–Olha por onde anda cabeção... Quer nos matar? – Kat alertou, tentando trazer Ryan de volta ao seu estado mental normal.
Mas ele mal deu ouvidos...
O Morte Súbita "voava" por sobre o asfalto, atingindo latas de lixo no caminho, levantando nuvens de panfletos e espalhando um turbilhão barulhento por onde passava. A adrenalina de explodir uma base inimiga corria vertiginosamente por dentro das artérias e das veias, assim como o calor da combustão fluía dentro do motor daquele veículo.
–Se a gente morrer, não vamos virar ratos de laboratório dos Vespas Kat. – Ryan gritou, pisando fundo no acelerador.
–É... – ela lutava para falar, mas as viradas repentinas estavam dificultando muito as coisas. – Mas eu prefiro matar um monte deles primeiro.
Alec e Ryan começaram a rir.
Eva não parecia ligar muito para a velocidade ou para o seu próprio senso de segurança. Sem se importar com mais nada, ela se sentou sobre a base de uma das janelas, deixando que o vento frio atrapalhasse o seu já bagunçado cabelo, e permitisse que os seus gritos eufóricos alcançassem os pontos mais remotos de Hack.
Tal atitude é perigosa, irresponsável e desaprovada por qualquer pessoa em sã consciência...
Mas a energia era tão contagiante, que Alec sentia vontade de fazer o mesmo... Se não tivesse tanto medo de cair e quebrar todos os seus ossos durante a queda.
Por um momento, Hack, por mais escura que fosse, fervilhava de tanta luminosidade.
Sentado nos bancos de trás, Alec admirava a confusão de fios negros flutuando pelo ar, os olhos semicerrados, o espaço entre os dentes do sorriso e os braços abertos, dançando conforme o vento ditava a música. Ele também admirava a euforia de Ryan, o som da sua voz grave, a risada alta e a insanidade mais lúcida fluindo através dele. Kat reclamava da velocidade e do barulho, mas nem mesmo ela podia conter a sua empolgação em estar alí, naquele momento, contando apenas com a sua rebeldia e o seu senso de autocontrole. Todos os Dead Mans tinham aquelas pessoas como loucas, mas Alec daria tudo para ser como elas, respirar como elas e sentir toda aquela eufórica loucura.
Aquilo era liberdade, no seu estado mais bruto e perigoso possível...
–Temos que fazer isso mais vezes. – Disse Eva, ofegante, enquanto voltava a se acomodar no seu lugar.
–E vamos... – Ryan riu.
–Eu prefiro continuar viva. – Kat reclamou, visivelmente irritada.
Em resposta, guiada apenas pela sua adrenalina, Eva ergueu seus braços para o alto e apoiou a cabeça sobre eles.
–O pior está por vir Katrina... – Disse. – Vamos só aproveitar o momento que ainda temos, antes que tudo dê errado.
Ela apenas negou com a cabeça, não deixando de lado o grande sorriso que se desenhou na sua face.
–Somos loucos demais para você Alec? – Ryan perguntou, ofegante, como Eva.
–Essa foi uma das melhores coisas que eu já fiz na vida... – Respondeu, rindo abertamente.
Um coro de gritos eufóricos acompanhou a sua resposta, fomentando ainda mais o sentimento que crescia enlouquecidamente dentro dele.
–E o que vamos fazer agora? – Ryan perguntou novamente, com o mesmo brilho insano nos olhos.
–Voltar para casa? – Kat propôs, ironicamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ARBÍTRIO
FantasyO mundo já não é mais o mesmo... os anos passaram, o planeta mudou e as pessoas se tornaram menos ativas e livres. Uma realidade de silêncio e censura controla a humanidade agora, não pela elite ou pelo governo, mas sim pelas grandes corporações. Co...