Carmen y Isabel - Livro II

Tempo

Oii Pessoal, aqui é a Júlia!! Voltei com o capitulo de Carmen... 

Um dica ouçam a musica Oração ao Tempo:

https://www.youtube.com/watch?v=jHTcEj_Am2E

"Tempo, tempo, tempo entro em acordo contigo."

No final do capitulo irão entender...

Bjos

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Carmen

Ouvir Santiago falando daquela maneira muito me chateou. Passei dias trancada no quarto, se saia, passava longas horas no orquidário evitando contatos com ele da melhor maneira possível e sua ausência nas refeições me dizia que ele também preferia manter distância.

Eu, além de decepcionada, sentia uma vergonha imensa do meu irmão. Não era daquela maneira que queria contar à ele sobre a minha antiga vida, na realidade, nem sei se queria. Mas ouvir aquelas palavras cruéis, tocaram uma parte de mim que doía. E eu simplesmente não pude evitar.

Depois de uma semana, acabei cruzando com ele na cozinha quando fui deixar Carlitos com a mãe.

- Hermana... - Me chamou sem jeito.

- Sim, Santiago? - Respondi um tanto distante.

- ¿Podemos hablar? - Respirei fundo e pensei em dar alguma desculpa, mas eu achava que essa conversa era mesmo necessária. Por fim, concordei e o chamei para sentar na varanda comigo. - Onde está Isabel?

- Teu português está melhorando... - Disse sorrindo. - Ainda nas plantações. - Respondi a pergunta.

- Ah, gracias... obrigado, hermana! - Sorri mais e Santiago segurou minhas mãos com carinho. - Me perdonas...

- Santiago, yo...

- No, escúchame, por favor. - Concordei levemente sem olhar em seus olhos. - Eu... yo errei, hermana. Y ni siquiera sé cómo me redimir... Contigo e, principalmente com las mujeres da capital. - Passou a mão pelos cabelos nervoso. - Eu no quiero ser o monstro que nuestro padre era, Carmen.

- Mas pareceu, Santiago. - Soltei suas mãos e cruzei os braços brava. - Pareceu aquele hombre quando falou daquela maneira.

- Yo sé, Carmen... y nunca más repetiré isso. Te prometo!

- Duele, hermano. - Ele me olhou confuso. - Duele ser tratada así, como um objeto... ni todas las mujeres que estão nos bordéis estão lá porque querem e esse tipo de atitude fere, abusa, dói. - Falei sinceramente. - No solo o cuerpo, pero la alma también.

- Usted já passou por isso, Hermana? - Perguntou aflito. - Imagino que não queria aquela vida...

- Está enganado. - Respondi séria. - Eu escolhi a vida de cortesã e por esse motivo as coisas eram... não eram tão ruins.

- Usted escolheu? - Perguntou incrédulo. - Mesmo depois de todo lo que pasó?

- Sí... - Suspirei e levantei para admirar o jardim. - Hoje não consigo siquiera pensar nisso más. Pero antes, yo no sé... eu acho que transformei a minha dor e as lembranças ruins em força ou talvez eu passei vinte anos da minha vida me punindo. - Enxuguei uma lágrima teimosa. - Creí que había nacido para aquilo... já que era a única coisa que conheci em toda a minha vida.