Sobre encontros, revoltas e mensagens.

190 16 2
                                    

Domingo, três horas da tarde, carro do policial Tsukauchi Naomasa.

— All Might você não devia estar fazendo isso. — Uma voz calma disse enquanto os olhos estavam atentos na estrada onde dirigia com atenção, mas como um bom motorista, ele também conseguia dar atenção para o loiro que estava sentado no banco de carona e tinha alguns envelopes em suas mãos e que não parava de mexer. — Você prometeu a Midoriya-san que leria somente lá.

— Mas Tsukauchi... nossa, Midoriya shoujo me pediu algo impossível. - O loiro suspirou abaixando a cabeça, de fato uma missão como aquelas era algo muito complicado para o All Might que tinha guardado tanto rancor pelo homem que era o inimigo dos usuários da individualidade One for All.

— Você só está exagerando Toshinori. - Tsukauchi respondeu, com um sorriso de canto por escutar o suspiro do homem, ele então pisou no acelerador, onde eles já podiam ver um barco que transporta os carros para a ilha onde ficava a maior prisão de vilões do Japão.
O local era conhecido como o Tártaros por todos que viviam no Japão, por ser um local onde mantinham presos vilões que possuem suas individualidades contidas pois utilizavam dela para o mal público, a prisão era isolada em uma ilha longe da região central do país. Era um local complicado de acesso para todos, exceto se você for um chefe da polícia ou o ex-herói número um, como é o caso do All Might e do Tsukauchi Naomasa, que se dirigiam ao local somente com um objetivo em mente.
Na verdade dois, como Midoriya Izuku, a nona usuária do One for All, ficou sabendo da visita dos dois homens ao Tártaros por motivos de investigação, Izuku pediu um pequeno favor para All Might que ele não conseguiu recusar mesmo que o pedido fosse considerado para o loiro algo terrível.
"All Might me desculpa por pedir algo assim... mas é que eu soube que você vai fazer uma visita ao All for One e..."
— Ele ainda continua sendo o pai dela e... é a única pessoa que ela tem no mundo que são ligados por sangue Toshinori, você sabe disso... — O homem falou desligando o carro e se virando para o loiro que tinha um olhar sério em direção às cartas em suas mãos. — Ela não pode ignorar ele para sempre.
— Mas não foi rápido demais Tsukauchi? — O loiro perguntou, se virando surpreso para o moreno que tinha um olhar compreensivo no rosto enquanto Toshinori começou a murmurar. — Quer dizer, faz quase um mês que tudo aconteceu claro, ainda é muito recente e eu acho que ela devia... não sei, dar um pouco mais de tempo porque não quero que Midoriya shoujo acabe se machucando de novo, ah se eu tivesse sido precavido... - continuou começando a se bater na perna. - e tivesse chegado em um pulo no acampamento, nada disso estaria acontecendo agora...
— Toshinori, ela não é uma menininha que precisa ser protegida o tempo todo... — O moreno falou tocando no ombro do loiro, fazendo ele parar de bater na perna imediatamente e olhar na sua direção. — Você está ficando igualzinho a ela acredita? até mesmo murmurando demais.
— M-Murmurando? — O loiro falou surpreso vendo o moreno rir.
— É fofinho, pode continuar assim, preocupado com a sua discípula. — O moreno falou corado e rindo do loiro que ficou sem graça também. — Não adianta negar amor, todo mundo sabe que você praticamente adotou a jovem Midoriya como filha.
— N-Não Tsukauchi! — O loiro falou sem graça e ficando um pouco corado, mas logo ele fez uma expressão surpresa. — E você não adotou também? Você vive preocupado com ela e sempre está querendo a empanturrar de doces!
— Ela gosta de doces, é o mínimo que posso fazer para deixá-la animada, além disso é sempre o jovem Togata que traz os doces da padaria do pai dele! — O moreno falou corado também, procurando se justificar.
No fim das contas, os dois meio que tinham se adotado como os pais da jovem Midoriya? Era isso mesmo? Os dois se olharam por um momento e não deixaram de rir por repararem nesse fato, mas o olhar de ambos foi na direção da ilha ao qual eles já estavam próximos, que assim como sua aparência, seu ar tinha um certo peso que fazia os dois homens parecerem um pouco incomodados de estarem lá.
