Entre inimigos.

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Quando chegamos a Itália nosso time de segurança definitivamente deu um crescida. Estar beirando a zona de conforto das maiores famílias italianas era como estar pedindo para morrer, e eu sabia exatamente disso quando Frank mandou-me nosso próximo destino. Lembro que reli diversas vezes antes de xingar aquele velho mentalmente umas duzentas vezes.

Puto fodido, não estava ligando para nada. Dinheiro era apenas o seu foco, ser rico, estar em cima de todos, mesmo que para isso colocasse sua filha num casamento de merda e a jogasse com um cara que nem o próprio conhece. Quando olho naqueles brilhantes olhos de Cassy, sinto falta de amor. Quero-a proteger de tudo e guiá-la num caminho menos pior.

Confesso que estar dois meses com ele me fez repensar sobre muitas coisas, coisas que nunca haviam me passado na mente. Ela é chata, me enche de perguntas, me provoca e me faz companhia. Nunca pensei que estaria com alguém convivendo por obrigação e acabaria criando algum tipo de ternura. Sempre demonstrei meus sentimentos das piores formas possíveis, ser rude não é um personagem, é algo que infelizmente já criou raízes em mim.

Contudo, minha vida não é tão fácil quanto parece. Não é apenas ter grana, carros e mulheres, a profissão em si — Se é que posso chamar isso de profissão — não me trás nenhum tipo de mérito ou orgulho para minha mãe, trabalhar com crime organizado foi a coisa mais difícil que precisei fazer.

Não entrei por falta de condições ou algo do tipo, entrei porque já era um lance da família. Toda a riqueza dos Jeon's vem simplesmente disso, o narcotráfico, e afins. Meu pai era um dos grandes homens asiáticos deste ramo, então aprendi desde cedo a nunca fraquejar, a brutalidade do meu pai foi passada para mim, eu fui aprendendo como me importar diante dessa minha realidade, até que sou obrigado a ver meu pai morto na varanda de seu quarto.

No chão mesmo com uma bala perfurada em seu coração ele olhava em meus olhos com tanta frieza, suas mãos gélidas apertava-me enquanto ele proferia seus últimos desejos. — Seja tão melhor quanto eu fui Jeongguk! Honre a oportunidade de ser meu único filho… você herdou isso tudo, não me envergonhe.

Enquanto a terra úmida era jogada em cima do caixão, minha mãe olhou-me com firmeza. O mesmo olhar do meu pai para comigo, entretanto esse era um olhar de vingança: "Vingue-se pelo seu pai, supere-o!"

Tomei aquilo para mim, fazendo daquilo meu foco, minha possessividade. Pois para mim meu pai sempre foi o melhor, e ser como ele era quase que impossível. Hoje em dia, as coisas que fiz para chegar onde ele chegou eu vejo o quão vazio Jeon Jung poderia ser. Hoje ele não é meu herói, hoje ele é apenas meu pai.

— Chefe? — Saí de meus pensamentos quando ouço a voz de um dos meus seguranças. A caminho de uma negociação, eu estava com os pensamentos em outra era da minha vida. Não sabia e nem havia pensado numa maneira para empurrar a merda da mercadoria no rabo daquele Pietro. Homem insuportável, que nunca se deixa persuadir. — Estamos chegando, devo parar na frente ou a alguns quilômetros antes?

— Não precisamos nos esconder desses ratos malditos. — Foi apenas a única coisa que sou capaz de fazer, o pneu cantou com a aceleração do motor e em pouco tempo estávamos em frente ao galpão velho no meio do mato de Pietro steban, um contrabandista da Itália, sócio de várias famílias importantes daqui. — Argh!

Reclamei após sair do carro e me deparar com aquela merda velha, acabada, que Mário chamava de Galpão para reuniões com homens de importância.

— Precisamos entrar? — Questionou o segurança novamente. Meu olhar feio passou por ela como se eu dissesse que não precisava. Passei por eles indo aos seguranças que estavam com armas em frente. — Tenho uma reunião com Pietro Esteban, Jeongguk. — Automaticamente liberar minha entrada.

Meu ( não) amado marido - JeonggukOnde histórias criam vida. Descubra agora