Asterin tinha nascido com um karma, mas ela supunha que toda fêmea illyriana tinha nascido com ele. Para ela, não era nada diferente.
Asterin deveria estar acostumada com o machismo, a maldade e as agressões, mas a verdade é que aquilo apenas alimen...
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Asterin e Eris estavam abraçados quando a porta de ferro foi aberta e os guardas entraram, puxando ambos, os separando. Eris grunhiu, tentou atacar, mas de nada adiantou. Eles os arrastaram, os dois para fora. E ninguém notou a mão sangrando de Asterin. E nem a de Eris.
Aquele dia, seria o fim. O fim daquele inferno. E não importava quem teria que morrer para aquilo acabar. Asterin sabia que o chão daquela casa seria manchado de sangue naquele dia.
Eris olhou para Asterin apenas uma vez. Nada mais precisava ser dito entre eles.
Isso acaba hoje.
-Ande logo, vagabunda.- o irmão de Eris sibilou, chutando Asterin. Ela rosnou para ele.
Ele não pareceu notar a chama de vida brilhando nos olhos de Asterin; não pareceu entender as palavras não ditas nos olhos da illyriana. Esse vai ser o seu fim e não o meu, babaca.
Não vou morrer.
Não vou morrer.
Não vou morrer aqui.
Ela estava novamente diante das portas duplas que levavam ao trono de Beron. Estava novamente ali, mas não iria perder para ele naquele dia. Ou não se chamava Asterin.
A porta se abriu com um retumbar e ali estava Beron. Sentado em seu trono, cercado pelos outros dois filhos que restavam. A Senhora da Outonal do lado, pálida como a morte, os olhos cravados em Eris. Ela iria permitir aquilo? Que Beron acabasse com a vida do filho deles a sangue frio? E, afinal, o que ela poderia fazer?
-Coloque os dois ai.- Beron disse indicando o chão diante de seus pés com a cabeça.
Asterin sentiu a pressão em seus ombros, a forçando a ajoelhar diante daquele monstro. Eris rosnou ao lado dela, mas o fez, os olhos cravados em Beron.
-Eu já me decidi quanto ao que vou fazer com vocês.- Beron disse estalando a língua. -Eu vou te dar outra chance, Eris.
-Você vai?- Eris perguntou, um sorriso sarcástico cruzando os lábios. Beron franziu o cenho.
-Eu posso ser misericordioso, sabia?- Beron disse com um sorrisinho. -Me prove que você merece minha confiança e está livre.
-Faça o que seu pai diz.- a Senhora da Outonal disse, baixinho, apenas para receber um olhar cortante de Beron.
-Está bem. O que quer que eu faça?- Eris disse, arqueando a sobrancelha. Beron deu um sorriso cruel.
Ele vai pedir sua cabeça, Asterin.
Então dê a ele o que ele quer, Eris.
Beron indicou para que tirassem as amarras dos pulsos de Eris e assim fizeram. Eris se levantou, esfregando o pulso. E olhou para Beron, esperando.
-É simples.- Beron disse, puxando uma adaga comprida das vestes.
Ela reluziu devido ao sol que entrava pela imensa janela de vidro a direita de Asterin. Tinha o cabo de ouro e era extremamente brilhante. A adaga da familia Vanserra, ela logo percebeu. Beron sorriu novamente e a atirou nos pés de Eris. Eris torceu o nariz, olhando para adaga e depois para Beron.