No momento que se dirigiram em direção a uma sala do último andar do Tártaros, All Might permanecia em completo silêncio ao lado de Tsukauchi e de cinco policiais que tinham suas armas preparadas para caso acontecesse qualquer coisa. O loiro vestia seu uniforme de herói, mesmo estando totalmente largo em seu corpo, não era como se ele fosse o abandonar, aquela roupa carregava grande parte de sua história.
— Eu sabia que você viria uma hora ou outra All Might... - A voz começou a dizer quase que imediatamente, surpreendendo tanto aos guardas quanto a Tsukauchi, mas não ao All Might que tinha um conhecimento grande dos poderes do homem. — mas não com essa roupa! Ainda mais larga desse jeito! Que diversão para os meus olhos! — O homem falou começando a gargalhar.
— Só você para estar rindo sendo que está em uma situação que não esperava estar, não é All for One? — All Might perguntou caminhando em direção a duas cadeiras que estavam dispostas de frente a um vidro invisível, onde se encontrava do outro lado o All for One, em uma cadeira de concreto com roupas que o deixavam amordaçado do pescoço até os pés, deixando exposto somente seu rosto.
Era uma visão deplorável, nenhum dos dois homens tinham como negar.
— Vocês sabem, é uma diversão completa receber uma visita aqui porque eu só fico o dia todo de cara para a parede como se estivesse no cantinho da disciplina, apesar de que nunca fui muito adepto à Supernanny e seus métodos para criação de crianças com aquela coisa de colocar plaquinhas nas paredes e forçar crianças a ficarem sentadas em um local para aprender algo, eu prefiro que seja algo prático, como mostrar as consequências de seus atos... — O homem comentou pensativo, mas logo voltou a soltar uma risadinha extremamente irritante para o loiro. — opa, estou sendo mal educado e nem escutando a visita, qual o motivo de estarem aqui?
— Finalmente parou de falar. — O loiro resmungou vendo o vilão sorrir e continuar.
— Ah, então você não gosta que eu fale... Pensei que um dia pudéssemos ser amigos, ainda mais agora que você está sem o One for All, mas sem possibilidades né?
— Como se eu fosse me tornar o amigo de um homem como você...
— Poxa eu estava esperando que me tornado seu amigo, eu poderia ganhar uma televisão, é como eu disse, essa prisão é um tédio completo e eu fico o dia todo de cara com a parede, nem um rádio me deixam escutar e até para fazer minhas necessidades diárias eu sou vigiado. — O homem falou suspirando.
— É o mínimo, depois de tudo o que você fez, que machucou a várias pessoas... - All Might falou apertando o próprio punho, com a carta que Midoriya tinha escrito, o que despertou a atenção de Tsukauchi que, de forma precavida, pegou a carta das mãos do loiro enquanto ele tinha um olhar irritado na direção do homem. — Pelo... pelo...
— Ah, vai me dizer que ainda tem remorso pela Nana Shimura? — Perguntou inclinando a cabeça, mas sorrindo em seguida. — All Might isso já faz quase vinte anos, ah... mas foi uma noite incrível, eu ainda tinha meus olhos então consegui ver tudo claramente, era como se estivéssemos compartilhando uma última garrafa de vinho, a mais velha da deca e que ela abriu de qualquer forma e opa... derramou tanto vinho nela mesma, deitada no chão, morta, mas linda porque bem sua mestra morta era linda...
All Might começava a lembrar das cenas em sua adolescência, tendo que deixar sua mestra para trás e correr com Gran Torino, nem mesmo o corpo de sua mestra foi encontrado depois, tendo desaparecido e deixado para trás somente um rastro de seu sangue no chão.
Toshinori chorou tanto naquele dia...
— Ah... — suspirou o homem chateado. — Que saudades de tomar um vinho, por causa dos respiradores...
Toshinori se lembrava do sentimento de solidão que sentiu, o sentimento de raiva e ódio que sentiu pelo vilão e também do sentimento de saudades. Nana não foi somente sua Mestra, ela foi a mãe que Yagi nunca teve em sua vida. A Raiva voltava a consumí-lo naquele instante e todas as lembranças que tinha com o homem à sua frente, inclusive de como ele machucou tanto sua discípula e a deixou com traumas incorrigíveis.
Não queria deixar aquele homem machucar a mais ninguém, precisava salvar também o neto de sua mestra, precisava ajudá-lo.
— Por causa dos respiradores eu não consigo tomar um vinho, espero um dia poder voltar a beber... a última vez que bebi foi no nascimento da minha menina. — respondeu pensativo, mas se surpreendeu quando escutou um som de uma batida no vidro.
— CALA A BOCA!
— All Might! - Tsukauchi começou a falar, segurando no braço do loiro quase que imediatamente e olhando preocupado, assim como os guardas que estavam próximo dos dois homens — All Might, lembre-se do que viemos fazer... — Disse, forçando o homem a se sentar na cadeira e falando com um dos policiais para trazer água ou alguma coisa para beber, então ele se virou para o vilão que estava atento a escutar o que o Naomasa tinha a dizer. — Bom dia Senhor All For One, eu sou...
— Tsukauchi Naomasa, eu te conheço Senhor chefe da Polícia.
— Bom, era esperado mesmo que me conhecesse. — Respondeu dando de ombros. — Enfim, não vou me prolongar muito. Nós temos duas coisas a fazer hoje, a primeira coisa é que gostaríamos de discutir com você sobre os planos da liga dos vilões, e... queremos saber sobre o Shigaraki Tomura.
— Como se eu soubesse de algo... — O homem disse divertido — Eu estou aqui, como vou saber o que o Tomura está fazendo daqui? Além disso, ele que sempre tomou as decisões do que faria, eu apenas o apoiava como um pai deve apoiar seus filhos.
— E quais eram os planos de vocês antes de você vir para o Tártaros?
— Matar o All Might, simples não?
— E falhou na sua missão, simples não? — Tsukauchi perguntou rindo um pouquinho.
— Eu posso ter falhado, mas Shigaraki também deseja o mesmo, por isso simpatizamos tão rápido... eu fui o apoio que ele precisava, diferente de um certo herói número um, ah eu devo dizer ex não é? No fim, eu consegui matar All Might, mas não Toshinori Yagi. — O homem falou calmo, mas começou a tossir, o que surpreendeu os dois homens.
Era fato, o corpo dele estava completamente deteriorado.
Sobrevivendo com respiradores, sem os olhos e até mesmo sem nariz, tendo somente os lábios e um tubo atravessando a garganta.
Afinal ele sobreviveu por anos, desde a primeira era do nascimento das individualidades, sendo um precursor de uma era de sombras por todo o Japão, que atualmente em sua população tinha 80% apresentando individualidades.
— Pode ter matado All Might sim Senhor All for One, mas você não matou o sonho de vários adolescentes de trazer uma sociedade melhor, do contrário, você os trouxe motivação para continuarem seus estudos e buscarem a ser igual o grande herói que ele se tornou.
— Jovens sempre são facilmente influenciáveis, mas e os adultos? Duvido que a comissão heróica não esteja preocupada por All Might ter se aposentado tão rapidamente, é como se puxasse o tapete rapidamente e deixasse eles no chão, agora tendo que se ajeitarem sozinhos. — O homem falou calmo, se recuperando da tosse — ok, mas agora que respondi a pergunta de vocês, acho que o tempo acabou não é?
— O tempo acabou, senhores.
— Ah, uma última coisa... — All Might falou se levantando. — Você pode até dizer que os vilões vão vencer, que é impossível para uma sociedade evoluir e que sempre pisará nos descendentes de seu irmão, mas... e se você tiver que lutar contra sua própria filha? Ela sim tem convicções corretas, é até inacreditável imaginar que uma pessoa como Midoriya Shoujo tenha saído de você. — Disse, se virando e saindo andando. — O seu tempo está acabando All for One, mais rápido do que imagina.
— All Might! — Tsukauchi falou andando apressado, deixando a carta em cima da cadeira e indo atrás do loiro que saiu na frente.
