Wanessa 🦋
Abri meu olhos, procurei por tudo lugar e jurei que tudo fosse um sonho. Me sentei na cama, igualzinha a minha, a minha casa.
Me levantei desesperada atrás do Hugo e quando sai na sala, vi ele chorando enquanto gritava "mãe" Brenda tentando abraçar ele e o Nilo tentando dar água pra os dois.
Me destruiu em pedaços ver meu filho assim, tentei tocar nele mas foi em vão, me sentei no chão em sua frente olhando pra ele e pra Brenda, sorri sabendo que ela conseguiria muito bem cuidar dele e isso acalmou meu coração.
As horas se passaram com o Hugo ali, ele chorava desde manhãzinha, passou o dia e chorou até cansar, Nilo dava assistência, ou andava só de um lado pro outro preocupado e sem saber o que fazer.
Brenda: Me ajuda a arrumar as coisas dele, a gente não vai ficar aqui.- Falou tremendo e se levantando, Nilo se levantou atrás dela e eu também, indo ao quarto do Hugo.- Eu não tô acreditando que isso aconteceu, eu não tô engolindo isso...
Nilo: Você precisa se acalmar também, senta aí.- Falou preocupado e eu sorri, vendo ela sentar na cama.
Alguém abriu a porta e eu corri vendo a Carol no colo da mãe do nilo, ela dormia como um anjo e atrás, vi o Lele.
Wanessa: Você é real? - Corri pra perto dele tocando no mesmo e sentindo seu toque.
Lele: Acho que real nenhum de nós dois somos.- Fez careta e eu sorri, abraçando ele.
Wanessa: Eu não acredito que você tá aqui comigo.- Falei nervosa.- Eu não acredito que você fez isso. Você poderia fugir, você tinha que fugir pra longe, Leonardo.
Lele: Eu senti que precisava fazer isso, eu já sabia que isso ia acontecer.- Colocou meu cabelo pra trás da orelha.- Era isso que tava escrito a muito tempo. A gente não conseguiu ficar juntos na terra porque a gente tinha que ficar juntos pela resto dos nossos dias aqui no céu.
Wanessa: Então você tá dizendo que olharam pra gente e falaram, vocês vão ter que ficar juntos "até o céu" ? - Brinquei e ele beijou minha testa.
Lele: Até o céu, gatinha.- Sussurrou.
Eu abracei ele sentindo seu corpo ao meu, fechei os olhos deitando em seu peito e olhei pra trás, vi Brenda batendo o pé dizendo que nem o Hugo, nem a Carol iriam ficar sozinhos, que eles iriam ser criados por ela e ela iria honrar os pais deles.
O tempo se passou, anos se passaram e eu nunca consegui ver o Carlos, era como se isso fosse algo bloqueado, não merecia ser tocado ou lembrado.
Os anos voaram quando eu estava com o Lele, a gente fazia literalmente tudo que a gente podia e nada nunca perdia a graça. Vimos nossos filhos crescerem, se tornarem melhores amigos e todos criados pela Brenda, no morro do macaco, vi minha amiga ter sua filha, vi ela ficar junto com o Nilo que nunca, em momento algum abandonou ela. Vimos até o pai do Pedrinho morrendo e ele sendo mais um pra lista da grande família, mais um adotado pela Brenda que tinha seu coração enorme.
Vi meu filho crescer com ódio, vi meu filho tentar matar o Carlos várias vezes, mas eu sempre ficava ao lado dele repetindo "você não é assim, não te criei assim" e sempre via ele desistir, via ele dizer pra si mesmo repetidas vezes que não iria fazer isso por mim, que sentia que eu estava ao seu lado e não queria que eu saísse.
E ele estava certo, Hugo estava totalmente certo.
Nunca sai do seu lado, nunca abandonei ele, nunca deixei ele desamparado. Sempre escutei, aconselhei, vi ele cair, errar, chorar, tentar se matar e inúmeras vezes implorar para me ter ao seu lado, mas ele tinha que saber que eu nunca iria abandonar ele e que se fosse preciso, passaria por mil infernos só para ter o prazer de ver ele se tornar o homem que se tornou.
Eu estava feliz aqui, estava com o homem que eu amava de todo meu coração e que me fazia feliz, que todo dia me arrumava flores, me amava, dizia isso de forma clara e nunca me deixava duvidar isso, eu estava feliz e estava bem, doida pra ver tudo que meu filho iria aprontar e todo orgulho que ele iria me dar, se é que era possível mais ainda...
A minha história foi "simplesmente" assim.
Não foi o conto de fadas com o final feliz, na verdade, pra mim foi feliz. Mas foi algo pra guardar na mente, quem te bate uma, bate duas, três, inúmeras vezes... Por isso. sempre escolha quem te ame, quem te respeite e quem te admire, nunca deixe alguém de dar menos do que você merece.
Minha história não foi sobre uma busca por um homem da minha vida, minha história foi sobre o amor de uma mãe, até onde iria um mãe pelo seu filho e tudo que podemos aguentar por um ser inocente e tão pequeno. Mas a minha história teve dor, teve amor, teve emoção, teve tudo que uma história perfeita pode ter e pra mim, apesar de todos os infernos, eu sempre estivesse no céu, e de quebra, ainda ganhei o amor da minha vida junto comigo aqui e esse foi um dos meus melhores presentes... 🖤
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Fim?A parte 2 já está disponível no meu perfil "Cria do morro"
Agora é a vez do Huguinho contar sua história, sua vida e bem diferente da mãe, do ódio que ele alimentou por anos.
Além de tudo, quero que você saibam que essa história além de muita coisa, foi um lembrete de que todas as meninas que estão lendo, merecem sempre o melhor que qualquer um tenha a oferecer, certo? Nunca abram mão da liberdade e da vida de vocês por nenhum homem.
E, acima de tudo, sobre o amor de uma mãe pelo seu filho, por isso que foi postado exclusivamente hoje!
Feliz dia das mamães (para aquelas que ocupam esse cargo) ❤️espero que tenham gostado e tá aí, mais uma morte pra vocês superarem. 🤡
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Até o céu
Fiksi RemajaJuntos fomos do céu ao inferno, acreditar que a vida de quem se envolve com traficante é o paraíso, é o maior erro que a maioria comente. Confiar, se entregar, amar, mas no final, viver uma montanha russa, de dor, poucos momentos de alegria, literal...