twenty-eight

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- S/n, querida, você precisa ir para casa... - a voz de mitsuki me despertou, suas mãos pousaram confortavelmente em meu ombro e já era dia novamente.

- Desculpa, acabei dormindo. - respondi me afastando do loiro ainda sonolenta.

Me levantei devagar sem tirar os olhos do garoto deitado a minha frente, sua mãe sentou na cadeira que eu estava antes e me olhou gentilmente. Seus olhos estavam escuros pela falta de descanso, mesmo tendo ido para casa justamente pra isso.

- Muito obrigada por ficar aqui com ele. - ela lançou um sorriso em minha direção e em seguida seus olhos se encheram de água. Estou em pedaços por vê-la assim.  - você precisa descansar, sua mãe deve estar preocupada. - eu confirmei com a cabeça e quando ia sair um médico entrou.

- Bom dia, tenho em mãos resultados de alguns exames do seu filho. - mitsuki se levantou bruscamente da cadeira. - devida a concussão que ele teve... - ele olhava lentamente os papéis - katsuki pode perder a memória permanentemente.

Paro no instante em que ia sair do quarto, completamente estátua e assustada eu quase caí no chão. Não posso crer no que estou escutando.

- Como assim? - a loira já desabava em lágrimas, as que nunca nem secaram. - ele vai se esquecer de tudo? Quais as chances dele se lembrar que sou a mãe dele? - ela caiu sentada na cadeira abalada.

- Calma senhora. - o médico falou em um tom mais compreensivo. - ainda não sabemos se isso vai mesmo acontecer, pode depender também de sua reação ao tratamento. Mas há sim a possibilidade, e se ocorrer não significa que não haja reversão.

Ele vai se esquecer de mim?

Vai se esquecer de tudo que aconteceu entre a gente?

Era isso que eu queria ter perguntado ao médico naquele momento, mas nada saía da minha boca. Estava paralisada sem conseguir fazer nada. Medo, susto e desespero.

- Tudo bem, doutor. - mitsuki passava as mãos no cabelo de seu filho desacordado. - Vá logo s/n, não se preocupe.

Ela tinha razão, saí e fui caminhando do hospital até minha casa. Talvez minha mãe nem esteja preocupada, se estivesse ao menos se daria ao trabalho de ir ao hospital procurar por mim.

Bati várias vezes seguidas na porta mas  ninguém abriu. Será que ela se mudou e decidiu me deixar pra trás?

- Oi, menininha... - a vizinha gritou de sua janela. - sua mãe foi em um velório, ela pediu para que lhe avisasse se passasse por aqui.

Um velório?

- Ela deixou a chave comigo, tome. - a idosa jogou uma chave em minha direção, abri a porta e entrei.

Provavelmente era o enterro da momo.

Tomei um banho e vesti uma roupa formal para um enterro. Faz quase um dia e meio que não como nada, então peguei um pão e fui comendo enquanto caminhava rumo ao cemitério mais próximo.

Ao chegar notei uma multidão bem no centro do cemitério, então é aqui que todos estão.

- S/n. Que bom que está aqui. - izuku falava soluçando de tanto chorar.

Olhei em direção ao caixão e havia uma foto, realmente era ela. Ainda não conseguia acreditar totalmente.

- Filha, você está bem? - mamãe perguntou. Não parecia tão preocupada quanto imaginei.

- Estou. - procurei aos arredores até avistar todoroki sentando em um baquinho distante do pessoal. Ele estava sofrendo com isso, ela morreu na frente dele. Não consigo nem imaginar. - Oi, todoroki. - o cumprimentei assim que cheguei perto.

- Oi. - respondeu sem desviar o olhar de uma flor jogada no chão. - Eu achei que talvez tivesse solução, os médicos fizeram todo o possível. - finalmente olhou nos meus olhos. - eu queria que ela sobrevivesse, mas agora sinto uma culpa enorme dentro de mim.

Sem nem pensar eu o abracei, não pude controlar as lágrimas que brotavam no meu rosto. Tudo que está acontecendo é horrível, somos tão novos para isso.

- Eu sinto muito. - continuei o abraçando, não tenho palavras o suficiente para o confortar.

- Como está bakugou? - ele se afastou do abraço.

- Ele está em coma... - senti um nó na minha garganta. - é um estado complicado, eu... - minha voz travou.

- Por que isso está acontecendo? - todoroki perguntou olhando para o céu. - merecemos isso? - era notável um pouco de raiva no meio de toda aquela tristeza. - ela merecia isso? - seu tom de voz ficou um pouco mais grave. - se Deus existe, por que deixou uma garota tão boa como ela morrer? - ele encarava o céu indignado. - é difícil continuar tendo fé nele enquanto essas coisas ruins não param de acontecer.

- Isso.... - estou sem palavras, não consigo suportar toda essa dor de ver as pessoas que eu amo sofrendo. Eu não posso. Prefiro não responder, sua fé está abalada e eu não tenho o direito de o repreender.

O enterro acabou, teve uma linda cerimônia logo após e todos os nossos colegas de turma fizeram uma homenagem para ela.

Fui para casa mas logo pretendia voltar ao hospital. Quando katsuki acordar, eu quero e preciso estar lá.

- Você não vai. - minha mãe respondeu logo após eu comentar que ia ao hospital.

- Eu vou sim. - nunca tinha visto aquela expressão em seu rosto. - izuku já que você é o preferido, por favor a convença.

- Eu... - izuku gaguejou.

- Não vai. Você precisa ficar com sua família, e ele com a dele. - ela trancou a porta da casa e guardou a chave no bolso. - Não faria diferença nenhuma se estivesse lá, provavelmente ele nem vai acordar.

Essas palavras foram como facas perfurando meu abdômen. Me senti estranha e tudo que queria fazer era gritar.

- Ele é minha família, não me importo com mais nada. Você entende isso? - novamente eu estava chorando, odiava ser tão sensível.

- Sua família? - seu rosto ficou assustador, por um momento ela se parecia com meu pai. - está me dizendo que um garoto que conheceu um dia desses é mais importante do que quem te deu a vida? - ela estava vindo em minha direção.

- Mamãe... - izuku se levantou tentando a parar.

- Você realmente se importa com isso? Sempre está priorizando izuku, praticamente esfrega na minha cara que prefere ele... - antes de terminar senti um tapa em meu rosto, minha mãe havia me batido.

- Talvez eu entenda o motivo do seu pai querer se livrar de você. - ela cuspia essas ásperas palavras em cima de mim. - Por que você é assim? - ela me olhava com aquele mesmo olhar. O que durante a minha infância inteira eu tentei evitar.

- Você... - eu novamente não conseguia falar e me odeio por isso. Fiquei congelada, praticamente vi meu pai na minha frente mais uma vez.

- Vamos mamãe, não precisava ter feito isso. - izuku a levou para o quarto e jogou a chave para mim. - ela não queria ter dito isso s/n, por favor não ligue.

Como não vou ligar?

Eu ia ao hospital mas acabei desistindo. Me deitei na cama e pensei em tudo que está acontecendo. Uma amiga muito especial morreu, o garoto por quem acho que estou apaixonada está em coma e corre riscos de perder a memória e nunca se lembrar de que eu de fato existi em sua vida.

Estou muito sobrecarregada e farta de tudo que acontece na minha vida, parece que a todo momento o universo conspira contra mim e as pessoas ao meu redor. O pior é que eu não tenho a mínima relevância no universo, então por que acontece tantas coisas ruins comigo?

O que devo fazer em uma situação como essa?

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Eu peço desculpa se alguém se sentir ofendido com alguma frase do todoroki em cima. Mesmo que sua em Deus seja inabalável, as vezes algo acontece e algumas pessoas acabam se questionando, então por favor entendam o personagem e acima de tudo respeitem suas escolhas. - ♡

𝐈 𝐂𝐇𝐎𝐎𝐒𝐄 𝐘𝐎𝐔, katsuki bakugou Onde histórias criam vida. Descubra agora