5. Não quero que me beije

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Preston estaciona a moto em frente ao Myers e logo me suspende para sair dela.

Tateio abaixo do meu queixo, procurando o cordão que prendia o capacete em minha cabeça, mas não o encontro.

— Droga como tira essa coisa? — ouço Preston rir do meu sufoco e com facilidade, desata o cordão e retira o capacete da minha cabeça, fazendo meus cabelos ficarem uma completa zona.

— Está linda — ele caçoa, depositando o capacete no guidão prateado.

— Muito engraçado — reviro os olhos, passando as mãos pelos cabelos e os jogando em minhas costas.

Caminhamos para dentro da cafeteria e havia apenas duas pessoas sentadas próximo à entrada.

Procuro pelo garoto de óculos e olhos azuis que sempre me atende, mas acabo por encontrar uma garota de cabelo preto com mechas azuis nas laterais, em seu lugar.

Vamos para a última mesa que ficava ao lado das grandes janelas de vidro e eu me jogo sobre o sofá vermelho e macio, apoiando meus cotovelos sobre a mesa e massageando minhas têmporas.

— Eu estou acabada — choramingo, deitando a cabeça nos meus próprios braços.

— Se não tivesse dito eu nem notaria — a voz de Preston sai debochada, me fazendo fuzilá-lo com o olhar.

— Você é irritante, sabia?

— Sabia — sorri de lado e eu reviro minhas órbitas, ajeitando minha postura.

Noto quando a silhueta da garota de cabelos pretos aparece a nossa frente.

— Boa noite, o que vão querer?

— Eu vou...

— Dois cafés puros, por favor — Preston me interrompe, sorrindo gentilmente para a garçonete, que retribui o gesto e assente, se retirando.

— Eu queria um expresso — reclamo assim que a atendente atravessa o balcão.

— Confia em mim, café puro é o melhor remédio para ressaca do dia seguinte — pisca para mim, brincando com o guardanapo à sua frente.

— Por que está sendo legal comigo? — a pergunta sai de repente da minha boca, antes que eu pense em fazê-la.

Ele me olha.

— Eu só estou te pagando um café, nada de mais.

— Mas eu não pedi.

— Mas comentou que queria, então tive a boa vontade de te trazer até a melhor cafeteria da cidade.

— Também gosta daqui? — ele balança a cabeça em concordância.

— Se quiser saber onde estou, esse é o primeiro lugar que deve vim. Estou aqui sempre.

— E por que eu iria querer saber onde você está? — pergunto em um tom brincalhão.

— Não sei. Possa ser que se apaixone por mim, um dia.

Rio do que acabo de ouvir.

— É sério? Acha mesmo que isso vai acontecer?

— Me diz você — sorri presunçosamente e passa a língua pelos próprios lábios.

— Preston você está bêbado assim como eu, isso que está dizendo é uma loucura — abano minhas mãos, rindo da ideia absurda que Conway acaba de falar.

— Só para constar, nem um copo eu bebi direito.

Encaro suas irises — que até agora não consigo discernir qual sua verdadeira cor, pois suas pupilas estavam levemente dilatadas — e abro minha boca para contrariá-lo, mas sou impedida pela garçonete chegando com o pedido.

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