Wanessa 🦋
Eu estava bem tranquila no meu trabalho, tinham umas quatro meninas do morro olhando as roupas e elas eram até simpáticas, porém estavam conversando entre si sobre a mulher do Lele e eu consequentemente escutando tudo.
— Ouvi dizer que ela já nem tem mais chances dela viver não.- Falou uma.- O Lele tá doidinho atrás das coisas pra ela.
— E ela tá com o que? - A outra falou curiosa.- Só escutei metade da fofoca.
— Falaram que ela tava com câncer no útero, disseram que ela já sabia porém não tava se cuidando, disse que já tava sentindo que ia morrer.- E nisso, eu estava mexendo no meu celular, porém a atenção estava toda nisso.
— O Lele deve tá muito mal, vou lá cuidar dele.- Falou brincando.- Doida pra sentar naquele homem, ah meu pai.
— Ih, o que tem de lindo, ele tem de difícil. Já tentei ali mas nem rolou, desde que ele separou da mulher ninguém ficou com ele.
— Eu particularmente ouvi dizer que ele tava saindo com uma menina do morro, mas ninguém sabe nome nem quem é, é só boato.- Nessa hora eu até parei de mexer no celular, as meninas colocaram as peças em cima do balcão e eu olhei pra elas sentindo meu coração até bater mais forte.
— Ah nem, se fosse eu que estivesse sentando naquele homem iria fazer questão de explanar pra todo mundo.- Riu.- Agora fiquei curiosa pra saber quem.
Wanessa: Coloco tudo junto? - Minha voz até falhou e eu disfarcei vendo elas nem notarem.
Elas falaram como era pra separar e eu fiz tudo bem tranquila, quando as meninas foram embora eu me sentei e fiquei pensativa sobre isso me balançando ali, a dona chegou um tempinho depois já que ela tinha ido pagar umas contas e eu fiquei conversando com ela. Quando sai, liguei pra Brenda no caminho e fui falando com ela até chegar em casa.
Brenda: Mas mana, tu não acha que se realmente soubessem, não iam explanar de vez? Essa galera daqui topa tudo por fama, com toda certeza iam dar na cara teu nome logo, o babado que isso ia dar todo mundo sabe.- Eu girei a chave na porta abrindo e entrei.
Wanessa: E se estiverem esperando o momento certo? - Falei suspirando e fechando a porta.
Brenda: Eu vou observar o Carlos, vê se ele tá diferente ou se desconfia de algo.- Eu me sentei no sofá.
Wanessa: Você sabe o que vai acontecer se ela descobrir né? - Olhei pro teto.- A filha do Lele já não tem mais nem mãe, imagina aquela garota ficando sem pai.
Brenda: Vocês se arriscaram bastante, vocês sabiam que poderia ter consequências. Em momento algum te falo que você estava errada, você é livre e solteira, mas não tão livre assim! Você conhece o Carlos, sabe bem quem ele é, sabe muito bem que ele dizendo que tá mudando ou não, sempre vai achar que tem o controle sobre você. Você sabia, quis arriscar e agora se isso vazar vai ter que lidar com as consequências! Você e o Lele.
Wanessa: Eu sei, mas na hora do prazer eu não estava nem aí pra isso.- Fiquei calada.
Brenda: E se você voltar com o Carlos? - Escutei aquilo, olhei pro celular e tive apenas vontade de matar a Brenda.
Wanessa: Voltar de onde? Nunca nem estive. Nunca mais repete isso pelo nosso carinho recíproco.- Ela riu.
Brenda: Tô gastando, relaxa.- Falou rindo.- Eu vou pra casa da mãe do Nilo, ela faz maior banquete pra eu jantar, amo ser mimada. Quer ir?
Wanessa: Não, vou esperar Hugo chegar pra ir jantar fora com ele, recebi meu salário hoje.
Brenda: Já pode comprar presente pra Nicole, ela gosta muito de roxo, só pra deixar claro.- Eu sorri.
Troquei mais algumas palavras com ela até desligar, Huguinho chegou e eu agarrei ele dando vários beijinhos, perguntei sobre seu dia e chamei ele pra sair. Ele claro que não rejeitou e escolhemos ir pro bk do shopping e assim fomos, a gente se arrumou e saiu bem felizes, chegamos, andamos um pouquinho e sentamos pra comer.
Hugo: Mãe, você voltaria com meu pai? - Olhei pra ele que me olhava curioso.
Wanessa: Não.- Falei da melhor forma possível, vendo ele me olhar atento.- Você tá bem grandinho já, quase um homem. Muita coisa não é o momento de você saber agora, mas te garanto que no futuro você vai saber tudo o que precisa.
Hugo: Eu vi que ele te machucou hoje de manhã.- Engoli no seco.- Vi sua cara, vi que você queria surtar, como sempre.- Riu fraco e eu fiquei com coração apertado.
Wanessa: Olha, Hugo. Entre eu e o seu pai, só existe você! Somos colegas além disso, no máximo. Eu sei que talvez você queira muito nós dois juntos, mas infelizmente isso não vai acontecer, mas eu não quero nunca que você se sinta abandonado por um dos lados, eu sei que você passa muito mais tempo comigo do que com ele, mas quando você quiser pode ir pra lá, passar dias lá, mas não muito tempo porque eu vou ficar com saudades e...
Hugo: Mãe, eu não quero vocês juntos.- Me interrompeu.- Eu gosto de você assim, feliz, sorrindo e trabalhando. Quando a gente morava com ele você parecia sempre triste, não gosto de te ver assim! Eu amo meu pai, mas sei que ele não te faz bem.
Wanessa: Não, realmente não faz.- Passei a mão no rosto.- Mas ele ama você, isso que é importante.
Hugo fez um bico falando que me ama e eu sorri beijando sua cabeça, voltamos a comer felizes e alegres porém eu senti algo estranho assim que eu saí do shopping com ele, pegamos o uber, fomos pro morro e quando chegamos em casa fomos dormir. Na verdade eu não consegui pregar o olho, tinha algo me incomodando e eu estava ficando inquieta.
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Até o céu
Teen FictionJuntos fomos do céu ao inferno, acreditar que a vida de quem se envolve com traficante é o paraíso, é o maior erro que a maioria comente. Confiar, se entregar, amar, mas no final, viver uma montanha russa, de dor, poucos momentos de alegria, literal...