9. Qual é o problema Audrey?

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— Para quem ficou irritada por ter que cabular aula comigo, você parece contente demais. — Preston chama minha atenção e só agora noto que estou com um sorriso bobo nos lábios.

O olho brevemente e reviro os olhos.

— Acredite em mim, não estou feliz por cabular aula. Minha mãe literalmente me mataria se soubesse que a essa hora, não estou na escola. — Sigo meus olhos para o painel do carro.

Oito e vinte e cinco.

— Sei. E por que estar sorrindo?

— Porque estamos indo a um lugar que amo.

— E qual seria? — arqueia as sobrancelhas.

— Você vai ver quando chegarmos. — Pisco para ele, aumentando um pouco o volume do rádio, que passava a música Mardy Bum de Arctic Monkeys.

— Estar dirigindo a vinte e cinco minutos. Vamos chegar em outro país desse jeito. — O garoto relaxa o corpo do banco, visivelmente entediado.

— Pode ficar quieto por um minuto? Quero ouvir a música.

Ele me encara com um leve espanto.

— Gosta dessa banda Hayes? Estou surpreso.

— Qual parte do "pode ficar quieto por um minuto" você não entendeu?

— Nossa — coloca uma das mãos no peito — palavras machucam, sabia? — finge estar ofendido e eu acabo rindo de seu drama, balançando a cabeça para os lados.

Eu estava detestando o jeito que o bom-humor de Preston me faz não conseguir odiá-lo. Mesmo quando estar me irritando.

Um breve silêncio instala sobre nós e eu começo a cantar baixinho a letra da música, conseguindo ouvir a voz de Preston se juntar a minha cantoria.

— Você parece mesmo ser um garoto que curti Arctic monkeys. Suas roupas comprovam isso. — Observo sua blusa do Nirvana e seu jeans escuro.

Ele dar de ombros.

— Não posso dizer o mesmo de você. Com o seu jeito de Regina George pensei que só ouvia Britney Spears.

— Eu não pareço a Regina George. — Faço uma careta, olhando-o de soslaio.

— Não se sinta ofendida, loirinha. Ela é uma gostosa.

— Assistiu Garotas Malvadas?! — não escondo a surpresa em meu questionamento.

— Estar brincando? É um clássico, claro que assisti.

— Uau. E eu pensei que você só via filmes de terror ou... — comprimo o queixo, pensativa. — De ficção científica.

Ele ri.

— Pelo visto temos perspectivas completamente diferentes da nossa realidade. — Procura algo no bolso de sua calça. — Uma prova de que estamos nem perto de acertar quem realmente somos e os nossos gostos. — Coloca um cigarro nos lábios e tateia o próprio corpo a procura — do eu que sugiro — ser de um isqueiro.

— Não ouse fazer isso aqui — O advirto, com um olhar severo. — Não quero que minha mãe pense que estou fumando às escondidas.

— É só dizer que não foi você. — Diz sem me olhar, revirando os bolsos de seu jeans. — Droga, devo ter deixado o isqueiro na minha jaqueta. Posso usar o acendedor?

— Eu já disse Preston, não é para fumar aqui dentro.

— Tá bem, tá bem! — Suspira frustrado, retirando o cigarro dos lábios e o guardando de volta na caixinha.

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