Ligações

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 Nós híbridos tínhamos uma linhagem de longevidade praticamente imortal. Nossos genes eram fortes. Praticamente não envelhecíamos depois de chegar à idade adulta. Nosso controle de natalidade era muito rígido. Os casais somente poderiam engravidar mediante autorização real e de uma cerimônia dirigida à Deusa Suprema Lupulis pedindo tal graça; e isso somente acontecia quando perdíamos algum membro de nosso povo, o que geralmente não acontecia por morte natural.

As conexões podiam ocorrer a qualquer altura da vida e cada pessoa possuía apenas um companheiro ou companheira destinado para si. A única exceção era o meu caso, mas para isso havia uma profecia que previa tal acontecimento.

Minhas conexões, diferente de meus pais, ocorreram muito cedo. Fiquei órfã aos dezessete anos e tive que assumir o reino e combater a ameaça que matou meus pais, assim como tive de enfrentar também meus próprios membros da corte, que pretendiam dar um golpe de estado, sob o argumento de eu ser muito jovem. Entretanto eles não contavam que meus pais haviam me treinado para reinar e como agir com aqueles abutres desde que nasci. Havia nascido para comandar uma nação com pulso de ferro, honestidade, mas acima de qualquer coisa, bondade e senso de justiça.

Desde cedo contei com a ajuda de meus fiéis amigos John e Perry, irmãos gêmeos, filhos dos melhores amigos de meus pais. John era o chefe de minha segurança e estava incumbido não só de fazer minha proteção pessoal e a das minhas companheiras, mas também da mansão onde vivíamos, e das nossas outras propriedades e empresas. Perry era o encarregado do nosso exército, treinando e orientando nossas tropas, analisando estratégias de guerra tanto para defesa, quanto para contra-ataque. Eles eram meus fiéis escudeiros.

Aos vinte e um anos tive minhas duas primeiras conexões. A primeira com Marina e seis meses depois com Christin. Com vinte e dois me conectei a Ruby e aos vinte e três vieram Melissa e July. Aisha eu conheci aos vinte e quatro e por puro acaso do destino, encontrei Emma quando eu tinha recém feito vinte e seis anos. Agora, com vinte e sete anos, eu tinha meu clã completo e não demoraria a fazer o ritual da lua de sangue e finalmente poderia tornar minhas conexões e a existência das minhas companheiras um fato público, o que vinhamos mantendo em sigilo em razão da iminente ameaça de guerra que sofríamos de um rei de um país vizinho que há anos tentava usurpar meu trono e saquear meu povo, como havia feito com o dele próprio.

Meus pais, ao contrário de mim, tiveram sua única conexão bem mais tarde do que eu. Meu pai tinha oitenta anos e minha mãe sessenta e três. Vinte anos depois de casados decidiram que queriam um herdeiro e um ano depois eu nascia, uma híbrida intersexual, o que já era um prenúncio de que a profecia era destinada a mim. Nosso tempo juntos foi muito pouco, mas eu jamais esqueceria o amor e os ensinamentos que me deram. Proteger ao povo e à família sempre em primeiro lugar.

Cada conexão foi formalizada com um ritual de amor, para apresentar à Deusa Suprema Lupulis minha nova companheira. Esse ritual era realizado em um altar exclusivo para isso, em meio à floresta de uma de nossas propriedades reais. O local era organizado e decorado todo de branco, como exigiam nossas crenças. Eu e minhas companheiras conduzíamos a nova princesa até o local, onde num horário específico fazíamos uma cerimônia e a formalizávamos com a consumação da união no altar preparado para isso.

Apesar de eu e minhas princesas termos a ligação consumada diante da Deusa, faríamos o ritual da lua de sangue, dali a duas semanas, para torná-las definitivamente minhas Ômegas. Havia décadas que esse fenômeno não ocorria. A cerimônia fortalecerá ainda mais nossa união e despertará nossos poderes adormecidos, além de torná-las minhas Ômegas Supremas, já que eu era a Alfa dos Alfas. E com isso nos tornaremos as salvadoras que a profecia nomeou, sempre buscando pela justiça e protegendo os fracos das opressões de governantes mal intencionados, como o rei Lucius era.

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