Capítulo 4

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— Que tipo de bar se chama Joe's? — Lexa perguntou com um sorriso. Alguma coisa no trajeto até o bar parecia tê-la lembrado de que aquele era um momento de descontração.

— É um bar muito agradável — Clarke respondeu e desatou a falar sobre tudo que gostava no lugar assim que se sentaram. Mostrou as fotos nas paredes e falou dos eventos que o bar oferecia.

Lexa achou que a menina falava muito, mas também gostou de ouvi-la falar. Clarke descrevia as experiências no bar como se estivesse revivendo tudo e Lexa se afeiçoou ao lugar pelos olhos da menina. Olhos que transmitiam todo o tipo de coisa.

— O que te fez escolher genética, Lexa? — Clarke perguntou, sentindo que precisava mudar de assunto para não deixar a mulher entediada.

Lexa deu um sorriso tímido e remexeu a bebida em seu copo.

— Acho que assim que aprendi a ler ganhei um kit júnior de química, tinha tubos de ensaios e material para 30 experimentos — ela riu descontraidamente e Clarke apoiou o queixo na mão para observar a mulher.

— É fácil imaginar uma pequena Lexa de jaleco e um kit júnior, parece o certo.

As duas riram alto e a ação foi estranha para Lexa, jã não sabia há quanto tempo não se divertia.

— Desde então me apaixonei, acho que sempre fui uma pessoa de exatas, é algo que me vem muito fácil.

Clarke concordou com um movimento de cabeça, era uma coisa que tinham em comum.

— E quanto a você, Clarke, por que está nessa?

— Minha mãe disse que minha mamadeira foi um tubo de ensaio — a garota riu da própria piada e faz uma pausa, mas uma sombra estranha passou por seu rosto.

Será que ela tem algum problema com a família? Lexa pensou e sentiu o interesse crescer em sua mente.

— Posso fazer uma pergunta pessoal? — Clarke perguntou, o semblante neutro, mas as mãos virando nervosamente o cardápio.

— Não sei se é capaz de evitar, senhorita Griffin. — Lexa respondeu ainda com um sorriso no lábios. Uma pergunta não faria mal. — Vá em frente.

— Por que passa tanto tempo trabalhando?

A resposta é automática: — É a minha vida, eu nasci para fazer isso.

— Okay, você ama fazer isso. Mas não é muito tempo? Às vezes você fica dias sem ir pra casa...

— Não sei, é muito tempo? — Lexa ponderou em voz alta, a pergunta de Clarke mexendo em coisas que a morena não gostava de pensar — Não dá pra chamar de vida passar tanto tempo na companhia de elementos químicos, mas é onde eu vivo e onde gosto de estar.

— Talvez a vida devesse ser mais do que apenas sobreviver, não acha? — Clarke diz suavemente, uma expressão pensativa enquanto morde o lábio inferior. Lexa repara no movimento e suspira. — Não merecemos mais que isso? — a loira continua retoricamente, seu olhar preso no de Lexa contemplativamente.

Lexa não conseguia desviar o olhar. Sentia-se incomodada, interessada e enfeitiçada. Sua mente estava nublada para raciocinar.

— Talvez. — respondeu.

Clarke se inclinou levemente sem quebrar o contato visual e Lexa se agitou. Talvez fosse o olhar intenso, a proximidade, quem sabe não fosse a luz que parecia irradiar da loira e atingir Lexa tão profundamente? Ela não saberia explicar, mas estava tão hipnotizada pelo momento que não pensou sobre suas ações, apenas ergueu a mão até o queixo da menina e puxou o rosto para perto do seu. Parecia instinto. Necessidade.

O encontro foi suave, os lábios se tocando levemente. Não mais do que um selinho. O cheiro doce que emanava de Clarke agradou Lexa e a fez desejar mais contato, mas apenas aquele toque superficial despertou todos os seus sentidos e a fez querer suspirar.

Clarke apoiou a mão no ombro de Lexa e encarou a mulher, as bochechas vermelhas e os olhos levemente marejados. Lexa se afastou, alarmada.

— Sinto muito — Clarke disse — Não estou pronta... para me envolver com alguém.

— Tudo bem. — Lexa pigarreou e tentou sorrir. Acenou com a cabeça várias vezes para clarear a mente e afastou o olhar dos lábios da menina. Foi só um impulso. Estava claro que a própria Lexa não estava apta para lidar com outras pessoas ainda. Não voltaria a acontecer. — Me desculpe, Clarke.

— Ainda. — Clarke acrescentou sugestivamente e Lexa franziu a testa.

Impulso ou não, ela com certeza desejava mais.

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora