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Eu sou assim desde que me lembro. A medida que fui crescendo, isso cresceu junto comigo.
No começo eram só algumas faíscas que saiam por entre meus dedos quando eu me concentrava muito. Depois eu conseguia fazer meu dedo acender como um fósforo, durava só alguns segundos mas como eu era criança adorava isso. Eu pensando "se eu nasci com esse dom então é porque o cara lá de cima com certeza me acha muito especial" mas não demorou pra perceber que na verdade eu não nasci com um dom e sim com uma maldição.
O primeiro acidente foi na casa da minha babá. Eu tinha sete anos e estava brincando com o filho dela da mesma idade que a minha quando ele pegou uma das minhas bonecas pra cortar o cabelo dela. Eu mandei ele soltar mas ele me ignorou, aquilo me deixou louca. Um segundo depois a boneca começou a queimar, suas mãos que a seguravam firmemente acabaram com queimaduras de primeiro e segundo grau.
O segundo acidente foi quando eu tinha nove, eu estava em um passeio da escola quando uma garota muito mais velha de outra escola esbarrou em mim e me fez cair no chão banheiro. Eu pensei que ela me ajudaria mas em vez disso começou a rir enquanto tirava um cigarro que estava escondido no seu sutiã. Quando ela acendeu o esqueiro as chamas ficaram do tamanho de uma fogueira e foram direto pra seu rosto. Quando percebi o que tinha feito corri para tentar ajudar mas não tinha nada que eu pudesse fazer além de levá-la até a torneira e jogar água nela. Ela acabou perdendo a visão de um dos olhos e com metade do rosto coberto com cicatrizes.
Eu já tinha me convencido de que o primeiro acidente tinha sido um caso isolado e que nunca mais perderia o controle daquela forma, mas o que aconteceu naquele banheiro me deixou apavorada. Depois disso eu comecei a me afastar dos meus amigos, não queria que eles corressem o risco de se machucarem mas isso não evitou que outros acidentes acontecessem e mais pessoas saíssem feridas.
Meus pais sempre souberam o que eu era capaz de fazer e até tentaram me ajudar a controlar mas não tinha muita que eles pudessem fazer.
O que realmente deixava o meu poder fora de controle eram as minhas emoções então passei a tomar calmantes todos os dias antes de ir a escola mas isso não adiantava muita coisa.Mesmo me afastando de todos tinha um garoto na escola que eu gostava muito. O nome dele era Taeyang e tinha entrado lá não fazia muito tempo e por alguma razão também começou a gostar de mim mesmo eu tentando de todas as formas o afastar. Eu nunca me senti uma jovem normal, meus pais tentavam de todas as formas me proteger então não deixavam eu sair pra festas nem nada do tipo então quando Taeyang e eu começamos a namorar tentei ao máximo esconder deles.
Eu sabia que estava pondo ele em perigo mas eu vivi toda a minha vida pensando nos outros, nunca coloquei minhas necessidades em primeiro lugar e isso a muito tempo já estava me desgastando. Eu queria ser uma jovem normal que sai nos fins de semana com as amigas e o namorado. Não era pedir demais ter uma vida normal nem que seja só por um tempo. Não me parecia tão errado e egoísta pensar em mim pela primeira vez na vida.
Era dia 16 de janeiro de 1998 eu completei dezessete anos e como sempre não teve festa, eu não teria ninguém pra convidar além do Taeyang e meus pais nem sequer sabiam que ele existia. Durante o dia eles fizeram uma pequena comemoração só nossa e quando começou a anoitecer ouvi batidas na janela do meu quarto. Tive que me segurar para não rir alto quando vi Taeyang pendurado em um dos galhos da árvore que ficava do lado da minha casa.
- O que faz aqui? Se meus pais verem você eu tô morta. - Disse quando ele entrou.
- Eu queria te dar uma coisa. - Disse ele tirando uma caixinha do bolso. Dentro tinha um colar com o formato de um coração. Era pequeno e delicado. Ele o tirou das minhas mãos e colocou em mim.
- Feliz aniversário.
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Girl on Fire • Jasper Hale
Vampire"Alguns dizem que eu nasci com um dom, mas não é assim que eu vejo. Eu faria qualquer coisa pra isso parar, pagaria qualquer preço pra ser uma garota normal com problemas normais, daria minha vida sem pensar duas vezes se isso significasse trazer mi...