Capítulo Vinte e Nove

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Evan D'Ávila

Vamos dizer que as coisas deram uma melhorada nos últimos dias. Otávio e eu estamos bem, não sei se estamos propriamente namorando como antes, mas trocamos beijos e passamos boa parte do nosso tempo juntos. Posso dizer que estou mais acostumado a estar de prótese, mas ainda é estranho. A melhor parte em tudo isso foi ver minha família feliz por mim, papai principalmente. Eu só quero trazer um pouco de paz as pessoas que eu amo e não mais preocupação. Por isso eu decidi seguir o conselho de Otávio e procurar ajuda de um psicólogo. Ainda me sinto com um pé atrás, mas não custa nada tentar, não é?

E é por isso que eu estou agora na sala de espera de um consultório no centro da cidade, foi Apolo quem me indicou o lugar e disse ter ótimos profissionais. Um que o ajudou muito inclusive. Mas pelo que eu soube, o profissional que vai me atender é uma mulher, muito bem recomendada também.

- Evan D'Ávila! - Ouço meu nome ser chamado e um breve arrepio me sobe pela espinha.

Sinto a mão de John apertar a minha suavemente e sorrio para ele. Meu amigo fez questão de vir comigo, mesmo eu dizendo não ser necessário. Mas John não é alguém que recebe um "não" facilmente, ainda mais quando se trata de mim.

Respirando fundo eu me levanto e sigo a recepcionista até um corredor onde há cinco salas. Ela me guia até a penúltima, onde há uma placa com o nome Juliana brilhando em dourado. A porta se abre segundos depois e me sinto hesitante em entrar, mas o faço. O cômodo é grande e aconchegante, diferente do divã que eu esperava encontrar, há duas poltronas no centro da sala, mesinha de centro separando as duas, uma mesa em madeira no canto com uma cadeira de couro e várias estantes de livros ao meu redor.

A psicóloga, que eu creio se chamar Juliana, está em uma das poltronas e sorri brevemente para mim assim que a porta se fecha. Permaneço parado no mesmo lugar, pois não consigo coordenar meu corpo a andar novamente.

- O mais confortável é se sentar, Evan... temos uma hora pela frente. - Ela chama minha atenção após um tempo e quase dou um salto pelo susto.

Quando foi que me tornei tão assustado assim?

Solto um suspiro e deixo todas as minhas paranoias de lado, seguindo até a poltrona vazia. Há duas garrafas térmicas em cima da mesinha que nos separa e um conjunto de xícaras em porcelana. Eu me sento na poltrona e aprecio o fato dela ser confortável, mas não consigo me sentir à vontade ainda.

- Chá ou café? - Ela pergunta e só então a vejo de verdade. É uma mulher com menos de trinta anos, certeza, cabelos castanhos cacheados na altura da cintura com um volume bonito, óculos de grau, lábios cheios e olhos também castanhos. Ela está sentada, mas julgo ser baixinha. 1.60?

- Café. - Respondo por fim e encosto minhas costas na poltrona, cruzando minhas mãos em meu colo. - Então é isso que se faz em uma sessão de terapia? Toma chá é café? - Pergunto e ouço ela rir, mas não foi uma piada.

- Bom, depende... você quer apenas tomar café durante uma hora? - Ela questiona e me estende a xícara com café puro.

- Acho que não. - Sou sincero.

- Bom, e o que te trouxe aqui, Evan? Ah, deixa eu me apresentar melhor... meu nome é Juliana e se sentir à vontade, vou estar acompanhando você durante o tratamento. Não se sinta pressionada a me dizer nada e saiba que tudo o que for dito entre mim e você permanecerá aqui dentro dessas paredes.

Penso em suas palavras e bebo um gole do café forte. O gosto amargo é relaxante para mim, mas eu percebo que a mulher em minha frente já não gosta, pois a caneca cheia de chá em sua mão é um indicativo.

Opostos | Livro 01 - Série Amores Indomáveis (Mpreg)Onde histórias criam vida. Descubra agora