2- Liam Forest

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Volto para casa correndo. Daniel, Adam e eu temos um jogo importante às quatro da tarde. O que é em uma hora, porra.

Eu e meus dois melhores amigos dividimos uma casa em Avery, a cidade que rodeia nossa faculdade, Hills. Conheci Adam no Ensino Médio, quando morávamos os dois em New Haven, apenas quarenta minutos de Avery.

New Haven, como em Yale. A porra de Yale.

Somos jogadores de vôlei universitários, que ao contrário do que muitas pessoas pensam, é um esporte muito popular nos Estados Unidos. E por coincidência, Yale é nossa maior inimiga.
Eu odeio aqueles filhos da puta mais do que tudo.

Daniel veio do Brasil. Ele é originalmente de São Paulo, e quis fazer uma faculdade da Ivy League.
Vôlei é um esporte muito mais popular no Brasil do que aqui, mas conseguir uma bolsa de estudos por isso não foi difícil para ele. O cara joga para caralho.

Não consigo contar nos dedos a quantidade de vezes que ganhamos por causa de seus bloqueios. Daniel é uma muralha, com dois metros e cinco centímetros.

Nossa casa é generosamente paga pela faculdade. Benefícios da vida do jogador de vôlei, que é o esporte que mais rende para Hills.

Adam e Daniel estão jogando video game no sofá da sala, completamente alheios à minha presença.

Bagunço o cabelo loiro de Daniel para chamar sua atenção. Ele balança a cabeça e me responde com um pequeno aceno de mão.

- Não estão com pressa princesas?

- Não, o jogo é daqui três horas.

Eu paro no primeiro degrau da escada e volto de ré.
Que merda ele disse?

- Que merda você disse?

- Exatamente o que você ouviu, anta.

Adam começa a se levantar e ir para a cozinha, já sabendo o que vai acontecer.

Eu puxo o brasileiro pela blusa, e mesmo que ele seja bem mais alto que eu, é mais fraco.

- Seu merdinha, me disse que o jogo era às quatro.

Ele bate a ponta do dedo no meu nariz, em um gesto debochado.

- Claro, lindinho, eu disse. Porque você se atrasa sempre que tem aula com a professora gostosa. O jogo é só sete horas, senta aqui e relaxa um pouco. - Ele bate a mão no sofá, fingindo carinho.

- Eu não me atraso sempre, isso aconteceu uma vez.

Eu começo a recobrar a calma.

- Exatamente, e sabe o motivo de não acontecer uma segunda? Moi.

- Achei que falasse português, não francês.

Eu solto ele, que volta para o sofá e da um leve sorriso.

- Eu falo todas as línguas baby.

Sei ao que ele está se referindo e lhe dou um high five.

Subo até meu quarto e me jogo na cama. Seria um lugar extremamente sem graça, se não fosse por trilhões de papéis grudados nas paredes.

Tudo o que eu penso, eu escrevo. E tudo que eu escrevo - que valha à pena - vai para minha parede. É meu jeito de me expressar.

Adoro, tipo, sou louco por, escrever. É por isso que estou estudando Letras. Quando meu pai ouviu isso pela primeira vez, caiu no chão de tanto rir. Ele realmente achou que eu estava brincando. Mas eu não estava.

Não sei o que quero fazer exatamente, mas tem que ter relação com escrever. É a única coisa que amo fazer na vida. Bom, isso e sexo.

Pensando em sexo, me lembro da carta que deixei para Hannah Bailey ontem. Ela prometeu me encontrar no jogo de manhã, mas acabou me dando um bolo.

Found out I was coming - The Hills 1Onde histórias criam vida. Descubra agora