32. Vou sentir tanta saudade sua

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— O que está fazendo? — Nora adentra meu quarto, olhando para minha cama e a pilha de roupa sobre ela. — Ah, arrumando as malas. Pensei que só faria isso amanhã. 

— E faria, mas quero me dedicar apenas a me arrumar para a formatura e me divertir pela última vez no colégio. — Digo, dobrando algumas peças.

— Ai Audrey... não sabe o quanto sentirei sua falta. — Espreme os lábios e lágrimas brilham em seus olhos. 

— Não precisa chorar, mãe. — Me aproximo dela e abraço seus ombros. — Não é como se eu fosse morrer em Los Angeles. — Rimos e ela concorda com a cabeça, secando os olhos. 

— Você está certa é só... coisa de mãe. Irá me entender quando tiver filhos. 

Engulo em seco e forço um sorriso a ela, voltando a arrumar minhas roupas.

— O que irá fazer quando eu for embora? — Mudo de assunto, olhando-a brevemente.

— Não sei. Talvez fazer as mesmas coisas de sempre. Trabalhar no hospital, voltar para casa e esvaziar uma garrafa de vinho antes de dormir. — Dobra algumas peças e coloca na mala aberta em cima do colchão.

— Isso é deprimente.

— Talvez um pouco, mas eu gosto.

— Bom, pode pensar em conhecer outra pessoa. Sabe, alguém que seja legal agora. Já fui ao hospital, diversas vezes para te levar café e já vi muitos médicos gatos andando pelos corredores e que não eram comprometidos. Olhei as mãos deles. 

Nora me encara com seus olhos extremamente azuis e com as sobrancelhas loiras e bem desenhadas, arqueadas. 

— Preston iria amar te ouvir falar isso.

— É eu realmente estou amando. — A voz rouca do garoto soa da porta do meu quarto, fazendo eu e Nora olhá-lo no mesmo momento.

Ele estava encostado sobre o batente da porta, com um sorrisinho estúpido nos lábios.

Usava uma camiseta larga e cinza, que obtinha um desenho amarelo de águia em seu centro e um jeans surrado, junto a um tênis Jordan preto e branco, com detalhes em vermelho. 

— Como entrou aqui? — Franzo as sobrancelhas.

— A porta estava aberta. Até apertei a campainha algumas vezes, mas pelo visto não ouviram.

— É realmente não ouvimos.

— Animado para amanhã? — Nora pergunta ao menino, que adentra o quarto por completo.

— Não vejo a hora de sumir daquela escola, então sim. — Encolhe os ombros. — Até pensei em não ir para a formatura e ver aquele povo pela última vez, mas a loirinha quer, então eu vou.

— Você está lembrando a mim na época da escola. Odiava todo mundo.

— É sério? — questiono boquiaberta. — Nunca me disse isso. 

— Claro que não disse, não queria que seguisse os meus passos. A única coisa que me animava para levantar da cama era o meu cargo de líder de torcida e os garotos bonitos como o Preston que eu pegava. De resto eu odiava.

Solto um riso. 

— Bonito Nora, ia ao colégio apenas para dá amassos em garotos. 

— Não discordo dela, eu fazia o mesmo.

Estreito os olhos. 

— Vocês dois se merecem. 

Eles riem e minha mãe se afasta da cama. 

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