Capítulo 6

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— Sim mãe, nós estamos na Geórgia — Clarke explicou pela 3ª vez.

— Tudo bem então, é que vôos nessa época são uma loucura, Clarke. Não dá para confiar nas companhia aéreas — Abby se preocupava demais com a única filha.

— Eu sei, mãe. Preciso ir agora, okay?

— Eu me sentiria mais segura se falasse com essa Lexa pessoa..

— Nem pense nisso! — Clarke quase gritou, suspirou e tentou suavemente: — Não sou mais criança, lembra?

Abby suspira dramaticamente e a linha fica em silêncio.

— Me desculpe. Se cuida, ta bom? Boa noite. — a mulher encerrou a ligação sem esperar resposta e Clarke ficou se sentindo culpada.

Fico olhando para a tela do celular por um tempo pensando se devia ligar novamente ou se devia procurar um remédio para a dor de cabeça que já surgia.

— Problemas com a família? — a menina pulou e quase se desequilibrou, olhou para trás e encarou Lexa. — Desculpa, não era a minha intenção te assustar. — Lexa parou à menos de 2 metros de distância e trocou o peso do corpo de uma perna para a outra desconfortavelmente.

— Mais ou menos, é a minha mãe.

Ela sorriu, um sorriso que na luz do lampião parecia ainda mais bonito.

— Está tudo bem? — Seu tom é inesperadamente gentil e Clarke suspira.

— Minha mãe acha que sou adolescente ou algo assim.

— E todos não somos? — lá estava o sorriso de novo.

Será que a natureza a deixa de bom humor?

Algo em seu sorriso, na sua postura e até no seu tom de voz fez com que Clarke quisesse esclarecer uma coisa.

— Sabe Lexa, eu ainda não me desculpei por aquele dia no bar. — a loira explicou rapidamente, tentando não ser interrompida pela outra mulher — Quando eu disse que não estava pronta... há seis meses meu pai sofreu um acidente e desde então somos só minha mãe e eu e acho que esqueci como... eu esqueci tudo. Não sei.

— Sinto muito por sua perda, Clarke. Não tinha ideia. — Lexa respondeu com sinceridade.

— Obrigada.

Clarke inspirou profundamente e assentiu. Era um tópico muito delicado.

— Entendo a sua dor, Clarke. — Lexa fala suavemente, seus olhos em qualquer lugar menos na loira — O nome dela era Costia... o helicóptero caiu no deserto...

Clarke avaliou a mulher, a voz não sofreu alteração, mas o corpo dela parecia tenso. Devia ser difícil baixar a guarda.

— Ela era especial... mas também era primeira tenente e estava designada para aquela missão — Ela junta as mãos atrás do corpo e Clarke tem a impressão de que um leve calafrio percorreu o corpo de Lexa — Eu sei o que você está sentindo, é difícil ultrapassar as barreiras que uma perda desse tipo levanta. Costia era minha de um jeito que eu não sei se serei de alguém novamente.

Clarke se lembrava de uma notícia sobre isso um ou dois anos atrás, um helicóptero da força aérea tinha caído no deserto, uma falha no motor...

Ela engoliu o nódulo em sua garganta e se aproximou de lexa, puxando os braços da mulher e apertando suas mãos.

Aquela Lexa que sofria por um amor perdido e se abria com alguém, essa mulher era alguém que Clarke nem imaginava existir. Lexa parecia inalcançável e inatingível. Mas ela não era. Não era um robô obcecado com trabalho também. Ela era só uma pessoa triste.

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora