Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)

Entre amigos e família

Sábado

Ponto de vista de Afonso

Acordo sobressaltado com batidas na porta. Merda! Já são 9:30 da manhã. Fomos dormir tarde, porque ainda ficamos conversando por uma hora com Arthur e Daichi. Eu achei que eles iam ter pressa em ir embora, porque estavam quase se engolindo, mas me enganei. Eles pareciam gostar de nossa companhia assim como gostamos da deles.

Depois que eles foram para o apartamento de Daichi, eu e Alessio ainda ficamos falando sobre os eventos da noite e as pessoas que conhecemos. Alesssio chegou a mencionar Seiji, me pedindo desculpas pelas brincadeiras, mas dizendo que sinceramente achava que poderia dar certo. Eu tentei despistar dizendo a ele que jamais poderia me interessar por alguém assim, no estilo blind date. Mas é claro que é uma enorme mentira. Ouvir aquela voz ao telefone fez em mim um estrago maior do que eu quero admitir.

Eu corro para abrir a porta, ainda muito sonolento, para dar de cara com Arthur e Daichi, prontos e cheios de energia. O que será que esses homens tomam para ficarem assim tão alertas depois de uma noite para lá de mal dormida? Ainda mais eles que ardem feito fogueira de São João, visível a kilômetros de distância?

- Bom dia, vocês ainda não estão prontos? - Arthur, eu te amo, mas eu vou te matar...

- Bom dia para vocês também! Podem me dar a fórmula do tônico que vocês tomam? Aliás, vocês dormiram alguma coisa esta noite? Porque depois da performance de vocês no karaokê, eu duvido que vocês tenham ido DORMIR quando entraram ali por aquela porta...

- Viu, pinguim fofinho? Perfeitos um para o outro... não disse?

- Daichi!!!!!

- Eu ainda estou dormindo... podem me explicar? Que vocês são perfeitos um para o outro eu sei, mas por que você está reclamando com Daichi, Arthur?

- Porque ele não está falando sobre nós... Ah! esquece isso, vai!!!!

- Eu vou chutar o Alessio para fora da cama e estaremos prontos num instante.

E vou o mais rápido que posso de volta para o quarto, despertar Alessio.

Ponto de vista de Arthur

Assim que Afonso desaparece no quarto eu me viro para Daichi com ar e zanga.

- Você quer parar de brincar com Afonso e Seiji? Não é mais divertido!

- Quem disse que eu estou brincando? Você não acha que eles são feitos um para o outro? Eles seriam muito felizes juntos! Seiji é calmo, Afonso é um furacão. Haveria equilíbrio entre eles.

- Agora você vai me dizer que vai arranjar um par para Alessio também?

- Alessio quer, eu percebi isso nele. Ainda mais porque ele sofre em silêncio, usando a piada e a brincadeira como forma de aliviar sua dor. E eu acho que tem alguém perfeito...

- Honestamente, Daichi, você não tem jeito!!!

Ouvimos passos e Alessio e Afonso chegam, de banho tomado e prontos para sair. Eles são rápidos mesmo.

- Bom dia, pinguim e Daichi! Desculpa a gente ter dormido demais! Não costumamos fazer isso. É que dois engenheiros com quem trabalhávamos pediram demissão e ficamos encarregados do trabalho deles também. Já precisamos virar algumas noites por causa dos projetos.

- Bom dia Alessio! Sem problemas! Vamos tomar café na rua, e depois daremos uma volta pela cidade, que tal? À tarde nos encontramos com meus pais e meus irmãos.