Capítulo 3

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Lexa percebeu que era fácil trabalhar com Clarke logo nos primeiros dias que passaram juntas, a menina era boa observadora, parecia ter memória fotográfica e só precisava olhar as fórmulas uma vez. Ela pegava as instruções com facilidade, era proativa e determinada a encontrar respostas. Lexa não sabia se tinha qualquer mérito no que Clarke estava desenvolvendo em sua primeira semana.

No fim da primeira semana, Lexa decidiu deixar a menina colocar em prática uma fórmula sozinha na "caixa de vidro" da sala de experimentos. Lexa levou alguns dos papéis que precisava ler e assinar e se sentou do lado de fora da caixa para observar Clarke ocasionalmente. A loira se virava bem, conhecia todos os equipamentos e não fazia muitas perguntas e sua concentração era encantadora.

Lexa se distraiu com os papéis por um tempo até que um cheiro estranho a fez erguer a cabeça. Clarke tinha misturado alguma coisa errada e a caixa estava cheia de fumaça verde. Lexa sorriu consigo mesma, estava demorando. Tinha entregado a fórmula errada de propósito para ver se ela perceberia antes de colocar em prática, mas a empolgação a fez querer colocar a mão na massa antes de inspecionar os componentes com atenção. Também era uma oportunidade para saber se a menina sabia pedir ajuda quando precisasse, caso não pedisse: Lexa também não pensava em oferecer.

Ela saiu da sala tossindo e Lexa escondeu o sorriso atrás dos papéis.

— É só um pouco de enxofre, Griffin, não deixa a fumaça vir pra cá e procure o que deu errado.

Ela pegou uma máscara descartável e voltou para a caixa, menina persistente.

Lexa voltou para seus papéis e só ergueu os olhos novamente quando percebeu uma movimentação na caixa e notou que a fumaça tinha diminuído. Clarke estava andando de um lado para o outro com um papel uma mão e um vidro na outra, então equilibrou as coisas em uma mão só e foi para o quadro e escreveu a fórmula. Ela ficou ali, avaliando e refletindo. Olhou para Lexa através do vidro, um vinco entre as sobrancelhas.

— A fórmula estava errada. — disse mais para si do que para Lexa. Ela caminhou até o armário e observou os outros componentes químicos guardados e suspirou — Entendi. Que mancada.

Lexa pensou em falar alguma coisa quando percebeu seu tom de decepção, mas sabia que era melhor não dizer nada. Então apenas observou enquanto Clarke tirou novas medidas e fez outra mistura e observa as mudanças na cor da solução que produzia. Parecendo satisfeita, tirou a luva e pigou uma gota do líquido amarelo e efervescente no próprio dedo e emitiu um "ai".

Lexa sentiu orgulho encher o peito e balançou a cabeça, afastando o olhar. A menina saiu da caixa sorrindo vitoriosamente.

— Você me deu o composto errado de propósito! Mas eu consegui! — ela estava radiante com a conquista — Eu estava esquecendo o calcário, não adianta misturar tanto ácido e não ter calor, a temperatura é o real problema da névoa ácida, olha. — ela estende a mão para mostrar uma bolha no dedo.

— Não teste em si mesma da próxima vez, pode ser? — repreendeu — Sobre a fórmula, a verdade é que você achou outro caminho, nós não trabalhamos com calcário pois a neutralização seria mais complicada, o objetivo aqui é queimar e não explodir, uma quantidade excessiva de ácido perclórico seria um problema, você estava usando ele de forma exagerada mas não explodiu, você neutralizou?

— É, você tem razão, aquela quantidade poderia me machucar em uma explosão.

— Cuidado com a quantidade de pH. Pra neutralizar ele precisa subir e a passivação será bem ocorrida.

— Mas isso foi incrível, a densidade que isso teria no ar...

Lexa sorriu.

— Colocar esses projetos em prática é a razão da minha vida.

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora