Meu ( não) amado marido - Jeongguk

Fênix.

O sorriso que você me deu
Mesmo quando você sentiu vontade de morrer. 
Nós desmoronamos enquanto escurece
Estou em seus braços no Central Park
Não há nada que você possa fazer ou dizer
Eu não posso evitar, eu te amo
Eu não quero. — BILLIE ELISH [ I LOVE YOU]

Três anos depois. 
Nova York, 2:40 PM
Cassandra Jeon 

Analisei meu celular enquanto dava leves garfadas na minha salada, sinceramente o aparelho na minha mão era mais interessante que a minha primeira refeição do dia. Exatamente, andei pulando o café da manhã por alguns dias esta semana. A gula não anda sendo minha amiga, pelo menos não como eu gostaria. Os tabloides de fofoca eram meu entretenimento na hora do almoço. 

As coisas tinham mudado. Se uma maneira tão surreal que às vezes me questiono se tudo aquilo realmente aconteceu, então eu pisco algumas vezes e sei que é tudo real. Sinceramente eu evito a todo custo entrar nesse assunto, é massacrante demais voltar ao passado. Então eu apenas sigo a minha vida, com uma refeição e meia e um site de fofoca em mãos pronto para sanar minhas curiosidades. 

— Estou atrasada? — A presença da minha mãe eu apenas noto quando ela fala. Tirei a atenção do celular e sorri para ela. Era tão bom ver a minha mãe, ver novamente seus olhos castanhos e seu sorriso. — Por Deus, Cassie! Seu almoço será apenas uma salada? E que por sinal… está mal comida. — Me repreendeu e eu dou de ombros. Eu amava aquilo, era até mesmo poucas as vezes que eu reclamava da sua super proteção. Quando tudo se resolveu e reencontramos em Massachusetts, eu senti que a minha vida estava voltando a fazer sentido. Reunimos o pouco que tínhamos e resolvemos morar em Nova York, um pouco longe daquilo que chamávamos de casa. 

Ming depositou na minha conta bancária um valor significativo para nos reerguermos. Eu fiz faculdade como sempre quis, ou melhor ainda estou fazendo. Depois que tudo aconteceu na minha vida eu entendi que eu precisava de respostas, procurar as raízes daquilo. Então resolvi fazer psicologia. O curso é bom, e eu já estou prestes a finalizar. Também sinto que a minha vida está nos eixos, eu nunca estive tão bem. 

— Estou sem fome, mãe. — Falo largando o celular na mesa e lhe dando atenção. 

— Eu vou comprar algumas vítimas para você. Aumentar seu apetite, ou… — Mamãe para imediatamente quando eu a encaro um pouco séria demais. — Tudo bem, não vou tocar mais nesse assunto. Mas… por favor, faça um esforço. 

— Está bem, mãe. — Suspiro. Mas nem tudo estava perfeitamente trilhado, existiam muitas coisas das quais ainda me perturba. Após meu reencontro com a minha mãe, precisei lhe explicar tudo o que havia acontecido, desde o início até os fins. Mamãe não se lembrava de nada, muito menos de mim. Então aos poucos eu precisei entrar naquela história novamente, sempre era massacrante relembrar e lhe contar, ver a dor em seus olhos e o quão fragilizada ela ficava. 

Eu nunca vi mamãe sofrer tanto quando soube da morte da sua caçula, ela chorava alto e tinha dor. Ela se culpava, batia no peito e balbuciava coisas horríveis para Frank. Mamãe não se conformou, ela relembra sempre que nunca o perdoaria e não sabe como teve sangue frio para acabar com ele. — Sinceramente, na hora eu não estava em mim. Alguma vibração havia me dominado, eu não me sentia eu mesma. Porque o ódio tinha tomado controle. — Ela também nunca me julgou pelo o que fiz. Eliza e Nicolas ainda não foram encontrados, e por mais que eu quisesse muito nos não tínhamos poder para fazer nada. Todas as noites eu me lembrava deles, eu ainda tinha esperanças. Tenho quase certeza que eles estão por aí, em algum lugar. Talvez se escondendo do Frank, por que eles não sabem da sua morte, ou talvez eu esteja apenas alimentando as minhas esperanças recusando meu luto. Não costumo tocar nesses assuntos com a minha mãe _ por mais que ela não tenha nem noção das coisas de fato por que não viveu a adrenalina — eu sei que isso machuca, tanto a mim quanto a ela. Os filhos perderam a mãe. E agora parece ao contrário, ela os perdeu.