Capítulo Vinte e Um

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Otávio Miller

É estranho, mas muito bom ver o quarto de Zoe vazio. Graças a Deus ela teve alta após a cirurgia realizada para a retirada do tumor, e apesar de ainda continuar o tratamento, já pôde voltar para o orfanato onde mora. Eu só não me conformo com o vazio que sinto em meu peito nesse momento, não entendo como pude me apegar tanto a aquele pequeno ser humano. E por que ela me faz tanta falta? Por que eu quis chorar quando a vi indo embora? Por que eu estou chorando ao me lembrar do fato de que ela vai ser adotada por outras pessoas.

Solto um suspiro pesado e limpo minhas lágrimas, respirando fundo. Levanto meu rosto, olhando para o teto branco do quarto e tento não chorar mais.

- Otávio? - Ouço a voz conhecida e quando meus olhos vão até a porta, vejo Evan sentado em uma cadeira de rodas, tendo um enfermeiro logo atrás dele.

- Humm... Oi, tudo bem? - Pergunto e termino de limpar os resquícios de lágrimas em meu rosto.

- Será que pode me deixar falar com ele um momento? Otávio pode me levar para o quarto depois. - Ouço ele dizer para o enfermeiro, que concorda com um aceno e se afasta.

Fico em silêncio, apenas o observando, suas intenções, e vejo ele vir até mim. É perceptível nos olhos de Evan que ele está odiando usar uma cadeira de rodas, mas isso é necessário no momento, enquanto o processo de protetizacão não chega ao fim. E confesso que isso vai demorar um pouco.

- O que aconteceu? - Evan pergunta, me tirando do tranze de olhar em seus olhos esverdeados que me atraem de uma maneira única.

- Ahn? Como assim? Não aconteceu nada. - Falo e me levanto da cama hospitalar onde estava sentado.

Evan está a poucos centímetros de mim e mesmo em uma cadeira de rodas ele é intimidador. Sei que ele e meu padrinho Adrian não dividem laço sanguíneo, mas eu poderia jurar que a altura ele herdou do pai, pois é tão alto quanto ele e isso fica aparente.

- Para, Otávio. Eu literalmente te conheço desde que nasceu, sei quando há algo de errado contigo. - Ele diz, mas não digo nada.

Ainda é doloroso pensar em todas as nossas lembranças, principalmente nas boas. Pois isso sempre me leva a pensar na nossa separação também e só Deus sabe o quanto eu fiquei destruído por isso. Sei que a decisão foi minha e isso deixa tudo ainda pior, porque me dá a sensação que eu poderia ter evitado muitas coisas. Só que não adianta mais chorar pelo leite derramdo, ele não volta mais.

Solto uma respiração profunda e me sento na cadeira disponível do quarto, cruzando minhas pernas e olhando para o chão branquinho do quarto.

- Eu me apaixonei por alguém, mas não posso estar junto dessa pessoa. - Falo e olho rapidamente para ele, vendo sua expressão paralisar.

- Ah... eu não esperava por isso. - Evan diz um pouco desnorteado e prendo meus lábios para não rir.

- Nem eu esperava, foi totalmente de surpresa e só me dei conta disso hoje, e pode ser que seja tarde demais. - Falo em um suspiro.

- Nunca é tarde, Otávio. E se for daquele médico que você está falando, acho que ele gosta de você também. - Ele diz e faço uma careta ao pensar em César. Eca!

- Com certeza ele gosta, mas eu não gosto dele e nem de homem algum, se é isso que está imaginando. - Respondo e ele me olha confuso.

- Ué... você não está apaixonado? É uma mulher então? - Ele pergunta e isso me faz rir.

- Eu sou completamente apaixonado pelas mulheres, mas não de um modo romântico. E sim, eu estou apaixonado por um pequeno ser que roubou me coração e vai ser adotada por uma família que não sou eu. - Começo falando com humor, mas no final minha voz falha e a melancolia volta ao meu peito.

Opostos | Livro 01 - Série Amores Indomáveis (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora