–Amarrem... – Matthew ordenou a um dos seus comparsas.
Alec tentava se libertar, forçando o corpo contra os seus agressores, mas em sua atual situação, isso era praticamente impossível. Ele estava numa cela agora, acompanhado do sorriso maquiavélico de Matthew e a força dos seus dois comparsas armados. O lugar já acumulava anos de descuido e abandono, manifestados nas paredes sujas, as grades enferrujadas e os lençóis comidos por traças.
Por que uma fábrica de montagem teria uma espécie de calabouço?
Talvez a estrutura descende de um antigo presídio, ou quem sabe toda aquela parafernália foi feita a mando de Amy...
O que não é de se duvidar.
–Sabe cara... Não é nada pessoal. – Matthew disse, encarando Alec. – Você é um número cinco, sabe o que isso significa?
Alec o encarou com desprezo.
–Quer dizer que você foi programado para resistir... Brigar e aguentar o tranco. Compreende isso? – Calmamente, Matthew se abaixou, para que pudesse ficar acocorado.
Mais uma vez, Alec não respondeu...
–Você, meu amiguinho, teve uma infância difícil, uma vida muito dura... Mas pode apostar que tudo isso teve um propósito. Nada, absolutamente nada na sua criação foi obra do acaso.
Matthew se calou, enquanto Alec arfava em fúria, preso numa cadeira reclinável de metal, mal se aguentando sobre as pernas enferrujadas.
–Só existe um porém nessa história... – Disse, depois de incontáveis segundos em silêncio. – Números cinco só aprendem de um jeito... Apanhando.
Matthew se levantou com um solavanco, tão rápido, que Alec só teve tempo de sentir o punho cerrado dele se chocando contra o seu rosto. Choques elétricos se distribuíram pelo crânio, como uma gota perturba a superfície da água parada. Ele mal pôde se recuperar do golpe, quando outros três socos lhe acertaram, um após o outro, sacudindo o cérebro violentamente.
–Isso não é bom? – Matthew perguntou, mas Alec estava tonto demais para ouvi-lo. – A dor e a raiva fervendo dentro de você? Toda a vontade que você está sentindo de me matar?
Não importa se estivesse todo arrebentando... Um minuto livre lhe daria a chance de cortar a garganta daquele infeliz.
Mas Alec só ganhou outros socos no rosto e um pontapé nas costelas, que roubaram o ar dos seus pulmões.
–Isso! Luta pra sair! Arrebente essas correntes e vem me pegar! – Matthew ria como um débil. – O que está esperando?
Ele voou pelo ar novamente, atingindo a face esquerda de Alec com um perfeito gancho de direita.
Esse filho da mãe é muito rápido... Droga, ele vai me quebrar inteiro!
–Peguem os brinquedinhos meninas... – Ele sorriu para os outros rapazes. Muito felizes em participar daquela barbárie.
Alec se viu encurralado, enquanto observava seus agressores empunhando correntes e todo o tipo de armas usadas durante uma tortura.
–Já disse amiguinho... – Matthew apontou um taco de beisebol para o rosto de Alec, esticando ainda mais o seu sorriso sádico. – Não é nada pessoal.
O impulso certo, o giro perfeito e a madeira resistente se chocando contra a têmpora do garoto, mergulhando dentro de um poço de agonia e ódio. Alec não pôde conter um grito de dor, enquanto lutava para manter-se consciente e alerta para o que estivesse por vir.
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ARBÍTRIO
FantasíaO mundo já não é mais o mesmo... os anos passaram, o planeta mudou e as pessoas se tornaram menos ativas e livres. Uma realidade de silêncio e censura controla a humanidade agora, não pela elite ou pelo governo, mas sim pelas grandes corporações. Co...