Capítulo 19

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A prisão era um lugar terrível, as outras prisioneiras olhavam para Lexa como se ela fosse o lanche delas, a mulher ficava mais assustada a cada segundo que passava lá. Sua situação era ruim, mas até onde sabia, Clarke estava em uma situação pior. Anya já devia saber que Lexa tinha cumprido sua parte no acordo, então Clarke já estava livre? Lexa precisava entrar em contato com Anya para saber.

Com a cabeça erguida e tentando ignorar as mulheres ao seu redor, Lexa andou até o balcão do refeitório e pegou uma bandeja com comida, sem olhar o conteúdo ela se dirigiu para a mesa mais vazia que podia enxergar. À caminho da mesa Lexa tropeçou e foi parar no chão, espalhando toda a comida e sujando a roupa. Sua queda fez com que as prisioneiras rissem e os olhos da morena se encherem de lágrimas de vergonha. Lexa juntou o próprio orgulho e se levantou, uma mulher estava de pé aguardando que a morena olhasse para ela. Assim que se deu conta da presença ameaçadora da mulher, Lexa entendeu que tudo aquilo se tratava de guerra territorial. A mulher estava mostrando quem mandava ali.

— Olha por onde anda, novata. — a mulher disse com uma voz grave de quem fuma a muitos anos. — Não consegue erguer os pés?

Lexa poderia ter ignorado se seu ego não estivesse tão ferido e se o comentário não fosse seguido por risadas debochadas de suas colegas de prisão, veja bem: Lexa nunca fui uma pessoa que lida bem com deboche, estava acostumada a comandar uma empresa cheia de homens que julgavam que a ciência não era lugar para mulheres, ela se certificava todos os dias de que eles não ririam dela. Então, esquecendo toda a prudência e deixando o orgulho agir, Lexa falou:

— Ah, eu sei andar. — Lexa cruzou os braços — Mas não precisaria olhar por onde ando se você não colocasse o pé no meu caminho.

A mulher na frente de Lexa pareceu dobrar de tamanho ao ter sua autoridade desafiada. A morena reconheceu o erro e deu um passo para trás, mas acabou irritando a mulher ainda mais. Lexa recebeu um soco no rosto que era impossível de desviar, ela ergueu a mão para tentar se defender de outro soco, mas a mulher apenas agarrou seu ombro e desferiu socos no estômago de Lexa. A morena sentiu o gosto de sangue e outras prisioneiras se amontoando ao redor delas até que a escuridão tomou conta de tudo.

* * * *

Ela acordou na enfermaria meia hora depois, soltou um gemido de dor ao tentar se levantar e um homem apareceu ao seu lado.

— Vai com calma lutadora! — ele diz com um sorriso. — Você tem alguns machucados feios aí, com sorte não vai ficar cicatriz. — ele franze as sobrancelhas, preocupado e continua: — Sua barriga pode doer um pouco, mas não é grave.

Lexa murmurou um agradecimento rouco e fechou os olhos, estava começando a se sentir sonolenta e só queria se livrar da dor. Suspirou ainda de olhos fechados, o que deu nela para entrar em uma briga?

— Olha, eu sinto muito por isso. Acho que é quase impossível evitar as brigas nas primeiras semanas. — ele suspirou — Mas nesses casos, a vítima pode fazer uma ligação...

— É tudo uma armadilha. — Lexa murmurou amargamente e então se deu conta do que o médico disse. — Eu posso fazer uma ligação? — perguntou soando um pouco desesperada.

Ele sorriu amigavelmente.

— Sim. O telefone fica no corredor.

Ansiedade e adrenalina tomam o corpo de Lexa e a estimulam a sair da cama apesar da dor. Ela agradeceu ao médico e se encostou na parede ao sair da sala. Os telefones eram mesmo no corredor! A mulher quase caiu de alívio quando discou o número de Anya e escutou chamar. O telefone tocou umas 5 vezes antes que Anya atendesse.

— Anya? — Lexa chamou cheia de incerteza. Seu relacionamento com Anya tinha alcançado um ponto confuso e distorcido. O que elas eram? Quanto de empatia Anya merecia? Lexa ainda não teve tempo para assimilar tudo.

— L-lexa. — Lexa achou que ia sufocar com o nó que surgiu em sua garganta ao escutar a voz de Clarke. Lexa hiperventilou e ficou tonta de alívio tudo de uma vez. Clarke estava livre? Anya tinha cumprido o acordo e liberado a menina? Por que Clarke estava com o telefone de Anya?

Lexa despejou todas as perguntas de uma vez só e ouviu Clarke replicar com um tom calmo e tranquilo:

Você já se preocupou demais, Lexa. Confie em mim. — Clarke pediu — Onde você está?

Confie em mim. As palavras tocaram fundo em Lexa e ela respirou fundo. Clarke compreendia seus sentimentos, não era preciso explicar agora tudo o que estavam dispostas a fazer para que as duas ficassem bem. Lexa se sentiu vulnerável e ao mesmo tempo sentiu que Clarke era alguém confiável o suficiente para se apoiar, então a morena decidiu confiar e admitiu que estava com medo.

Foi difícil de escutar a própria voz tão quebrada, parecia uma situação sem solução e admitir em voz alta tornava tudo pior. Clarke pareceu sem reação e Lexa esperou, deixando que as palavras pairasse entre as duas no silêncio desolador que se seguiu.

Vou tirar você daí. — veio a voz de Anya do outro lado da linha e encerrou a ligação. Lexa piscou várias vezes. Vou tirar você daí. Lexa estremeceu. A pessoa que a colocou lá, a pessoa por quem tinha todos os sentimentos confusos e um relacionamento conturbado prometeu que a tiraria de lá. Ela finalmente tinha percebido o erro que cometeu? Tinha se arrependido ou era outra mentira?

Lexa voltou para a cela pensando sobre a frase de Anya. Preocupada e com medo de suas colegas de cela, Lexa não conseguiu dormir. Passou a noite toda presa em um loop de "Confie em mim." "Vou tirar você daí." Clarke tinha convencido Anya de seu erro?

Logo de manhã dois guardas apareceram na cela e abriram a porta, deixando todas as prisioneiras da ala em alerta.

— Lexa Grigori? — um deles chamou — Pegue suas coisas, você vai sair.

Lexa fica parada olhando para o guarda, o coração batendo alto em seus ouvidos. Ela não conseguia acreditar no que tinha escutado.

Anya realmente fez o que prometeu.

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora