10 - Aliança da Dor

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    Alec olhava o céu escuro por uma abertura, pensando no que tinha acontecido. O cheiro de suor, pólvora e sangue se infiltrou dentro das narinas e se ligou a alma, no interior, na parte mais profunda da memória. Odores do cansaço, da perda e da morte, embalados pelo som dos pneus no asfalto e o motor em plena combustão. Maggie estava sentada ao seu lado, calada e imóvel, suspirando baixo ou resmungando de vez em quando.

   Ninguém ousava dizer uma só palavra...

   Amy cochilava, acordando ocasionalmente, quando o caminhão passava por algum buraco. Ela parecia estar muito cansada, atrás do cabelo bagunçado, do sono irrequieto e da fuligem espalhada pelo rosto. Apesar de toda a catástrofe não ter durado nem duas horas, todos sentiam que a batalha havia se arrastado por muito tempo mais, sugando toda a vitalidade e o ânimo que ainda lhe restam nos ossos. Entretanto, as surpresas daquele dia ainda não tinham acabado...

   E os céus silenciosos de Hack foram atormentados pelo som de tiros novamente.

   –Droga... – Amy acordou, em pleno desespero. – Oliver, o que está acontecendo?

   –Atiradores, – O rapaz que dirigia o veículo respondeu. – estão por todo o canto!

   Alec suspirou...

   E lá vamos nós de novo.

   –Dead Man... – Amy apanhou a sua lança granadas. – Estão atacando... Precisamos resolver isso, antes que acertem os pneus ou matem o Oliver.

   O barulho de centenas de tiros feriam o silêncio, atraindo todos os Snykers dentro da cidade para aquela área. Pelo que a experiência de Alec dizia, os atiradores buscavam a segurança dos prédios altos, de onde poderiam atirar livremente, ocultos em plena luz do dia. A estratégia era muito boa, mas a maioria deles não pôde prever que Amy conseguiria descobrir o endereço do ataque apenas pelo som dos tiros.

   Ela se apoiou na traseira, sem medo de se ferir.

   –Acho melhor vocês protegerem os ouvidos. – Disse, sério demais para alguém discordar ou desobedecer.

   Ouviu-se um estampido, seguido do som agudo de um apito e então, a estabilidade frágil de um edifício corporativo desabou como um castelo de cartas. Embora tenha sido um ótimo golpe, a confusão toda só serviu de combustível para aumentar a intensidade do tiroteio e o volume dos gritos humanos, vindos de todos os lados, flancos ou pontos de ataque possíveis.

   –Estão em todos os lugares. – Amy franziu a testa. – Oliver, saí logo da linha de fogo!

   O caminhão acelerou como pôde, enquanto a lataria se esforçava para conter o ataque e seguir caminho dentre um mar de ruas sinuosas.

   –Como podem estar atacando? – Alguém perguntou. – Estão tão longe da fronteira...

   Amy suspirou.

   –Um carregamento vai chegar de Player One amanhã pela manhã, na zona portuária... Acho que o Desmond está interessado.

   Player One?

   –E o que vamos fazer? – Maggie perguntou, para a surpresa de Alec. – Dependemos dos recursos.

   –Eu sei... – Amy recarregou sua arma. – Não tenho outra escolha, terei de chegar lá primeiro, antes que Dead Man decida atacar e nos arruinar no processo.

   –Vai reunir todo mundo? – Maggie voltou a perguntar.

   –Não... – Riu. – Eu conheço o rato do Desmond... Ele têm um preço... É bem caro, para falar a verdade, mas se eu negociar, consigo evitar uma briga.

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