Celebração

3.4K 154 161
                                    


Isabel

Os mais velhos sempre costumam dizer como o tempo é ligeiro e que em um piscar de olhos os filhos crescem. Hoje eu vejo isso de perto, olhando cada evolução do meu filho. Rafael já era um bebê de quase três anos. Estava começando a dar seus primeiros passos, um pouco tarde, comparada a crianças de sua idade, mas que para ele era uma grande vitória.

Ele já não era mais a única criança da casa. Ana e Pedro tiveram seu filho um ano depois que Rafael nasceu. Era uma criança adorável. Carlos era o nome do pequeno e Carmen o chamava carinhosamente de Carlitos. Minha mulher se apegou tanto ao menino, que passava grande parte do dia agarrada a Carlos e Rafael.

Os dois estavam crescendo juntos, como irmãos. Graças ao pequeno, meu filho se desenvolveu ainda mais. Carlos engatinhava e incentiva Rafael a fazer o mesmo. Quando começou a dar seus primeiros passos, meu pequeno queria de qualquer forma imitá-lo. Muitos tombos depois, ele foi criando coragem e agora já caminhava sozinho.

- Rafael, não suba na cadeira! - Escutei a voz de Carmen. Estava na varanda, tinha acabado de chegar da Vila de Vassouras. Ele ria alto e continuava a fazer sua arte sem dar ouvidos à mãe.

Encostei no batente da porta e sorri admirando os dois.

Carmen estava sentada no sofá e se levantou correndo até Rafael.

- ¡Mamá no te ha dicho que no te subas a la silla, hijo! - Ele continuou rindo e se esforçou mais para subir na cadeira.

Ela chegou no exato momento que ele estava escorregando.

- Ninõ llevado... - Ela o pegou no colo e beijou suas bochechas gordas.

- O que está aprontando, Rafael? - Carman se virou na minha direção e Rafael sorriu largo.

- Mama! - Disse rindo e estendendo os braços em minha direção.

- Ainda bem que ha llegado. - Disse me entregando Rafael. - Seu hijo está especialmente llevado hoy! - Deixei um beijo demorado em seus lábios, enquanto o pequeno puxava meu chapéu.

- Quer um chapéu também? Mamãe mandará fazer um para ti! - Beijei sua testa e ele sorriu. - O que ele aprontou hoje? - Ela me puxou pela mão até o sofá e sentou ao meu lado.

- Alguns tombos, travessuras... Mas está cada dia mais esperto! - Disse orgulhosa.

Carlos brincava sentado no tapete da sala com os brinquedos à sua volta.

- Olá, Carlinhos! - Passei a mão pelos seus cabelos e ele sorriu tímido.

- Carlitos é tão quietinho, fica o tempo todo entretido com os brinquedos... Já Rafael... - Olhou para nosso filho que ao ouvi-la falar seu nome a encarou. - Estoy mesmo falando de ti, niño. - Ele riu. - Por que usted não pode ser quietinho assim como seu amiguinho? Mamá gostaria de ficar um minuto quietinha sem precisar gritar. - Rimos e deixei Rafael ao lado do amigo.

Ele puxou seu cavalo de madeira da mão de Carlos que choramingou um pouco.

- Rafael! - Carmen disse pegando a outra criança no colo. - No chore... - Abraçou o pequeno que se acalmou. Rafael assim que viu a mãe com o outro bebê, resmungou um pouco. - Usted nem estava ligando para os brinquedos, não pode ser egoísta dessa forma, hijo. - Nosso filho continuou a resmungar de mau humor. Ela se abaixou e sentou no chão com Carlos em seu colo. Rafael se levantou e sentou na outra perna da mãe. Ele puxou o rosto da mãe e deixou um beijo em sua bochecha, como se quisesse dizer a Carlos que a mãe era dele.

- Pelo jeito o Barãozinho será ciumento! - Ela disse rindo e o puxando para si. Deixou um beijo na testa dos dois meninos. Meu coração se aqueceu com aquela cena. Carmen era uma ótima mãe e diferente do que qualquer um podia imaginar, tinha muito jeito com crianças.

Carmen y Isabel - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora