Lexa inspirou profundamente a brisa fresca vindo da varanda do apartamento, o vento soprou os cabelos escuros para trás e a mulher sorriu. Cerca de 24 horas encarcerada e ela começou a valorizar a liberdade de uma forma diferente, a prisão tira a humanidade das pessoas. Vozes vindas da sala de estar a levam de volta ao apartamento e ela suspira, caminha para a sala de estar e encontra Gustus, um dos seguranças mais antigos de sua família, no sofá com a televisão ligada. Ele fica tenso ao vê-la e então diz sem olhar para ela:
— Pensei que fosse gostar de assistir ao noticiário.
— Vou gostar sim, obrigada, Gustus.
Ele parecia querer dizer alguma coisa, mas parecia receoso, ou irritado? Por fim ele diz com a voz baixa.
— Lexa, eu juro que não sabia que Anya era capaz de algo assim... sinto muito não ter evitado.
Lexa sorriu para e piscou para impedir que as lágrimas escapassem, tinha muita coisa para assimilar com relação a isso. Decepção, confusão, tudo estava misturado.
— Ninguém imaginou, Gus. Anya foi... bem, não tenho certeza ainda. — ela tentou soar firme e mordeu o lábio ao completar: — Está tudo bem, estou bem agora.
Ele a avaliou por alguns segundos, parecia saber que a mulher mentia, mas apenas assentiu, deixou o controle em cima do sofá e saiu da sala sem dizer uma palavra. Gustus trabalhava na família há tantos anos que se preocupava profundamente, mesmo que seu profissionalismo o impedisse de demonstrar. O avô de Lexa dizia que ela era a filha que Gustus nunca teve e por isso o homem se recusava a pensar em aposentadoria nos anos próximos. Lexa suspirou e encarou a televisão:
— ... a estagiária no laboratório Clarke Griffin tinha como tutora a própria Lexa Grigori, seria o sequestro causado por conflitos românticos? Procuramos a senhorita Grigori para nos explicar, mas ela ainda não agendou uma coletiva de imprensa e não temos notícias dela desde que saiu da prisão; a senhorita Griffine sua família, — apareceu um vídeo onde Clarke andava até alguns microfones, o rosto dela tinha vários arranhões e hematomas e sua mão estava enfaixada, Lexa sentiu o coração doer — apresentaram queixa contra Anya Blake por sequestro, chantagem e violência física, mesmo após a confissão dos crimes. A senhorita Blake foi encaminhada para a prisão e aguarda julgamento, as estimativas são de mais de 10 de prisão por sequestro, venda de armas biológicas, porte de armas ilegais e suspeita de parceria com a máfia alemã; os acionistas da Grigori Labs junto com um porta voz de Lexa Grigori não prestaram queixas contra a senhorita Blake, e divulgaram que a empresa não sofreu danos e que a senhorita Grigori teve sua ficha limpa e recebeu pedidos de desculpas pelos danos morais desferidos contra ela e sua rede de laboratórios. A seguir a coletiva de imprensa...
Lexa desligou a televisão, não conseguiria escutar nem mais um segundo daquilo. Anya era sua amiga, quase uma irmã, tinham sido criadas juntas e agora enfrentava julgamento. Lexa sabia que a mídia cairia em cima dos motivos para ela não ter processado Anya, mas Lexa não queria se envolver em mais problemas e trâmites judiciais. Anya se entregou e sofreria as consequências por tudo o que fez.
A mulher encostou a cabeça no apoio do sofá e fechou os olhos, não sabia o que pensar, ou o que fazer a seguir. Queria ligar para Clarke e ouvir dela que estava tudo bem, talvez assim tirasse um peso do coração, mas as recomendações dos advogados era para esperar um tempo. Ryder tinha sugerido que Clarke poderia precisar de acompanhamento psicológico para avaliar os traumas. Ficar ao lado de Lexa depois de tudo poderia ser de grande estresse e exposição para Clarke.
O telefone do apartamento tocou e Lexa saltou do sofá e puxou o telefone do gancho com tudo:
— Clarke? — perguntou ansiosamente.
— Você recebeu uma ligação do presídio Estadual de segurança mínima de West Vill, para aceitar aperte 1.
Era ela.
Lexa sentiu o ódio fervente por todo o corpo, teve vontade de jogar o telefone longe e esquecer que Anya existia. Mas precisava entender. Se culpava por parte do ocorrido e precisava entender onde tudo aquilo se encaixava e onde terminaria. Completamente confusa e angustiada, Lexa apertou o 1.
— Lexa? — Anya perguntou ansiosamente.
A morena ficou em silêncio, listando as acusações que gostaria de gritar.
— Certo, não precisa dizer nada, só me escute, okay? — ela falou com um suspiro — Só tenho alguns minutos. Olha, eu sei que fui uma vadia com você e com a.. bem, você sabe quem.
Mais silêncio. Lexa estava tremendo e precisou encostar na parede para se equilibrar, sua voz parecia ter sumido.
— Deus, isso é difícil. — uma risada sem humor veio do outro lado da linha — E-eu não sei bem como dizer isso, você deve estar realmente puta da vida para não estar falando nada, né? Isso está me deixando nervosa. — ela esperou um pouco e como Lexa não falou nada, ela continuou: — Pode ser difícil de acreditar, mas eu te amo, te amei a minha vida inteira, só o que eu fiz foi amar você e isso me consumiu, tive inveja, tive raiva por você não enxergar que eu estava bem ao seu lado todos esses anos... Houve um tempo em que eu achei que tinha superado, que podia ficar bem, mas... — o aviso de que a ligação estava acabando veio e ela praguejou do outro lado — Certo, olha, eu sei que meus sentimentos por você não justificam as minhas ações, mas quando você se entregou por ela eu senti que meu coração se partiu de vez, eu te amo demais para deixar você ficar nesse inferno que é isso aqui... posso ver claramente como minhas ações devem ter te machucado e juro que essa não era minha intenção. Talvez fosse. Eu não sei. É confuso, feio e deturpado a bagunça que os meus sentimentos viraram. É claro que você não vai me perdoar, eu quase matei o amor da sua vida. — ela disse amargamente — E no processo quase me matei e te sentenciei ao pior sofrimento, sinto muito por tudo.
— Todas as desculpas soam vazias, Anya. Não tem explicação para isso. — Lexa falou lentamente, a voz carregada de tristeza e dor.
— Essas desculpas são muitas coisas, Lexa, mas não são vazias. Eu sei que é tarde, mas sabe aquele ditado "antes tarde do que nunca"? Bom, no meu antigo quarto na velha mansão de Mount Weather tem uma carta para você, está na escrivaninha... é tarde para muitas coisas, mas não pra isso. A carta foi escrita por Costia e ela confiou em mim para te entregar. Eu não entreguei porque pensei que só faria você sofrer ainda mais... — Anya suspirou dolorosamente — Agora eu vejo que a carta poderia ter te curado. Eu joguei minha vida fora, mas você ainda pode recuperar a sua.
Anya desligou e Lexa ficou lá escutando o bip do fim de ligação. Não sabia o que sentia, não sabia o que pensar, o que fazer. Lexa largou o telefone e deixou o corpo escorregar até o chão. Queria chorar, mas sua mente parecia exausta e seu peito doía muito.
Anya tentou se redimir. Ela realmente tentou.
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O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADO
FanfictionFanfiction criada a partir da série The 100. Clarke Griffin está na reta final do curso de genética e precisa conseguir um trabalho na área antes de conseguir o diploma. Lexa Grigori é, aos 28 anos, uma geneticista reconhecida e herdeira de um dos m...