Asterin tinha nascido com um karma, mas ela supunha que toda fêmea illyriana tinha nascido com ele. Para ela, não era nada diferente.
Asterin deveria estar acostumada com o machismo, a maldade e as agressões, mas a verdade é que aquilo apenas alimen...
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Rhysand não sabia exatamente se queria entender o que estava sentindo naqueles dias que se passavam, então ele bebia. Talvez aquela fosse a melhor forma de tentar apagar os últimos meses, anos, de sua memória.
Seria mentira se Rhysand dissesse que não estava partido por dentro. Amarantha tinha se certificado de que aquilo acontecesse, o deixando tão quebrado que as vezes Rhys não sabia se teria forças o suficiente para colocar tudo de volta no lugar.
Ele estava a beira de um colapso quando ela apareceu. Ali, na Casa do Vento, como se nada tivesse mudado. Como se não tivessem se passado cinco séculos. Ali, naquele lugar onde tinham jantado juntos tantas e tantas vezes antes, onde tinham celebrado juntos em família milhares de vezes, onde ela o tinha abraçado pela última vez antes que Rhysand partisse apenas para, quando voltasse, descobrisse que Asterin tinha ido embora para nunca mais voltar.
E por mais raiva que Rhysand quisesse sentir de Asterin, não conseguia. Não ao ver que ela continuava a mesma que ele se lembrava: o olhar voraz, o sorriso preguiçoso nos lábios, a língua afiada e aquela chama insaciável dentro de si mesma. E ainda assim, Rhysand sentia como se ela fosse uma completa desconhecida.
Talvez ela fosse de fato. Apesar de não parecer, Asterin também tinha mudado, ele sabia. Afinal, era uma Rainha agora. E quando você ganha um título como esses, algumas coisas precisam mudar. Rhysand sabia disso perfeitamente.
Ainda assim, quando a olhou, Rhysand sentiu como se nada tivesse mudado. Como se não tivessem se passado quinhentos anos e Asterin continuasse sendo a sua Asterin. Não a rainha de uma terra perdida, não a Domadora do Vento, mas apenas a sua querida Asterin. Aquele que tinha desafiado machos illyrianos por apenas olharem para ela, que tinha vingado a morte da irmã e ameaçado milhares de machos. E sequer havia tremido.
Ele ficava feliz por ela, ficava mesmo. Asterin merecia muito, muito mais do que apenas uma coroa. Merecia o maldito mundo inteiro. E Rhys poderia ter dado isso a ela se Asterin desejasse, mas agora...
Seria uma grande mentira se ele dissesse que não estava mexido por revê-la. Pela Mãe, não havia se passado um dia sequer desde que Asterin partiu que Rhys não tivesse pensado nela, sentido a falta dela. Asterin ainda estava ali, em seu coração, e talvez fosse estar para sempre. Mas Rhys também não podia dizer que não estava magoado com ela. Quinhentos anos, nenhuma notícia; Ele havia sido assim tão descartável para ela que Asterin sequer havia se preocupado em mandar a ele uma notícia? Ela não precisava ter voltado, e se ela tivesse pedido, ele não iria atrás dela, mas Rhys teria gostado se ela o tivesse avisado. Pelo menos uma vez. Assim, não teria passado aqueles anos todos se questionando se a fêmea que amava estava viva ou não.
E Rhys tentou, tentou de verdade, esquecer o que sentia por Asterin, tira-lá de dentro de seu coração. Mas havia sido impossível. E depois de cinquenta anos preso em Sob a Montha, Rhys tinha desistido de muito mais do que apenas tentar esquecer Asterin. Também tinha desistido de amar. E de um dia ser amado tanto ao ponto de não ser deixado.
-Está fazendo aquela cara de novo.- Feyre disse arqueando a sobrancelha e Rhys apenas riu. -Pensando nos rubis de sangue que ganhamos?
E agora tinha mais aquilo. Uma inimizade com Tarquin, algo que incomodava Rhys profundamente. Ele gostava do Grão Senhor da Estival, mas não tivera muita escolha. Rhysand odiava aquelas partes de sua vida: fingir ser alguém que não era e manipular e enganar pessoas de quem gostava.
-Ou pensando na sua ex companheira?- Feyre insistiu e Rhys apenas a lançou um olhar de alerta. Aquele era um território perigoso, muito muito perigoso. A Archeron sabia bem disso, mas não era como se Feyre se importasse muito com aquilo. Principalmente quando ela sabia, ou ao menos tinha percebido, o que Asterin significava para Rhysand.
-Cuidado com o que vai dizer.- Rhys ronronou, apenas para ver Feyre revirar aqueles belos olhos azuis acizentados.
-Não vou cair mais nessa, Rhys.- ela disse cruzando os braços e se sentando ao lado dele. -Decidiu o que vai fazer?
-Quando você se tornou uma chata intrometida?- Ele disse com um sorriso de gato, mas aquilo sequer causou efeito em Feyre.
-Pode enganar Cassian, Azriel e Mor com toda essa pose, mas não a mim. Sou sua parceira, lembra?- Feyre disse com um sorriso sarcástico e Rhys deu uma risada suave.
-Como esquecer, você quase enfiou um garfo na minha garganta por isso.
Feyre apenas riu e balançou a cabeça, analisando a tatuagem em seu braço. A marca da barganha que tinham feito em Sob a Montanha, quando ambos estavam quebrados e prontos para morrer.
-Nunca te agradeci por me salvar, Rhys. E não digo apenas em Sob a Montanha. - ela disse, mas ele apenas deu de ombros.
-Não precisa me agradecer por nada, Feyre. Eu vi em você um brilho que me lembrou... Do meu passado. E soube que deveria lutar por você, para que tivesse uma chance. Para que todos tivessemos uma chance.
Feyre deu uma risada e se virou para olhar Rhysand nos olhos. Rhys sabia o que ela estava pensando, e não precisava ter um laço entre eles ou usar os poderes daemati para que ele soubesse.
-Te lembrei a Asterin, não é? Aquela Rainha guerreira de quem você tanto tenta esquecer. - Feyre disse com divertimento. E Rhys sabia que seria burrice negar, principalmente quando ela já sabia da verdade, então por isso apenas disse:
-Sim. Sim, Feyre, você me lembrou a Teri.
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Opa, voltei rsrsrs Sério, eu não ia fazer um pov do Rhysand não, mas vocês me pediram demais, credo. Ai eu fiz né KKKK
Espero que estejam gostando! Vejo vocês no próximo capítulo! ~Ana
