9 - Ninho da Morte

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    Alec respirou profundamente.

   Vai ser a maior barra!

   Seu coração batia descompassado, tentando lidar com a carga de tensão que aquele momento gerava. Fugir de um bando de Snykers era até aceitável, mas correr direto para os dentes deles já é pedir demais. O cheiro de podridão impregnava o ar, assim como o odor imperceptível do medo. Maggie ria de nervoso, empunhando sua HK-MP7, pronta para abrir fogo contra qualquer coisa que se mexesse muito.

   –Rogers, – Amy disse, repentinamente. – Você fica aqui fora, vou chamar você pelo rádio se alguma coisa der errado.

   O tal Rogers assentiu, recrutando outros soldados para acompanhá-lo.

   –O resto, comigo. – Amy deu um sinal com o punho cerrado, apontando para as portas giratórias do shopping.

   Alec se abaixou, em posição de ataque, como já havia feito antes, nas simulações de combate em grupo. O rifle puma ia pela frente, reluzindo à meia luz, acompanhando os outros diversos fuzis e metralhadoras dentro da multidão.

   –Fiquem de olhos bem abertos! – Amy sussurrou, enquanto passava pela entrada.

   O grupo, penetrou o monumento com cautela, tão sérios e frios, que Alec estranhou o fato de Maggie estar calada. Não havia nada para olhar, além de escadas rolantes que não funcionavam, lojas em estado deplorável, papéis e restos jogados por toda parte. Tudo se misturando aos cacos de vidro que despencaram da clarabóia e se despedaçaram ao encontrar o chão. A náusea atormentava os sentidos do garoto, devido a falta de uma refeição adequada e o cheiro inebriante de putrefação, se intensificando cada vez mais.

   Não se ouvia nada, à não ser o rangido do vento entrando pelo teto cheio de buracos imensos.

   Amy se desviou de um outdoor desbotado, transpôs o salão inteiro e se deparou com uma colossal cratera, aberta sobre o piso de porcelanato, de onde o odor da morte vinha. A parca luz só permitia que um pequeno trecho do interior fosse visto, o que não passava de terra nua e tubulações quebradas, inundando os andares inferiores, pouco a pouco.

   –É um túnel. – Amy diz, depois de analisar a cratera. – Isso é só uma saída de emergência... Existem muitas espalhadas por aí, caso elas precisem fugir.

   Com um salto, a líder se lançou para dentro, sem medo do que poderia estar lá embaixo. Fato que obrigou todo mundo a pular também, já que o local parecia seguro. Talvez seja isso que faz de Amy a líder, o instinto que ela têm de tomar a iniciativa sempre. Ou quem sabe este seja um dos pré-requisitos para ser um bom líder.

  Alec saltou, com uma certa dificuldade, pois não gostava nada de se atirar para dentro de buracos escuros. Surpreso, ele calculou que o túnel tivesse cerca de três metros de diâmetro, e talvez quilômetros de extensão, para todos os lados. O terreno era irregular, cavado no meio de um veio de argila e outros sedimentos, se desviando das pedras maciças. O teto parecia ser muito instável, de modo que a missão poderia chegar ao fim graças a um desabamento catastrófico.

   –Liguem suas lanternas... – Amy recomendou. – Os filhotes devem estar no cúpula central. E pelo cheiro, acho que estamos bem perto.

   Maggie passou um pequeno objeto à Alec, pedindo que ele o prendesse na camiseta e fizesse o possível para não perder. Depois de estranhar aquela recomendação, Alec avaliou o objeto e percebeu que se tratava de uma pequena lanterna, arrancada de um capacete de mineiro. Ele agradeceu com um aceno, mas por mais que tentasse, não conseguia reprimir o terror que sentia em ter que se arrastar no escuro.

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