All Might sempre perdia um pouco de sua postura quando o assunto era All for One, o que o vilão sabia muito bem, por isso se divertia muitas vezes conversando com o loiro. Sentiu um dos guardas que ficou no local pegar o pequeno envelope da cadeira e olhar curioso para o pequeno objeto em suas mãos.
— Parece curioso meu jovem.
— Ah é que deixaram uma carta aqui... - continuou a observar o objeto, era marrom e simples e quando percebeu tinha algo escrito no canto inferior. — está escrito somente "All for One".
— Uma carta? Mas eu não consigo ler daqui e muito menos posso receber presentes, você sabe disso jovem guarda. — O vilão falou pensativo e sorrindo. — É uma pena mesmo, devia devolver essa carta ao All Might e ao Senhor Policial ou simplesmente jogá-la fora.
O jovem guarda pareceu pensativo, vendo que seus colegas já tinham se retirado do local para seguirem a All Might, ele virou a cabeça olhando pensativo. Aquela carta estava direcionada ao vilão, e se fosse algum código indicando para ele fugir? Mas devia pertencer ao All Might e ao Tsukauchi Naomasa, o chefe de polícia.
Quando ia dizer algo, apenas repensou, se virando e saindo andando com a carta em mãos, podia apenas jogar fora sem mais nem menos. Mas o jovem não sabia por que, mas estava irritado pelo fato daquele vilão tão grande, tão poderoso, estar se submetendo aos fracos, se submetendo ao All Might que agora não passava de um homem sem individualidade.
No seu intervalo, retirou o capacete de sua cabeça, exibindo os longos cabelos grisalhos penteados para trás e direcionou seus olhos roxos na direção do envelope que tinha retirado do bolso de seu uniforme, enfim abrindo o envelope e se deparando com papéis ordenados em uma ordem e uma caligrafia fina e delicada.
Era como se ele pudesse observar que quem estava escrevendo aquela carta era uma jovem de cabelos verdes, os olhos antes verdes de um tom esmeralda e que carregavam consigo a inocência e brilho, tinham se convertido em um vermelho sinistro, que no fundo tinha somente... amargura e completo cansaço.
"Para All for One,
Olá. Para ser sincera, não sei se será capaz de ler essa carta, mas decidi por mim mesma escrever para você, pois o Senhor ainda é o meu pai e o que passamos juntos não é algo que eu poderia apagar sem mais nem menos, você faz parte da minha vida e é importante para mim.
Você se lembra? Quando estava comigo, você disse que queria construir muitas memórias novas comigo, e eu desejo o mesmo, queria que pudéssemos ser como pai e filha novamente e vivermos os dias que vivemos quando eu não passava de um bebê. Sim, as memórias desses dias voltaram de forma muito clara para mim, me pergunto se tem haver com a individualidade, acredito que sim.
Mas enfim pai, tem muitas coisas que não conheço sobre mim, especialmente sobre a individualidade que você forçou a se despertar em mim e que muitos se sacrificaram para me proteger só para eu não tê-la, pensando somente no meu bem. Sei que você não desejava isso, e que tem seus motivos, só que eu também não posso desconsiderar os sentimentos dessas pessoas... mas eu sempre quis saber o por quê, é uma incerteza que tem ficado em minha vida ultimamente então de todas as formas eu evitarei de usar a individualidade herdada a mim. Me perdoe.
A única coisa que eu tenho certeza ultimamente é que eu me chamo Midoriya Izuku, não Mahina Shigaraki, e que meu sonho desde sempre foi me tornar uma heroína para salvar todos com um sorriso, mesmo que o Senhor não goste, aprendi essa ideologia de vida com All Might.
Mais ainda, eu sou Midoriya Izuku, estudante da UA e que está traçando o caminho para me tornar uma heroína, são muitas matérias desde que comecei como inglês, matemática e leis heróicas (a mais complicada inclusive porque é tanta lei que me dá dor de cabeça e vontade de bater a cabeça na mesa para lembrar) além de que a cobrança é muito grande o tempo todo e todos na sala sentem a pressão também, mas unidos sabemos que podemos enfrentar a todos os problemas juntos. Eu pensei que eles iam simplesmente me ignorar ou até discordarem de eu continuar com eles por conta das minhas origens, de ser sua filha.
Ah também tem isso, eu não passo de uma adolescente confusa com sentimentos e que o tempo todo está sendo exposta a coisas novas... como, bem, é tão vergonhoso escrever sobre isso, mas já tive meu primeiro beijo e quase perdi minha virgindade em menos de um ano. Ai por que eu estou falando disso com você? Dá vergonha mas... eu queria poder conversar com você, pedir conselhos... o Senhor parece experiente nisso (melhor do que eu é sim, com certeza) e ainda tive que lidar com as provas e o acampamento e bom, tudo que aconteceu relacionado a nós dois.
Os frutos do que aconteceu naquela noite ainda estão enraizados e mesmo que seja doloroso algumas vezes por sobre como as pessoas agem comigo, me lembro até do Senhor me falar disso, que eles não iam me querer e que eu não teria um lugar para voltar, que eu não passaria de uma Shigaraki, uma pessoa que foi feita somente para machucar as outras. Mas o Senhor estava enganado. Todos me apoiam, me ajudam e especialmente fazem eu me sentir mais forte, mais motivada a continuar nesse sonho que tanto almejei para mim desde que era pequena e vi All Might salvar várias pessoas de uma sociedade caída no desespero, sem esperança de um futuro seguro para elas.
Nessas horas eu penso o quanto sou sortuda...
É muita coisa acontecendo na minha vida, mas ainda assim papai eu sonho com o dia em que poderei agir salvando as pessoas e vê-las sorrindo para mim, vê-las vivendo suas vidas pacificamente e vivendo sem o medo, e que o Senhor olhe para mim com sorriso e com orgulho e que possa dizer: "Essa é a minha filha." acho que todos os filhos desejam ser o orgulho de seus pais não? Eu sempre buscava deixar a Inko orgulhosa também, ela foi a mãe que eu não tive, afinal, ela me criou antes de tudo acontecer... O Senhor sabe não?
Então ele continuou lendo. A história do esverdeado que surpreendentemente encontrou All Might em seu estado atual e aprendeu sobre o One for All, virou esverdeada, que bravamente realizou a prova para a UA e achando que não tinha passado, passou e começou a enfrentar muito de seus medos e ultrapassar seus limites, se machucando especialmente por utilizar a individualidade de forma incorreta.
Conheceu o chefe da liga dos vilões, o misterioso Shigaraki Tomura, e que estranhamente tinha uma fixação estranha por ela. Lidou com pessoas problemáticas como Bakugo Katsuki, reencontrou amigos de infância como Shinso Hitoshi, se encantou por ele assim como se sentiu simpatizar por Kirishima Eijirou, que a ajudou na prova e se tornou um de seus primeiros amigos na UA, e se sentiu tocada pelo passado tão complicado de Todoroki Shoto, tudo sem saber que ela na verdade estava fazendo eles se apaixonarem aos poucos por quem ela era, confiando nela até o fim.
Fez amizades incríveis com pessoas como Uraraka Ochako, ajudou seu amigo Iida Tenya a superar um momento dificil ao lado de Todoroki Shoto. Mesmo que não entendesse o sentimento de perder alguém, Midoriya sentiu desse sentimento também, quando sua mãe diante de seus olhos a deixou aos cuidados do All Might, a pessoa que passou a cumprir além do papel de mestre para ela, mas também de um pai.
Sobre como tinha sido conflituoso tudo que viveu após o seu sequestro no acampamento onde celebraria seu aniversário, como tiveram pessoas a tratando com preconceito, todavia tiveram pessoas a apoiando a continuar e por isso agora estava escrevendo essa carta.
Eram tantas coisas que a garota passou que o homem não parava de ler as folhas, chegando ao último papel, ele olhou curioso para as últimas palavras.
Eu não sei o que o Senhor busca querendo o caos, os momentos felizes, de emoções novas que vivi foram graças a esses momentos de esperança e paz que All Might trouxe para todos nós e que agora eu sou destinada também a trazer. Por isso papai, este é o meu apelo... por favor, pare com tudo que está fazendo, vamos viver pacificamente e esquecer o One for All e o All for One, as individualidades, tudo.
Tudo o que eu mais desejo é sorrir e rir com você, desde que eu possa te salvar, eu estaria completamente feliz e posso deixar o sonho de ser heroína número um de lado. Sonho com o dia em que possamos conversar sobre tudo e que especialmente eu possa ficar ao seu lado e que o Senhor possa me ver... me acompanhar, me aconselhar.
Com amor, Sua Mahina Shigaraki, mas meu nome é Midoriya Izuku."
O homem terminava de ler a última folha acabando por tossir sangue em cima dela, sua visão estava turva. Parecia que tinha passado muito tempo apenas lendo as cartas, tinha lido a história de uma vida afinal e que o deixou de alguma forma... irritado, extremamente irritado.
Ela era fraca.
A filha de um super vilão, com uma individualidade tão grande que ela poderia utilizar para moldar a sociedade para o bem, queria usar as habilidades poderosas que tinha para continuar a viver de forma errônea naquela sociedade tão injusta e errada.
Como ela não percebia que o preconceito só crescia cada vez mais por conta da era de paz do All Might? por conta de dar chance para pessoas idiotas como ele? Símbolo da Paz? Era da Esperança? Não tinha esperança para todos, não tinha esperança para ele que vivia em uma sociedade cheia de poderes e não conseguia usar o próprio poder porque seu próprio poder o matava aos poucos. Olhou irritado em direção a lixeira. Se ergueu da cadeira que estava sentado e caminhando para mais próximo da lixeira, amassou todas as folhas e jogou com força na sacola.
— Essa garota é louca — Disse, se virando e saindo andando em direção do elevador. — Se ao menos eu tivesse o mínimo de poder dela, as coisas seriam diferentes, é como dizem... os idiotas tem os melhores poderes enquanto que os justos têm os piores, por isso essa sociedade nunca cresce, nunca muda... os justos deveriam ser fortes.
Aquele homem devia saber como ajudá-lo, e mal sabia ele que All for One apenas sorria para si mesmo, orgulhoso do pequeno plano que criou ali mesmo. Era o primeiro passo, mas um importante.
— All Might você não consegue ficar calmo com o All for One nem por cinco minutos? Olha, eu sei que é complicado porque ele é um super vilão, mas a gente precisa fazer essa investigação e seu comportamento não ajudou nem um pouco para ele responder as perguntas e...
— Tsukauchi, me perdoe — O loiro falou sentado no banco de carona, enquanto Tsukauchi dirigia o carro, depois de horas dirigindo finalmente eles tinham chegado na delegacia de polícia de Tóquio onde ficava o escritório de Tsukauchi e de Akira Shinso, que no momento, estava em pausa do trabalho para recuperar sua saúde. Estacionou o carro, desligando em seguida e logo olhando para o loiro. — mas você sabe, quando ele falou da Midoriya shoujo e ainda da minha mestra eu... eu revivi tudo dentro de mim, foi desesperador.
— Eu sei mas... — suspirou — você não pode perder a cabeça assim, porque é o que ele quer sabe? É como ele falou, ele matou o All Might pois o herói se foi, se aposentou, mas não deixe ele matar o Toshinori Yagi que eu conheço. Um homem esforçado, gentil e doce por quem eu me apaixonei.
— Tsukauchi... — O loiro começou a dizer olhando para o moreno com o rosto corado, era incrível como Tsukauchi era o tipo de pessoa que falava as coisas bem pensadas, mas em relação a All Might sempre eram coisas de seu coração e que o deixavam cabulado algumas vezes, outras não — Me desculpa, de verdade...
— Toshi você sabe que eu sempre vou te perdoar — Ele disse se aproximando do rosto do loiro que estava corado olhando a aproximação do homem. — Além disso eu gosto de você, eu te amo, eu entendo sua raiva, eu só não quero que você se machuque mais.
— Você tem andado tão cansado e eu fazendo essas coisas. — O loiro falou baixo, próximo do Tsukauchi. — Desculpa mesmo...
— Só vou aceitar se você concordar de ir para minha casa hoje... — Disse sussurrando próximo do ouvido do loiro que ficou surpreso pela investida do homem. — Seus ferimentos já estão cicatrizados e eu acho que preciso de um pouco de atenção, da sua atenção, Toshi, algo que somente você pode fazer por mim.
