Capítulo Trinta e Sete

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Otávio Miller

Quanto mais eu me desespero, mais a dor aumenta e minha respiração se torna pesada. Giovani parece estar em pânico também, mas é rápido em agir, me fazendo trocar de lugar com ele no carro. Não falamos nada, a tensão já é mais do que suficiente enquanto meu irmão dirige de forma apressada até o hospital. As lágrimas descem com mais intensidade por minha face e tento ao máximo me acalmar, mas é impossível. Eu estou sangrando, sentindo uma forte dor e infelizmente eu sei exatamente o que é... já passei por essa experiência uma vez. E é por isso que meu coração bate tão forte em meu peito, me deixando cada vez mais ofegante. Minhas mãos apertam o estofado do carro e fecho meus olhos, puxando o ar com força para os meus pulmões.

Não presto atenção no caminho, mantenho meus olhos fechados, e fico aliviado quando sinto o carro parar e Giovani sair, pedindo por ajuda que não demora a chegar. Rapidamente sou posto em uma maca e separado do meu irmão, mas antes que sua imagem suma da minha visão, grito a ele pedindo por Evan. Eu me sinto tonto enquanto sou levado para dentro do hospital e quando sou medicado, minutos depois, finalmente tenho um pouco de descanso e sinto a dor amenizar, assim como meu medo.

[...]

Sinto minhas pálpebras pesadas e minha vontade é manter meus olhos fechados, mas algo me diz que não, preciso reagir. Minha cabeça também está pesada e sinto meu corpo doendo, principalmente meu baixo ventre. E isso me torna novamente consciente, me fazendo lembrar dos momentos vividos por mim há horas ou minutos atrás... não faço ideia.

Pisco algumas vezes ao conseguir abrir meus olhos e levo alguns segundos para fazer minha visão acostumar com a claridade. Observo ao meu redor e não fico surpreso ao me ver em um quarto de hospital. Também não me causa nenhuma estranheza ver meus pais, Giovani, Cecília e Evan comigo. Meu namorado está sentado ao lado da cama e tem sua mão agarrada a minha. Papai Angie está sentado na cama ao meu lado e papai Enzo atrás dele. Já meus irmãos estão encostados à parede do quarto, me observando.

- Graças a Deus acordou, meu amor - papai diz ao me ver de olhos abertos e é evidente as marcas do choro em sua face.

- Dormi muito tempo? - pergunto, preocupado.

- Algumas horas, quase surtei quando seu irmão me avisou. - Ele responde e pega em minha outra mão.

- Onde está o médico? Quero saber o que houve - falo, sentindo meu coração pesar em meu peito.

- Já está vindo, amor. Você se sente bem? - Evan pergunta e desvio meus olhos para o seus, sentindo o meu arder ao lembrar o porquê estou aqui.

Não consigo o responder, então apenas deixo as lágrimas caírem por meu rosto. E ele é rápido em se levantar e me acolher em seus braços, me fazendo chorar ainda mais. Fico bons minutos encolhido em seus braços protetores e quando estou mais calmo, Evan se afasta e me ajuda a sentar na cama, secando os resquícios de lágrimas em meus olhos logo depois.

E com time perfeito, o médico entra em meu quarto, tendo uma prancheta em mãos. Ele sorri com simpatia em minha direção, mas isso não me deixa nem um por cento mais calmo. Na verdade, me deixa ainda mais ansioso para saber o que é tudo isso e se minhas suspeitas estão certas.

- Otávio, é estranho te ver aqui assim. - Ele diz, já que nos conhecemos pela profissão e às vezes nos esbarramos pelos corredores.

- Também não era o meu desejo, doutor Martins. Mas o que eu tenho? - pergunto de uma vez, não aguentando mais a enrolação.

Evan está sentado ao meu lado agora e não demora para que sua mão esteja entrelaçada a minha, me passando conforto e segurança com seu toque. Meu coração ainda bate acelerado em meu peito e peço em silêncio para que não seja o que eu estou pensando. Não pode ter sido.

Opostos | Livro 01 - Série Amores Indomáveis (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora