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Escrever aquela carta talvez tivesse sido uma das tarefas mais difíceis da existência de Asterin

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Escrever aquela carta talvez tivesse sido uma das tarefas mais difíceis da existência de Asterin. Depois de, claro, a carta que havia deixado para Rhys quando partiu.

Seria uma grande mentira se Asterin dissesse que não estava nem um pouco ansiosa com aquela festa. Talvez Rhys sequer fosse. Talvez ele sequer respondesse ao convite dela. Na pior das hipóteses, talvez nem se dignasse a ler a carta antes de joga-la ao fogo.

Asterin sabia que ele estava com raiva. Ela não podia julgar Rhys por sentir tal coisa. Ela o fizera acreditar que teriam tempo juntos, e no final, havia partido sem ao menos dizer adeus de uma forma decente.

Aquela noite ainda a assombrava. A forma que Asterin tinha juntado suas coisas antes que qualquer um aparecesse para impedi-la. A forma como tinha escrito as pressas aquela carta que tinha terminado de partir seu coração. E então, ela desapareceu para sempre. Em busca de um lugar que sequer sabia se existia mesmo ou não.

Ela largou tudo; sua Corte, sua casa, sua família. Por um destino que sequer havia sido escolhido por ela. Asterin não tinha sequer tido o direito de escolher o que fazer. Ao menos, não sem arriscar vidas inocentes. E ela não queria ter esse tipo de sangue em suas mãos.

Ela havia esperado pacientemente o dia em que seria seguro ir até eles novamente. Sonhado com o momento em que veria sua família de novo. Mas nunca tinha surgido a chance. E quando finalmente pôde vê-los, as coisas não tinham corrido como ela havia planejado.

Asterin sequer tinha planejado voltar em um momento tão ruim. Na verdade, sabia que, por mais forte que seu reino fosse, tinha sido a hora errada para se exporem daquela forma. Mas ela não ficaria em paz consigo mesma sem ver ele, sabendo que Rhys tinha passado por tudo aquilo que tinha passado. O coração dela doía toda vez que pensava naquilo. Queria ter estado lá por ele, queria ter dado o apoio que Rhys sempre havia dado para ela.

No fim das contas, Asterin era apenas uma das pessoas na vida de Rhys que tinham o decepcionado. E que não tinham sido boas para ele. Doía nela admitir aquilo, e a illyriana era incapaz de não levar um pouco de culpa por tudo aquilo.

Quem Rhysand era agora? Quinhentos anos mudavam muita, muita coisa. Haviam mudado muita coisa na vida de Asterin, apesar de sua essência continuar a mesma.

Com um longo e pesado suspiro e um agitar de asas inquieto, Asterin passou com força a mão pelo rosto e prendeu os cabelos negros, algo que sempre fazia quando estava ansiosa.

Toda vez que pensava que talvez tivesse cometido um erro quando havia largado sua família e ido até Nilfheim, ela se lembrava do dia em que tinha encontrado Travis, com a garganta estraçalhada, vivo por apenas um fiapo. Foi a primeira vez que ela conseguiu controlar o vento para ajuda-la. E se ela não tivesse conseguido tal coisa, Travis estaria morto naquele momento.

E Conan, que tinha largado tudo por uma mortal que, no fim das contas, apenas queria provar algo para própria família. E depois tentou mata-lo, ouvindo dizer que as asas de um serafim valiam como ouro no mercado negro. Ele fugiu, mas seu coração se tornou pedra. Quando Asterin o conheceu, Conan era frio como a noite e cruel como os monstros que vagavam por Nilfheim antes dela dar um jeito neles. Mas Asterin sempre viu bondade em Conan, e insistiu naquilo até que ele pudesse voltar a ser quem era de verdade.

(I Don't Believe In) Fate • ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora