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Carmen

- DÓI MUITO! - Sofia apertou minha mão tão forte que gemi baixinho. - Eu não quero mais isso! - Disse tentando levantar quando a contração aliviou. - NÃO QUERO MAIS!

- Sofia... - Pedi deitando-a na cama novamente.

- Não, eu não quero! Chega! - Segurou minha mão chorando. - Eu estou com medo. Dói muito!

- Eu sei, Cariño. - Disse sentando ao seu lado e acariciando seus cabelos. - Mas esse bebê precisa nascer. - Sorri emocionada.

- Mas está doendo! - Chorou me abraçando. - Eu não quer... - Outro grito alto e eu ri discretamente.

- Sofia, usted vai matar Santiago de preocupação! - Sequei o suor de seu rosto delicadamente.

- Menina Sofia... - Marta levantou de seu banquinho e limpou as mãos com um sorriso doce. - A senhora precisa ajudar esse bebê a vir ao mundo. - Acariciou sua barriga com ternura. - Falta pouco, mas ele precisa da mãe.

- Eu não quero mais sentir dor... - Disse chorosa.

- Falta pouco ahora... - Sorri, olhando-a da ponta da cama, onde Marta deixava seu banquinho, o bebê já estava quase ali.

Sentei novamente ao seu lado e ela gritou alto mais uma vez. Ouvindo as orientações de Marta, Sofia apertou minha mão e levantou o tronco levemente com a força que fazia. A senhora me olhou sorrindo largo e eu senti as minhas bochechas molharem com lágrimas de emoção.

Sofia deitou exausta e eu corri para a ponta da cama novamente, a tempo de ver a menininha abrindo as mãos e a pequena biquinha lentamente. Ela não chorou de imediato, apenas se esticou e resmungou. Olhei preocupada para Marta, mas seu sorriso doce me dava a certeza de que tudo estava bem e, segundos depois, um lindo biquinho de choro apareceu e seu grito invadiu o quarto.

Deus do céu, ela era linda! Marta cortou o cordão e me alcançou a bebê, eu chorava como uma criança de emoção e a entreguei nos braços de Sofia assim que Giovanna me alcançou sua mantinha bordada em amarelo claro. Presente dos italianos.

-¡Es una niña hermosa como usted! - Disse acariciando o rostinho cansado de Sofia e enxugando uma lágrima que molhava sua bochecha avermelhada.

- Oi, filha! - Sofia sorriu iluminada e deitou sua cabeça em meu carinho. - Obrigada! - Me olhou amorosa e eu beijei sua testa. - Essa sua titia chorona aguentou todos os gritos da mamãe, filha.

- Hola, bebezinho... - Limpei sua testinha com a toalha umedecida e deixei um beijo demorado ali. - Que os Orixás te abençoem hoy y siempre! - Sussurrei baixinho apenas para a criança. - Já escolheram um nombre para ela?

- Eu pensei em um, mas quero compartilhar contigo. - Sofia disse sorrindo e eu olhei-a curiosa. - Margot. - Sorriu mais acariciando sua pequena bochecha.

- Dios mío, niña! Así usted me mata! - Disse com a voz embargada e me rendendo ao choro de novo.

- É uma homenagem à ela... - Se ajeitou melhor na cama quando Margot resmungou. - E a ti também.

- Gracias... - Disse escorando minha testa amorosamente na sua. - Margot, onde quer que esteja, está tão feliz e emocionada quanto eu.

- Eu te amo, Carmen. - Deitou em meu ombro. - Não sei se conseguiria sem ti e Marta aqui. - Olhou doce para a senhora e ela sorriu gentil e amável como sempre.

- También te amo, Cariño! As duas! - Sorri para ela. - Acho que está na hora dessa niña conhecer a su papá, no é? - Deixei novamente um beijo nas duas e levantei.

Santiago entrou como um furacão no quarto e olhou emocionado e apaixonado para a filha. Senti falta de Rafael bebezinho assim e meu peito doeu de saudades dele.

Carmen y Isabel - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora