Capítulo 21

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Senti como se meu corpo estivesse lutando com todas as forças pra que eu não acordasse. Meus olhos pareciam pesar um tonelada e o barulho que eu ouvia era como se eu estivesse debaixo d'água.

Depois de um tempo de luta, consegui abrir um pouco os olhos, minha visão estava muito embasada mas pude reconhecer o quarto de hospital. A medida que o tempo passava, foi ficando mais fácil enxergar com clareza ao redor. Novamente eu estava sozinha aqui.

Eu estava morrendo de sede, e estava com muito frio também. Eu tentei puxar o cobertor mais pra cima, mas não consegui mexer minhas mãos, com um pouco de esforço, consegui olhar pra baixo e vi as duas estavam algemadas a cama.

- Sinto muito por isso. Não queríamos que você acordasse e tentasse alguma coisa. - Devagar, virei minha cabeça em direção a porta, e encontrei Carlisle.
- Seus tios estão na cantina, vou chamar eles.

- Lucy. - Nenhum humano conseguiria ouvir o que disse, já que não passava de um sussurro. - Ela está na estrada, perto da minha casa.

- Nós sabemos.

- Eu matei ela.

Carlisle por um segundo, deixou de lado sua expressão acolhedora e simpática e me olhou como se pudesse sentir tudo o que eu sentia.
Rapidamente, ele voltou a me olhar com a mais sincera compaixão e se sentou na cadeira ao lado da minha cama e segurou em uma das minhas mãos ainda algemadas.

- Jennie...

- Eu matei meus pais, meu namorado, e agora a Lucy. Já perdi a conta de quantas pessoas já foram parar no hospital por culpa minha. Eu sou uma aberração.

- Você é uma das melhores pessoas que já tive a honra de conhecer.

- Eu não...

- Jennie, você nasceu com uma habilidade surpreendente. O que você tem, nas mãos erradas seria uma arma de destruição, mas você escolheu abrir mão de tudo que uma jovem da sua idade gostaria de viver só para proteger as pessoas que estão a sua volta.

Ele se levantou e subiu um pouco o cobertor até meus ombros.

- Eu vou chamar seus tios, eles vão ficar felizes em saber que você acordou. - Disse saindo do quarto. Eu não queria que ele fosse chamar meus tios, não queria ter que encarar eles.

As algemadas, embora não estivessem apertadas, me incomodavam profundamente.

Alguns anos atrás eu tive depressão. Lembro que me sentia a pessoas mais infeliz do mundo e que tudo o que eu queria era ficar no meu quarto até que todo o mundo desaparecesse. Eu achava que tinha chegado ao fundo do poço e que nada poderia fazer eu me sentir pior. Eu estava errada.

Quando ouvi a porta ser aberta, olhei pra parede. Eu não queria encarar meus tios, eles fizeram de tudo pra que eu fosse feliz aqui e eu ia retribuir todo favor da pior forma possível.

- Olá. - Senti um frio na barriga quando ouvi sua voz. Quando olhei pra ele, o vi perfeito como sempre, mas seu rosto que na maioria das vezes tinha uma expressão neutra, agora carregava um olhar sofrido.

- Oi Jasper.

Ele ficou parado na porta parecendo não saber o que fazer. Eu também não conseguia olhar pra ele por muito tempo, grande parte porque estava envergonhada mas também estava nervosa como nunca estive antes na presença dele.

Girl on Fire • Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora