𝐈 𝐂𝐇𝐎𝐎𝐒𝐄 𝐘𝐎𝐔, katsuki bakugou

eighteen

Vê-lo chorar me fazia querer fazer o mesmo também, eu sentia sua dor de alguma forma. Seus olhos marejados diziam muito mais que centenas de palavras. Era extremamente devastador.

- Ei... - me levantei e sentei próxima a ele. Curiosa e triste, queria saber o motivo do seu choro. Parecia ser muito sério.

- Sai. Não quero que me veja chorando. - disse cobrindo o rosto com as mãos. - me desculpe por tudo que faço com seu irmão. - continuava se escondendo. Então é essa a verdadeira face de bakugou?

- Katsuki... - peguei suas mãos e as tirei de seu rosto, estava vermelho e encharcado de lágrimas que nunca paravam de cair. A cena foi cruel, bem mais do que achei que seria. Senti uma pontada no coração. - pode me falar o que quiser...

- Sempre desprezei ele por não ter uma individualidade... - ele falou bem baixinho, quase não escutei. Estava começando a admitir algo que o deixa constrangido. - era pra ele ser inferior, mas sempre esteve um passo a frente de mim. - ele enxugou as lágrimas que caiam sem cessar, a vergonha e o medo aparente. De certa forma, acho que se sentia mal por estar contando logo pra mim. A irmã de izuku. - Eu não suportava isso, não queria aceitar, precisava afastá-lo e pra isso o atormentei. - acrescentou fazendo pausas como se o ar lhe faltasse. Quando fui tentar reponder algo ele logo voltou a falar. - Tentei negar a realidade e me manter num pedestal. Mas a verdade é que sempre fui o perdedor, desde que entrei na u.a. Nada acontecia como eu esperava, todo dia eu entendia a força dele e percebia minha fraqueza. - ele levantou a cabeça e me olhou nos olhos, um leve arrependimento surgindo entre as mais profundas emoções do garoto. - eu nunca terei a coragem pra me desculpar com ele, mas estou arrependido do fundo do coração. - era desesperador o jeito como ele faltava. No fim, completou com um suspiro gritante.

- Eu sei... - passei meus braços por seu ombro tentando o fazer perceber que pode contar comigo. Sempre soube que ele escondia algo. - Tá tudo bem, eu sei que izuku não o culpa por ser assim, pelo contrário, ele o tem como um uma inspiração. - iniciei dando um sorriso de leve.

- Eu sou um monstro, s/n! - ele falou retirando minhas mãos de seus ombros e as apertando de uma forma agonizante. - Em breve você vai achar isso também. Daí não vai ter ninguém que não me veja assim. Porra, você entende?

- Nunca vou te ver assim. - coloquei uma das minhas mãos em seu rosto, queria passar uma sensação de conforto. Acho que é disso que precisa. - Você é o primeiro amigo que tive, sabe o que você precisa agora? - perguntei dando o meu melhor sorriso simpático e ele olhou surpreso.

Um abraço. Sem dúvidas quando uma pessoa tá mal, um abraço de alguém que ela goste pode acalmar um pouco. Se é que ele gosta da minha companhia. Acho que sim.

Estava ali abraçada com ele e seu corpo quente colado ao meu era muito confortável. Coloquei meu rosto sobre sua camisa, cheirava a um amaciante bem cheiroso. Nunca vi ninguém tão cheiroso como esse garoto. Quero morar ali pra sempre pois seu calor me passa a melhor sensação de segurança do mundo.

- Sabe, katsuki... - falei ainda em seu abraço. - qualquer dia desse me diz o amaciante e o perfume que você usa por favor, você cheira bem. - eu disse rindo.- vou te abraçar mais vezes só pra sentir esse cheiro, viu?

- Idiota. - ele disse me afastando com uma das mãos. - estava querendo uma desculpa pra me abraçar? Eca. - limpou as próprias mãos na roupa e fez uma expressão de nojo. Idiota.

Passei a minha mão pelo rosto molhado dele, nunca reparei tanto nos traços dele como naquele momento, seus olhos vermelhos e intensos eram as coisas mais bonitas nele.

Passo dois para acalmar alguém triste: elogios.

Eu acho que entendo disso pois queria que tivessem feito o mesmo comigo quando eu me sentia assim. Aposto que teria sido a melhor coisa, eu me sentiria melhor. Com certeza.