com desconfiança ou receio como todos fazem. Não me sinto péssima perto dele.

— Eu gosto tanto de você, do fundo do meu coração Unai... Preciso saber se é recíproco, porquê da minha parte é totalmente... Tenha certeza. — Abro os olhos após pronunciar tais palavras.

Unai parece chocado com a revelação.

— Sim... Estou apaixonado por você e quero que tentemos, se você aceitar... Raquel, estou disposto a tentar. — Sorri tão genuíno e sincero, e envolvido. Os olhos fixos em mim neste cenário fascinante.

Vou me entregar a ele, mesmo sabendo que isto provavelmente terá um fim a qual não quero... Que acabará num piscar de olhos, irei fazer. A vida passa num fio e logo Unai descobrirá quem eu sou de verdade e irá me desprezar... Até o coração mais bondoso irá cuspir em mim quando descobrir minha verdadeira face.

***

Remexo meu rosto no peito dele e acaricio seu braço envolto na minha cintura, sentindo o calor me aquecer. Meu corpo nu não sente frio ao seu lado.

Unai dorme tão pesado que não percebe quanto saio do sofá e pego minhas roupas pelo chão.

Já escureceu e lá fora está frio ao que aparenta. O céu escuro sem nuvens.

Sombrio como meu coração.

Dou alguns passos saindo de perto da janela que dá vista à rua e dou um beijo na testa dele. Acaricio seu cabelo escuro e pego minhas roupas espalhadas pelo chão.

Quase faço meu corpo magro totalmente descoberto tropeçar no próprio pé e me condeno por correr o risco de acordá-lo.

— Adeus Unai. — Pondero sentindo um peso comprimir o ar do meu peito. Já vestida, deixo o apartamento. Uma parte esperançosa e sonhadora morre ao pisar fora do cômodo.

Estou condenada e não há nada que possa ser feito para reverter isto.

Por um período curto tive a felicidade na palma da mão... E então veio a realidade e a tomou bruscamente. E se foi tão rápido quanto surgiu. Agora só resta cinzas.

Eu sou cinzas.

Violet não merece alguém como eu em sua vida... Merece algo muito, infinitamente melhor.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Onde histórias criam vida. Descubra agora