Instinto Materno

1.2K 113 60
                                    

Voltamos!!
Desculpa a demora, galerinha 😁
Obs.: Tem uma surpresa lá no final do capítulo. 🥰

Comentem!

***

Carmen

Depois de tudo que aconteceu com o Coronel Antônio, eu senti as minhas energias serem sugadas por aquela escuridão toda que me assombrou por meses. E senti medo. Muito medo!

Mas com o passar do tempo eu sentia minha alegria retornar, como foi anos atrás e, novamente, meu filho e o meu grande amor estavam sendo a minha salvação.

Decidimos junto com nossos novos amigos que estava na hora deles irem para o quilombo, já fazia tempos que os dois estavam em nossa casa e Gabriel ficava cada dia mais aflito longe da família. Já a estada de Assis na fazenda deu um resultado melhor do que ele esperava quando chegou aqui: um lindo amor entre ele e Joana e ela e o filho resolveram seguir o coração e se juntar ao amado.

Eu e Isabel, apesar de surpresas, ficamos muito felizes pelos dois, eram grandes amigos e eu sempre seria eternamente grata a Joana por tudo que fez ao meu filho. 

Estávamos na estrada há algumas horas. Eu fui com meu cavalo, apesar da inexperiência para longas distâncias. Fazia pouco tempo que eu havia aprendido a cavalgar, mas Joana e Luquinhas dividiam o lombo do cavalo com Gabriel. Pedro nos guiava mais a frente. 

Já estava anoitecendo e diversas possibilidades medonhas passavam por minha cabeça. Desde as lendas mais terríveis que os escravos contavam sobre as matas, até a péssima sensação de estar exposta. Esse não era o meu lugar, o mais próximo de mata que eu havia chego eram as estradas até a fazenda e quase me arrependi de não ter ficado com meu filho em casa.

-Cuidado! - Pedro disse baixinho e eu e Joana nos olhamos aflita.

- Que pasó, Pedro? - Sussurrei, mas ele levantou a mão para nos calarmos e desceu do cavalo devagar, Gabriel o seguiu.

Gelei e saquei a arma que Isabel me deu, eu tremia muito e Joana agarrou o bebê, olhei para ela tentando passar uma confiança que nem eu sentia naquele momento. Sair correndo pela mata fechada seria um desafio que eu não me sentia preparada.

Ouvimos um rosnado alto e eu senti que ia chorar. Os homens sacaram a espingarda e eu o revolver. Joana segurou o bebê e eles me olharam preocupados, Pedro balançou a cabeça com um olhar sério para mim e ordenou em silêncio para que Gabriel cuidasse de Joana e a criança.

Eu não sei se eu parecia confiante com aquela arma, se ele acreditava que eu fosse forte como Isabel ou se ele só não tinha outra opção naquele momento, mas eu concordei e novamente o rosnado foi alto e parecia mais próximo.

Fechei os olhos com força para não gritar e respirei curto. Olhei para Pedro apavorada e ele balançou a cabeça em direção às árvores.

Virei devagar para onde ele apontava e senti meu sangue gelar. Ali, olhando para nós, havia uma onça imensa, podia ser o medo ou a preocupação, mas eu tinha a péssima impressão de que ela olhava para mim profundamente, em meus olhos e era quase hipnotizante.

Pedro apontou a espingarda para o animal, mas eu levantei a mão.

-No! - Pedi.

Eu tinha apreço pelos animais, até os que me davam medo e, enquanto ela apenas rosnava, não havia razões para machucá-la.

A onça deu mais uma olhada para nós e seguiu o seu caminho.

Pedro sorriu para mim e guardou a arma. Quando me dei conta do que havia acontecido, todo aquele medo voltou à tona e eu senti meu corpo adormecer, imaginei que desmaiaria e tive certeza assim que meus sentidos enfraqueceram. Toda vez que eu ficava nervosa demais, isso acontecia. Podia ter sido diferente pelo menos uma vez na vida, mas é lógico que não foi...

Carmen y Isabel - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora