It's going wrong

blood

-Lisa?- O ouvi sussurrar em meu ouvido- Cansada?

-Cinco minutos Eric... Só cinco...-Murmurei enquanto me ajeitava em seu peito

-Por mais que eu quisesse, acho que você confundiu o nome de alguém...

-Desculpa Jim... Não foi a intenção- falei enquanto me sentava na grama úmida

-Tudo bem Lisa, não dorme bem a quanto tempo?- Perguntou sorrindo com sua mão em meu rosto

-Alguns dias... Dormir sozinha depois que acostuma a dividir cama com alguém é complicado- eu dizia ainda de olhos fechados.

E era verdade, nesses dias que os meninos voltaram e eu "dormi" sozinha, posso dizer que não dormi coisa nenhuma, era só falta de costume...

-Infelizmente eu não posso te oferecer companhia nesse caso...- Respondeu enquanto deslizava suas mãos para meus cabelos- A não ser que me convide pra isso...

-Esses minutos já foram mais que o suficiente- Rebati me levantando- Melhor eu ir antes que fique tarde demais Jim..

-Posso ir com você? Nós dividimos o preço da viagem- Perguntou me abraçando pela cintura.

E assim fizemos, táxis são caros demais pra eu negar dividir o preço final...

-Até breve Liss!

-Até Jim...- Falei saindo do carro e congelando em seguida quando o ar gelado atingiu meu rosto como milhares de cacos de vidro.

-Fica com isso... Vai precisar- Disse me entregando seu casaco- Atenção no bilhete, e saiba que te amo- completou sorrindo

-Obrigado, de verdade...- Preferi só ignorar o "eu te amo" e ir embora, não queria pensar muito sobre aquela história denovo.

___________

Já eram perto das 22:00 horas quando, logo depois de devorar mais um dos meus livros que já li pra mais de 5 vezes e contando, me lembrei de tal bilhete que Jim tinha me falado mais cedo.

Eu ainda vestia seu casaco preto, muito maior que meu corpo por sinal, nesse exato momento uma dor imensa tomou conta do meu coração, me lembrei de Ripley, naquele exato dia em que decidimos ir ao pedalinho e viramos, pela segunda vez eu vestia uma peça maior que eu, mas infelizmente, não era a segunda vez com a mesma pessoa...

Me doía pensar que podia estar fazendo algo que eu julgava tanto, sair com Jim hoje a tarde foi certo? Eu devia ter feito isso? Devia ter deixado abertura para que pensasse em algo além? Devia ter dado mais esperanças a ele? E sobre Eric, eu estava fazendo algo errado ou não? Não era traição sair para se divertir em uma tarde qualquer, mas era um peso pra carregar apenas imaginar que eu esteja o magoando.

Quando digo que ele é o anjo da minha vida, digo no sentido quase literal, afinal foi ele que me estendeu a mão, foi ele quem me deu um teto, uma cama pra dormir, água e comida, e além de tudo isso, me deu carinho e atenção de uma forma que ninguém jamais faria.

E Jim? Nada demais, afinal beijos são genéricos se não criar sentimentos sobre eles.

Hora de parar de enrolar e começar a ler o papel enrugado no bolso esquerdo...

"koi no yokan: No japonês literal premonição de amor, a sensação, após conhecer alguém, que você irá se apaixonar por aquela pessoa" Oh Lisa se eu tivesse sentido isso antes de cair... Se existisse um aviso divino que me dissesse sobre o perigo de cair, eu não estaria aqui agora, saber que seu amor é incompreendido dói como se milhões de facas fizessem seu caminho pelo meu coração, que agora, bate apenas por você. Paixão é algo complicado demais quando se tem a noção de que é quase impossível.
Sei que não pretende (e nem vai) simplesmente largar quem ama por mim, quem faria isso?
Mas, eu preciso que saiba que se quiser tentar, meu coração é seu Elisabeth.
Sei que não sou nada perto do que você quer ou merece, mas juro que seria meu melhor por você.
Eu faria de tudo para ter você comigo, de corpo e alma.
Sou um tolo de tentar isso? Sou completamente sem noção por deixar que essas letras cursivas saiam de minha mente e agora vivam eternamente nessa folha? Talvez, mas eu sei que por você vale a pena, aliás, tudo valeria a pena por você.
Dizem que quando se está apaixonado por alguém, assim como me encontro agora, se quer o melhor do outro, mesmo que o melhor do outro não seja o seu, então, se sua felicidade está ao lado dele, fique com sua felicidade, que eu terei a minha.
Ah Elisabeth, se eu soubesse que tua poção tinha efeito tão instantâneo e brusco como esse, jamais ousaria tomar outro gole...

            Com muito amor e sinceridade, aquele que você tem controle sobre o coração, Jim♡"

Lágrimas e mais lágrimas insistiam em cair pelos meus olhos, como eu posso fazer alguém sofrer de maneira tão profunda?

Ah se eu tivesse a oportunidade de voltar no tempo mais uma vez, eu certamente tentaria evitar com que isso acontecesse...

Partir o coração de alguém é partir o meu próprio, eu não sou capaz de permitir falsos sentimentos no pobre Jim...

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-Bom dia...- Ouvi alguém sussurrando em meu ouvido.

Não tinha ninguém naquele apartamento, ou pelo menos não devia...

E como eu aprendi em algum momento desses 17 anos: Sempre se ataca primeiro.

E como sempre em situações de desespero, fiz o que me deu na cabeça, socar o que é que fosse.

-Elisabeth!- Gritou do chão, até que eu me levantei pra ver o que era...

-Eric! Devia ter avisado que voltava hoje pela manhã!- Exclamei enquanto chegava mais perto pra descobrir o resultado do golpe acidental...- Senti saudade...

-Eu também senti... Que recepção calorosa...- Falava com as mãos sobre o nariz- E espero que tenha consertado ele...

-Desculpa... Eu só me assustei- Eu dizia enquanto tirava suas mãos do rosto- Isso dói?- perguntei pressionando a área avermelhada

-Óbvio que sim! Tem noção de que acabou de me dar um soco no nariz?

-Um acidental soco no nariz, e nem está tão ruim quanto parece...

-Não?

-Não, só vermelho e talvez sangrando um pouco...- Calma, talvez o que?

-Como assim talvez sangrando um pouco Elisabeth!?

-Sem desespero tá legal? Eu vou buscar uma bolsa de gelo...- Falei distribuindo beijos estalados por seu rosto.

E assim eu fiz, graças a Deus tinhamos gelo hoje...

-Quer ir no hospital? Talvez tenha machucado...

-Não preciso de hospital nenhum, eu vou ficar bem logo e... Aí! Elisabeth toma cuidado!

-Shh... Calma criança... Não tem agulhas quando vai ver se o nariz está ruim ou não...

-É um hospital! Sempre tem agulhas...- Eu acredito que ele prefere ter o nariz quebrado do que uma agulha no braço- Graças a Deus é modelo Lisa...

-Graças a Deus?

-Seria um desastre se fosse médica...- Respondeu sorrindo

-Um desastre? Então prefere ir ao hospital do que me ter cuidando de você?- Perguntei dramática- Tudo bem então...

-Esquece o que eu falei... É a melhor que eu poderia ter...- Falava com as mãos em meus cabelos.

E nesse trágico momento que eu percebi: A minha felicidade mora ao lado dele...