— All Might nunca deixa uma missão importante de lado.
— Pois é... — O moreno falou com um sorriso nos lábios enquanto aproximava seus lábios dos do loiro e trocava um selar lento, mas convidativo para ambos que sentiam o local estranhamente esquentar. Fazia um tempo que eles não se tocavam e nem nada por conta das milhares de coisas que estavam acontecendo na vida de ambos, aquele foi o único tempo que tiveram juntos de fato.
O moreno ficou surpreso quando sentiu o loiro puxá-lo para ficar sentado em seu colo, as mãos grossas se moviam por suas coxas o fazendo sentir excitação e ansiedade pelo loiro que estava parecendo absorto pelas sensações que o toque do moreno lhe causava. Tsukauchi acariciou sua face direita, sorrindo um pouco.
— Vamos ser pegos se fizermos barulhos demais então... — o moreno falou fechando os olhos para voltar aproximar os lábios e beijá-lo com mais fervor, com mais desejo. Naomasa suspirou baixo em meio ao beijo quando sentiu os toques ousados do loiro em seu corpo, por dentro de seu sobretudo marrom aberto e quando sentiu os lábios do loiro ousarem de descer por seu pescoço e explorar a pele sensível.
O moreno suspirava corado, os olhos escuros direcionados somente na direção do loiro que parecia hipnotizado pelas reações de quem estava acima dele, e até mesmo na sensação maravilhosa que estava sentindo do policial rebolar em seu colo, o que despertou no loiro o grande interesse de agarrar naquela cintura dele e deixá-la marcada assim como o pescoço, por isso decidido a desabotoar a blusa de botões de Naomasa, All Might moveu suas mãos para o peitoral dele e...
"WATASHI GA KITA!"
Os dois pularam quase que imediatamente quando escutaram o celular tocar pelo enorme susto que tomaram, era o celular do All Might com seu famoso "WATASHI GA KITA!" que fazia qualquer um acordar ou tomar um susto mesmo.
— Você devia mudar esse toque Toshi... — Tsukauchi falou abaixando o pescoço e se movendo para ajudar o loiro a pegar o celular no bolso da calça dele enquanto o toque continuava pelo carro até que Yagi olhou para a tela do celular parando com o som. — Espero que não seja algo ruim.
— Não é a primeira vez que isso acontece, espero que não seja uma notícia ruim. — O loiro falou sem graça, logo vendo que era uma mensagem da Midoriya. Ele olhou surpreso quando viu uma foto que ela tinha tirado e que fez os olhos dele se abrirem mais ainda.
— T-TOSHI!?
— A MIDORIYA SHOUJO PASSOU NA PROVA DE LICENÇA PROVISÓRIA! — Berrou, animado com o Tsukauchi em seu colo que pegou o celular para observar a foto. Era a Midoriya do lado da Uraraka e as duas estavam segurando suas carteirinhas de licença provisória para atuarem como heroínas, tudo enquanto All Might falava mais e mais animado das coisas.
— E ela ainda conseguiu se reconciliar com a amiga dela, ai que bom. — O moreno falou aliviado, mas logo olhando surpreso quando viu algo escrito embaixo da foto — Espera, Toshi tem algo escrito pra você.
— Ah deve ser ela falando como me admira como herói e que ela conseguiu graças essa motivação e que esse é o primeiro passo para sua jornada como heroína e... — O loiro começou a dizer enquanto olhava o celular e continuava a ler até que parou de falar e ficou olhando sem expressão alguma para a mensagem, piscando várias vezes para ver se de fato o que tinha lido era aquilo mesmo.
— Toshi o que foi? Ela falou algo ruim?
— Tsukauchi — O homem desviou o olhar do celular para sua direção, ainda incrédulo — ela pediu para eu pedir ao Aizawa para liberar a piscina para uma festa no fim de semana para celebrar a aprovação deles. Só isso, falou nada de mim e... e... nem um agradecimento pelo apoio, a atenção e... e é isso.
O moreno não resistiu de começar a rir da expressão incrédula do loiro pela mensagem.
Às vezes All Might não sabia lidar com adolescentes.

Not the BraOnde histórias criam vida. Descubra agora