Fazenda Águas Claras, junho de 1871.
Isabel
- Baronesa ainda não temos notícias, sinto muito! - Estava no escritório reunida com cinco empregados da fazenda que enviei para a capital atrás de Carmen.
Bati na mesa, mas não estava com raiva deles.
- A Madame parece que foi engolida pela terra, senhora! - Um deles disse me deixando com um calafrio na espinha.
Suspirei.
- Agradeço a todos pela ajuda. Podem se retirar! - Todos saíram em seguida e fiquei sozinha no escritório.
Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse a ela.
"A Madame parece que foi engolida pela terra, senhora!"
Fechei os olhos e tentei a todo custo expulsar aqueles pensamentos da minha cabeça.
Era sempre a mesma coisa.
Carmen morta. Um túmulo. Eu chorando ajoelhada em frente a lápide.
Depois do primeiro sonho que tive com ela, passei a ter vários pesadelos envolvendo minha mulher e sua possível morte. Porém nesses últimos ela não se despedia, eu já tinha perdido Carmen definitivamente.
Enxuguei algumas lágrimas e abri a gaveta onde estavam suas cartas. Reli tantas vezes cada uma delas que já sei de cor cada palavra escrita naqueles papéis.
Se algo acontecesse a Carmen, a culpa seria minha. Eu deixei meu orgulho falar mais alto e não vi o que estava na minha cara ou melhor não li o que ela escreveu durante aqueles meses.
Beijei um dos papéis e o levei junto ao coração.
- Me perdoe, querida. - Chorei.
Passava meus momentos sozinha chorando por ela e quando estava acompanhada de Héloïse e Lucília tentava aparentar felicidade.
Marta eu nunca enganei. Era a única que percebia o meu sofrimento desde o início ou, pelo menos, era o que achava até aquela tarde.
Escutei batidas na porta e enxuguei as lágrimas.
- Entre! - Fechei a gaveta com as cartas e fingir estar lendo algum livro.
- Isabel... - Era Lucília na porta e me olhava preocupada.
- Está tudo bem? - Tirei os olhos do livro e encarei a mulher que estava em frente a mesa.
Ela demorou alguns segundos para me responder.
- Acho que sou eu que devo fazer essa pergunta para ti... - Abaixei os olhos. Lucília me conhecia mais que o suficiente e naquele momento eu estava desarmada, ela facilmente me descobriria. - Olhe para mim, Isabel! - Disse um pouco alto, mas não de forma agressiva.
Relutei em encará-la, mas por fim o fiz.
- Faz semanas que vejo esses homens saírem desse escritório e tu sempre acabas assim, com essa cara desolada. O que está acontecendo, Isabel? A fazenda está com problemas? - Disse aflita.
Levei as duas mãos a cabeça impaciente.
- Está tudo bem com a fazenda, Lucília... Não te preocupes!
Ela chegou mais perto da mesa.
- Então por que anda triste? Achas mesmo que me enganas com teus sorrisos forçados, já te disse mais de uma vez que te conheço, menina! - Falou séria.
Me levantei um pouco irritada.
- Me deixe sozinha, Lucília!
- Pois não saio daqui até que me conte a verdade! - Ela parou na minha frente.
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Carmen y Isabel - Livro II
RomanceIsabel e Carmen jamais imaginariam que suas vidas mudariam completamente depois daquela noite em que o destino de ambas se cruzaram próximo ao bar, na Pensão de Luxo de Madame Margot. A Baronesa de Vassouras e Madame Carmen sem perceber, se viram pe...