Notice

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Eu olhava no fundo daqueles olhos encantadores, e tudo o que eu via ali era a certeza de felicidade eterna, era encantador, eu nunca imaginei que era possível amar tanto alguém como eu o amo.

A ideia de um casamento parecia assustadora de início, mas agora eu não sentia medo de absolutamente nada no universo, é um daqueles momentos em que a bolha se fecha ao nosso redor, tudo que existe somos nós dois, e eu amo isso, queria viver aqui para sempre, não exitem problemas aqui dentro, só um sentimento mútuo de amor intenso e sem fim.

-Ainda não acredito que aceitou passar o resto da vida comigo, tem certeza do que acabou de dizer?-Perguntou virando meu rosto e olhando nos meus olhos.

-É claro que tenho! Acredito que é a primeira vez na vida que tenho absoluta certeza de algo que digo...- Respondi afundando minha cabeça em seu pescoço novamente, tínhamos a vista mais bonita possível para um momento como esse.

E só agora eu pensei que minha vida está sendo totalmente diferente do que eu imaginava, em um dia eu era uma garota de 17 anos chorando no quarto por só sentir atração por coisas que acabaram anos antes de eu pensar em existir, agora sou uma de 20, com um emprego, na França e com um casamento garantido, isso tudo considerando que estou 50 anos antes que devia estar, é tudo tão louco e encantador em simultâneo, eu tenho certeza que não teria um terço da felicidade que tenho aqui se eu estivesse vivendo lá. 

Eu ainda não sei como fui parar em Ripley no lugar de Liverpool, por exemplo, mas sei o porquê, e o motivo pra isso é toda essa história que eu vivo agora, sabe lá Deus onde eu estaria se tudo tivesse dado certo, ou melhor, do jeito que eu imaginava, não me queixo mais sobre esse ''erro'', foi a melhor coisa que já me aconteceu, aventuras e mudanças de plano são muito mais divertidas que parecem.

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A noite ficava cada vez mais fria, era hora de (infelizmente) terminar nosso 'encontro' mágico, decidimos voltar ao hotel logo, seria melhor que ficar congelando no gramado úmido pelo sereno, arrumamos algodão-doce em um carrinho (O que foi muito mais difícil considerando que a senhorinha só falava francês) e encontramos um táxi, missão tão complicada quanto a última.

-Como faz isso?- Eu perguntava tentando entender como o doce rosa não caiu dali sem o apoio das mãos.

-Mordendo Lizzie, não é tão complexo- Explicava repetindo o ato, o que, a meu ver, tem um toque de magia negra, não consigo fazer isso, nem que eu tente muito- Morder de verdade Elisabeth, abrir a boca por inteiro e não pela metade deve ajudar...

-Não consigo, desisto!- Reclamei pela milionésima vez, o que o outro certamente não ouviu, estava focado demais na música que tocava.

-Baby! Blues...- Essa palavra me persegue, e eu não consigo reconhecer de jeito nenhum, não sei o que tem errado comigo, ou certo demais com eles, bastam algumas notas e logo reconhecem o que toca, não importa o artista, eles vão saber -How you don't recognize it? I've shown you lots of artists a couple weeks ago...  

-Oh yeah, I remember like...- Pausa e pensa, eu tinha que lembrar de pelo menos um, só pra dizer que nossas horas de 'conversa' não foram em vão- Robert Johnson!- Exclamei estalando os dedos e piscando com um dos olhos, eu não estava totalmente perdida nesse assunto. 

-Your favorite one?- Questionou, óbvio que não era, eu nem lembrava dos outros, como eu ia ter escolhido um favorito? 

-Of course! He's incredible and all- Respondi tentando parecer confiante, o que claramente não deu certo considerando sua reação, ergueu as sobrancelhas e negou repetidas vezes com a cabeça- Used to be? 

-Yes, used to be...- Concordou rindo- And he's the only one that you remember? Really? 

-Of course no! I remember a very good boy with a different name, starts with 'E' and 'C' I guess, oh he's so handsome... I really wish I could marry him- Falei rindo e abrindo a porta do carro que já estava parado e nem reparamos- Wait, I actually will! And now I need to yell that at his bandmates ears!

Era exatamente isso que eu estava disposta a fazer, saí correndo hotel adentro, esmurramos a porta do quarto dos outros dois, mas infelizmente ninguém atendeu, ou não estavam lá, ou dormiam como pedras, então fizemos o que qualquer um faria, voltamos ao nosso quarto e guardamos a ansiedade de dar a notícia.

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-Goodnight love...- Sussurrou juntando nossos lábios, o problema é que eles não descolaram tão cedo...

Agora mais que nunca eu o queria comigo, eu queria estar o mais próxima possível do seu corpo, e parecia que eu nunca tinha tocado aqueles lábios rosados antes, mas eram tão sutis e perfeitos que ninguém ousaria soltar.

Tentávamos ao máximo não fazer barulho, mas era um tanto difícil de evitar os gemidos ligeiros que escapavam volta e meia.

Pulei em seu colo quase que imediatamente, meus quadris se mexiam assim como suas mãos estavam enlouquecidas caminhando na minha cintura, rapidamente as coisas evoluíram...

Peças iam desaparecendo por aí, botões pulavam dos lugares, blusas saiam do lugar e com isso nosso batimento cardíaco ficava cada vez mais rápido, conflitante com nossas respirações falhas.

Tudo estava correndo perfeitamente bem, a sicronia perfeita de sempre acontecia, mas infelizmente, a porta foi escancarada de repente, o que provocou um dos maiores sustos e com certeza um dos maiores constrangimentos da minha vida.

Os dois estavam na porta parados, como se tivessem entrado em estado de choque, e nós tentavamos puxar cobertores.

-Que foi?- Perguntei tentando não gaguejar- Qual o problema de vocês com não bater nas portas?

-What's your problem with not fucking all the time?- O mais alto perguntou entrando pelo quarto como se nada tivesse acontecendo- Praticamente derrubaram a porta do nosso quarto, o que foi?

-Ah..- Exclamei olhando para o outro que concordou com a cabeça, interpretei aquilo como permissão para contar- We will get married...- Completei exibindo o anel brilhante em meu dedo.

-Casar?- Perguntaram juntos e concordamos com a cabeça- Achei que ia ficar mais feliz quando isso acontecesse- O mais novo dos dois concluiu.

-Eu certamente ficaria se não tivesse que contar nesse estado!- Reclamei enquanto me afundava mais nos cobertores brancos.

Eu não esperava que as primeiras pessoas a saberem do meu casamento seriam eles, menos ainda que dessa maneira, no fim das contas nada sai como esperado de qualquer modo.

It's going wrongOnde histórias criam vida. Descubra agora