28. Foi bom conversar com você

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Fito o teto branco do meu quarto, perdida em meus pensamentos

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Fito o teto branco do meu quarto, perdida em meus pensamentos.

O relógio ao lado da minha cama, marcava seis e quinze da manhã. O dia já estava dando sinal de vida, deixando a escuridão da madrugada para trás e dando lugar aos primeiros feixes de um sol triste e ofuscado.

Eu não havia pregado os olhos nem por um segundo durante a noite, pensando no garoto problema. Fazia exatamente três semanas que não conversávamos.

Havia ligado para ele quase diariamente desde a nossa briga, mas só caía na caixa postal. Até tentei encontrá-lo no Myers, mas parecia que o mesmo não o frequentava mais como antes e nem sequer o via na escola.

Sabia que estava chateado comigo e eu não o culpo, afinal, eu deveria ter sido honesta desde o início.

No entanto, não era uma tarefa fácil, já que meu medo de fazê-lo se afastar de mim era maior que dizer toda verdade sobre meu vício em antibióticos e minha mais nova obsessão por me manter em forma sempre e vomitar tudo o que como diariamente sem esforço algum.

Contudo, ele se foi da mesma maneira.

Batidas leves são dadas na porta há alguns metros da minha cama e logo minha mãe aparece.

— Já está acordada?

Viro-me de lado, com meu braço direito abaixo da minha cabeça.

— Eu não dormi.

Nora fecha a porta calmamente e caminha em passos lentos em minha direção, se sentando na beirada do colchão e acariciando meus cabelos.

Desde aquele dia em que Preston foi embora, minha mãe tem se mostrado uma ótima companhia para mim.

Horas depois naquela noite, ela havia chegado do trabalho e me encontrado aos prantos e com uma zona de remédios espalhados ao meu redor.

Eu não conseguia mais esconder dela o que estava acontecendo então acabei por contar tudo entre soluços e lágrimas, desde meus vícios, à minha briga com Conway horas antes e ela apenas me ouviu, sem dizer uma palavra sequer.

Depois de tudo, a mesma apenas me abraçou e me deixou chorar até não ter mais lágrimas para derramar, cuidando de mim desde então.

— Está melhor hoje?

Balanço a cabeça e uma lágrima solitária escorre, percorrendo o meio do meu nariz e caindo vagarosamente no lençol branco.

— Não.

— Ah querida... Já faz muito tempo que está trancada nesse quarto e só sai para ir ao colégio.

— Não precisa me lembrar isso.

— Desculpa, mas estou preocupada com você.

— Não precisa, ficarei bem.

— Não se ficar o dia inteiro aqui, chorando. Por que não vai à terapia? Vai te ajudar.

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