Se o tempo parar.

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Eu podia desenvolver um problema respiratório ali mesmo, talvez até um ataque cardíaco ou morrer de ansiedade. Já fazia horas que estávamos naquela merda de jatinho, sob esse imenso céu que nos impede de ver o além e até agora nenhum sinal de onde vamos ficar. No entanto o lugar tem que ser muito foda, pois a grande quantia que ele retirou do Banco não foi brincadeira, era dinheiro de não me deixa pobre duas vezes na vida.

Olhei Jin deitado em dois bancos com um casaco sobre si. Ele tinha o rostinho angelical e suspirava, pois sabia que nada podia acontecer com ele. Sinto falta disso. Falta de não temer as coisas, enfrentar tudo como um "bom-pirata" afinal eles nunca se rendem.

Argh! Quanto mais eu ando por essas terras, mais encontro ouro. — Saltei de um sofá para o outro animado com a brincadeira.

Jeongguk, suma daqui. Tenho coisas a fazer agora. — A voz de papai soou em meus ouvidos me assustado. Ele não devia estar aqui, pelo menos foi o que mamãe disse. — Anda, Jeongguk. — Me deu uma palmada na bunda me fazendo despertar. Nossos olhos se encontraram, os meus estavam marejados e assustados, e acredito que aquilo tenha sido o bastante para tocá-lo, pois ele me segurou pelo braço e me sentou no sofá. — Vamos fazer o seguinte, quando eu terminar de trabalhar podemos sair e fazer alguma coisa, o que me diz?

Eu nunca, em toda minha vida, tinha ouvido uma proposta tão tentadora e animadora como aquela. Meu coração se encheu de felicidade no mesmo instante, então passei a concordar com a cabeça várias vezes até mesmo notar um pequeno sorriso, tímido e de canto em seus lábios.

— Tudo certo, Sr. — Ming entrou na sala.

— Tudo bem, vá JK. — Papai sempre me tratava de forma adulta quando tinha alguém por perto. Entregou-me a espada do pirata e então parti animado, pensando onde eu iria com ele, afinal momentos como aqueles eram raros.

°°°

— Podemos assistir depois? — Jin perguntou com um biquinho. Era… bonitinho ver que sempre que ele falava algo seus lábios se transformavam num biquinho. Cassy olhou pra ele e concordou com a cabeça.

— Mas só depois que comer tudinho. Quero todos esses legumes dentro da sua barriguinha. — Ela fez cócegas nele que logo caiu na gargalhada. Aquela poderia ser minha família… quer dizer, se eu fosse um cara normal. — Certo, coma tudo. Quando eu voltar quero seu prato limpinho.

E veio até mim. Seus lábios estavam numa linha reta, como se fosse um sorriso mesmo. Ela cruzou os braços e juntou-se a mim, apenas olhando o menor de longe, que devorava os legumes enquanto folheava um livrinho sobre alguma coisa que não prestei bem atenção. Então, ficamos em silêncio, pelo menos por um tempo. Apenas admirando ele e sua inocência, ele não conseguia desgrudar os olhos do livro, cantarolava alguma coisa e em nenhum momento olhou para nós. Ele parecia ser tão independente.

Me pergunto se Kristen o criou como eu fui criado. Ele é tão pequeno, mas já mostra tanto desenvolvimento sozinho, ele é tão inocente que ela não deveria fazer isso!

— Acha que ela cria ele como se fosse um homem? — Questionei. Embora aquela pergunta tenha saído errada demais, eu não consegui formular nada melhor. — Quero dizer, veja… ele parece ser tão independente, está comendo sozinho, lendo e cantando…

Meu ( não) amado marido - JeonggukOnde histórias criam vida. Descubra agora