Carlos 💎
Em silêncio, observei a Wanessa imóvel com um porta retrato em mãos, a nossa única foto juntos, de poucos dias felizes juntos.
Era estranho o que eu sentia por ela, não era amor, mas eu acabava descontando toda coisa ruim que eu passava na rua, jogava tudo pra cima dela. E papo reto? Não iria me separar dela nem tão cedo, não quero ficar longe do meu filho e se que ela vai fugir na primeira oportunidade.
Mas quando eu conheci a Wanessa me amarrei, achei uma negona mil grau, as ideias tudo batendo e além de ser linda, mas não vou mentir, acabei indo pela cabeça de muita gente, inclusive minha coroa. Falou que era pra eu casar logo, eu também via os moleques olhando com admiração e respeito pra ela, me emocionei e arrumei laço.
Mas eu sempre tive um pé atrás com ser abandonado, ser deixado por qualquer pessoa me deixava no ódio, então minha maneira de ter controle de tudo era privando ela de tudo e deixando só comigo. Mas no fundo eu sabia que ela não merecia nada disso, mas eu já tinha me acostumado.
Lembro da primeira vez que me estressei e bati nela, mas papo reto, foi por impulso! Porém ver o medo nela, a forma que ela se assustou, me deixou calmo, me fez ver que eu tinha o controle de tudo e isso me acalmava, então desde sempre que eu preciso me sentir no poder, eu acabo usando ela pra isso.
E talvez isso só seja culpa do meu pai, se ele não tivesse me deixado pra morrer num hospital quando eu tinha 10 anos, deixando só minha coroa na responsabilidade de tudo, talvez tivesse sido tudo diferente com ela e até comigo. Mas eu sempre tentava me controlar também, eu não amava a garota, mas não tinha ódio nenhum dela, só precisava dela comigo.
Brenda: Ei, namoral. Cada dia tu consegue aparecer com um cara mais feia.- Falou assim que eu pisei na boca e eu encarei ela que já fumava o primeiro do dia.
Carlos: E tu é bonitona pra caralho fia, vai achando.- Me sentei do lado dela.
Brenda: Todos falam que eu sou, aí vem um ratinho do esgoto querer falar ao contrário? - Debochou.- Como tá meu sobrinho?
Carlos: Tranquilo, foi pra escola. Ia ficar em casa mas a mãe ficou latindo no meu ouvido.- Falei pegando o cigarro e tragando.- Mas acho que vou sair com ele de noite, ele pediu.
Brenda: Deve ser porque ele merece ter um futuro digno, Wanessa certa e Carlos burro como sempre, não surpreende ninguém.- Deu os ombros.- Vou pro meu corre porque além de bonita, eu sou trabalhadora.
Balancei a cabeça observando ela se levantar e pegar a arma, pegou a moto e meteu o pé dali. Brenda era minha irmã do peito, quando eu tava no hospital quase morrendo, ela também tava na mesma. Passava por um câncer mó difícil de curar, mas foi bagulho de deus mesmo, papo reto.
Ela fala sempre que foi destino a gente se encontrar, porque a gente entrou no mesmo dia no hospital e saiu no mesmo dia, e desde então, a gente se adotou. Ela tenta colocar juízo em mim, eu nem tento mais fazer o mesmo com ela, porque a garota tem tudo, menos juízo.
Brenda figueiredo, 25 anos.
@// eai_taina
VOCÊ ESTÁ LENDO
Até o céu
Novela JuvenilJuntos fomos do céu ao inferno, acreditar que a vida de quem se envolve com traficante é o paraíso, é o maior erro que a maioria comente. Confiar, se entregar, amar, mas no final, viver uma montanha russa, de dor, poucos momentos de alegria, literal...