Capítulo 5

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Clarke já esperava no aeroporto na sexta feira à noite quando Lexa chegou. Ela estava sentada perto do portão de embarque, pelo visto calça jeans e camiseta branca eram sua marca registrada, ela usava uma jaqueta preta e carregava apenas uma pequena mala; tinha a cabeça recostada na parede e os olhos fechados, parecia imersa na música que escutava. Absolutamente adorável... Lexa, que já estava estressada por conta do atraso, ficou ainda mais estressada com o rumo dos próprios pensamentos.

— Clarke. — chamou ao cutucar a menina no ombro. Evitou usar mais que a ponta dos dedos pois não queria pensar em ter mais contato físico com Clarke.

A menina abriu os olhos e piscou para se orientar, a expressão tornando-se preocupada ao focar em Lexa.

— Oi. — a loira cumprimentou.

— Desculpe o atraso, tive uma reunião de última hora. — Lexa se explicou e as bochechas esquentaram. Por que se importava?

— Não se preocupe, eu precisava descansar — ela apontou para o portão — Mas já está na nossa hora.

Caminharam em direção ao portão, Lexa suspirando dramaticamente ao ser revistada, a segurança do aeroporto era sempre mais desagradável do que o banho para eliminar vestígios de radiação. Clarke achou graça e escondeu o sorriso.

Era um voo de 6 horas e Lexa não podia imaginar coisa pior. Apesar de precisar viajar constantemente, ela parecia nunca conseguir se acostumar. Aviões representavam grande desconforto, e os voos diretos geralmente não eram os piores, mas os de conexão faziam a mulher desejar outro campo de atuação que não exigisse viajar. Ela guardou a bagagem de mão e se acomodou no assento, inspirando profundamente na hora da decolagem.

— Você está bem? — Clarke perguntou quando percebeu que a mulher apertava o apoio de braço.

Lexa abriu os olhos e tentou parecer tranquila, mas cometeu o erro de olhar pela janela de Clarke no momento em que o avião se ergueu do chão. A mulher fechou os olhos com força e se pressionou na própria cadeira.

— Você tem medo de voar. — Clarke conclui e morde o lábio achando graça novamente. Lexa era adorável. Ela puxou a bolsa que tinha acomodado debaixo da cadeira e estendeu uma cartela de remédios para Lexa.

— Engula um quando trouxerem a água.

— Remédio para dormir? — Lexa perguntou.

— Sim, eu tomo quando pego vôos demorados — ela está com uma expressão suave como se aquilo realmente funcionasse com ela.

— Não funciona comigo, eu fico tão ansiosa que o remédio parece não surtir efeito. Ou costuma agir muito depois. — Lexa respondeu, rejeitando a cartela que a loira ainda ofertava. — Não precisa se preocupar, não é tão ruim.

Clarke deu de ombros e soltou o cinto de segurança, vôos sempre a deixavam muito tranquila. Lexa engasgou com a própria saliva ao ver a menina desprotegida e estendeu as mãos para tentar a alcançar o cinto dela e prender novamente.

Clarke não se aguentou e riu abertamente, o som ecoando pela cabine e atraindo a atenção de outros passageiros e da equipe do avião. Seu sorriso fica maior e se transforma em uma risada, o som ecoa brevemente pelo ambiente e sinto meu estômago se agitar como se aquele tivesse um efeito calmante em meu corpo.

Não é tão ruim. — a loira imitou com deboche — Estou vendo. É melhor você tomar, aposto que vai relaxar um pouco.

Lexa faz um beicinho, seu medo sendo desmascarado e aceita o remédio. Ela engole o comprimido assim que o serviço de bordo passa com a água.

Alguns minutos depois, Clarke ainda continuava sem cinto e Lexa decidiu que não poderia relaxar se continuasse olhando aquilo. Ela se esticou e se apertou para se debruçar sobre Clarke e prender o cinto da garota.

— Lexa — Clarke falou no ouvido da mulher, os lábios quase roçando a pele da morena — Eu não gosto de me sentir presa.

Lexa soltou o cinto na hora e voltou para o seu lugar, respirando melhor agora que seu próprio cinto não estava esticado. Se recostou no banco novamente e murmurou um pedido de desculpas sem olhar para Clarke.

Podia ver com o canto dos olhos que a loira a encarava e isso estava fazendo seu corpo esquentar.

— Ouvir música ajuda a relaxar — Clarke falou e estendeu um lado do fone para sua companheira de viagem.

Lexa agradeceu e fechou os olhos. Uma música suave e desconhecida tocava nos fones.

I hid my secrets in a box

Eu escondi meus segredos em uma caixa

I did exactly what you said

Fiz exatamente o que você disse

Now I'm feeling so much better

Agora estou me sentindo muito melhor

Cause you make me forget

Porque você me faz esquecer.

Lexa não estava esquecendo de nada. Na verdade, o que mais a incomodava era lembrar. Clarke a fazia se lembrar de como se sentiu anos antes. Fez ela lembrar como era querer e ter mais. E agora os "e se" não saiam de seus pensamentos.

E se trabalhar e crescer profissionalmente não fosse tudo? E se a família estivesse sofrendo ao vê-la desperdiçar as áreas de sua vida? Quando todo o resto ficou para trás?

A morena sentiu um peso em seu ombro e abriu os olhos para ver que Clarke estava se nela. Achou melhor não acordar a menina, não havia mal algum em deixá-la ali. Não queria que ela saísse.

Clarke fazia Lexa se lembrar de suas idealizações românticas. Na forma como os sentimentos podiam florescer a alegria de uma pessoa.

Se deixou embalar pelo ritmo da música e logo sua cabeça estava apoiada na de Clarke. 

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora