Capítulo 18

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Clarke quase sorriu ao perceber como Anya estava nervosa, mas sentia-se tão desgastada que só queria que tudo aquilo terminasse. Ela encostou na porta e abaixou a arma.

— Sabe, acho que você não deveria guardar uma arma na escrivaninha, é tão filme dos anos 90. Um pouco previsível.

Anya se apoiou na mesa e perguntou com a voz trêmula:

— O que você quer, Clarke?

— Tentando ser dissimulada para ganhar tempo? — Clarke a encarou, tentando controlar a raiva que ameaçava tomar conta de seu corpo — Você sabe o que eu quero.

— É tarde demais... Ela já se entregou à polícia...

Clarke estava irritada, preocupada e prestes a puxar o gatilho, mas não era burra, estava prestando atenção o suficiente para perceber a mudança em na voz da outra mulher ao falar sobre Lexa.

— O que? — Clarke perguntou com deboche — Você fez tudo isso e ainda esperava que ela não se entregasse?

O corpo de Anya ficou tenso e Clarke sente um leve tremor na mão. A tensão era muito grande.

— Você a ama, não é?

Anya desvia o olhar e Clarke anda até ela, destravando a arma no caminho.

— Como você pôde fazer algo assim à alguém que ama? — perguntou com puro veneno — Qual é o seu problema, Anya?

— Porque ela colocou a cabeça sob seu coração! Ela precisou de todos esses anos para descobrir o que era amar, e eu precisei do mesmo tempo para descobrir que amar é fraqueza! Ela me ensinou isso, pensar no lugar de sentir, o amor a levou para trás das grades e minha cabeça me trouxe até aqui. — Anya cuspiu com a voz embargada — Aprenda também, amar é a maior fraqueza do ser humano.

— Se é fraqueza, por quê não superou e seguiu sua vida? Por que continuou sendo band-aid para ela? Isso não me parece coisa de quem não sente nada. — Clarke desprezou — Coisa simples que uma terapia resolvia.

Anya avançou contra Clarke e as duas caíram no chão, Anya prendeu o tronco de Clarke sob seu corpo e os pulsos da menina com as mãos, jogando a arma para o lado. Lágrimas escorriam por seu rosto e pingavam em Clarke.

— É culpa sua! — Anya gritou para Clarke — Você acendeu alguma nela que eu não consegui, Clarke. Eu tentei, mas não consegui. — Anya fungou e apertou os pulsos de Clarke — Isso trouxe de volta tudo que eu tentei esquecer, você não faz ideia do que significa para ela, mas eu sei. Eu vi o brilho em seus olhos... Eu só queria ser a causa daquele brilho, mas...

Suas palavras são interrompidas por um celular vibrando, Anya olha para baixo e alivia o aperto no pulso de Clarke, a garota se aproveita para desequilibrar Anya e rolar para perto da arma. Com a arma apontada para Anya, Clarke se aproxima e puxa o celular do bolso da mulher e coloca a chamada no viva voz.

Anya? — a voz do outro lado da linha chama.

— L-Lexa...? — Os olhos de Clarke ficam úmidos.

Clarke? Você está bem? Onde está Anya? O que está acontecendo?

Clarke sorri em meio a vontade de chorar, Lexa estava presa e mesmo assim estava preocupada com a loira.

— Você já se preocupou demais, Lexa. Confie em mim. — Clarke pediu — Onde você está?

Bem, estou em um presídio de segurança mínima, ainda vão me transferir. Mas não sei como as coisas vão ficar. Anya planejou tudo. — ela ficou alguns segundos em silêncio e continuou com a voz trêmula: — Eu.. estou com medo, Clarke...

As palavras travam na garganta de Clarke, disputando espaço com todas as lágrimas que ela segurou. Clarke não sabia o que dizer, precisava ajudar Lexa, mas estava tão cansada e sua própria situação ainda não tinha sido resolvida.

— Lexa... — Anya falou do chão e Clarke voltou sua atenção para ela. A expressão de Anya parecia devastada. Clarke sabia que Lexa não tinha escutado Anya dizer seu nome já que não passou de um sussurro, então quando a mulher no chão estendeu a mão para pegar o telefone, Clarke cedeu. Anya deu um sorriso fraco, sem vida e sem humor e isso fez confiar Clarke perceber que ela tinha alcançado o limite.

— Eu vou tirar você daí. — Anya falou para Lexa e estendeu a outra mão para que Clarke a ajudasse a se levantar.

As mulheres se encararam e Clarke se surpreendeu com a mudança na expressão e na voz da outra mulher. Parecia outra pessoa. Seu rosto era uma máscara de calma e sua voz era determinada. Anya estava sendo sincera e Clarke sentia que definitivamente não a conhecia. 

O "Mais" que eu preciso (Clexa) REVISADOOnde histórias criam vida. Descubra agora