Uma boa esposa japonesa

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Ponto de vista de Kenta

Eu não tenho nada contra Júlia. Ela parece ser uma boa moça. Mas Iori precisa parar com essa bobagem, e encontrar uma boa esposa japonesa. Ele pode se divertir com Júlia o quanto quiser, e depois se casar com alguém que esteja à altura dele. 

Alguém que conheça e entenda nossa cultura. As mulheres ocidentais não sabem respeitar nossos costumes. Pelo menos Akira foi um bom filho e nos obedeceu. Aquela tentativa patética de nos enfrentar para ficar com aquela moça... Como ela se chamava mesmo? Bem, melhor vê-lo sozinho do que com uma moça que nada acrescentaria à nossa família. 

Nós tentamos fazê-lo se casar com uma moça de nosso agrado, mas ele se recusou, justificando que queria se concentrar em seus estudos e seu trabalho. Ele agora está indo para o Japão e isso me dá alento. Lá, ele certamente encontrará uma moça japonesa para se casar e nos dar netos.

O curso de meus pensamentos é interrompido por Mina e Harumi, que chegam com a comida. 

- Ora, vamos comer. Júlia, por favor, sirva-se. Espero que você e Arthur gostem de comida japonesa. 

- Nós gostamos muito! Não é, irmãozinho?

- Sim, e eu gostaria muito de aprender a fazer pratos tão lindos e saborosos. - Diz Arthur. Tenho que dar o braço a torcer. Os dois são extremamente educados. 

- Você sabe cozinhar, Arthur? - Pergunta Kenichi. 

- Eu sei fazer pratos portugueses. Minha mãe acredita que temos que ser independentes. Como ela tinha longos plantões de 12 horas, nós costumávamos ajudar bastante em casa. Meu pai também. Ele é excelente cozinheiro. Por isso agora me viro bem na cozinha, sr. Sato.

- Isso é bom. Eu infelizmente não aprendi. Mas Harumi é excelente cozinheira. Tenho certeza de que vocês acharão a comida muito saborosa. - Kenichi está mais solícito que o normal... Por que? E por que ele estava tão curioso a respeito da tal estagiária que ele conheceu quando ainda estava na faculdade?

- Júlia, está gostando da comida? 

- Está simplesmente deliciosa sra. Sato! Quero dizer, oba Harumi. 

- Não sabe o quanto me alegra, Júlia, que me chame de oba Harumi. E gostaria que Arthur pudesse me chamar de okaasan. 

E eu me engasgo com a comida. Kenichi me dá vigorosos tapas nas costas. Eu acho que não ouvi direito. Harumi quer que Arthur a chame de mãe? Quer dizer que ele e Daichi estão em um relacionamento? E quando eu olho para os dois, Daichi está com cara de quem levou um soco e Arthur, vermelho feito um tomate. Kenichi, por sua vez, está como se nada tivesse acontecido. Afinal, o que está havendo aqui? 

- Você está bem, Kenta? Tome um pouco de água. - Diz Harumi, impassível. 


Ponto de vista de Mina

Harumi está completamente fora de si! Onde já se viu aceitar que Daichi tenha um relacionamento com outro homem! E Kenichi? Por que ele não toma uma atitude? Ou ele já não consegue controlar sua esposa? Não fosse a promessa ridícula que eu fiz a Harumi, eu já teria dito o que eu penso sobre esta situação. 

Quanto a Iori, ele nunca foi dos filhos mais obedientes. Também, andando com Daichi, eu não poderia esperar outra coisa. Daichi tem uma influência negativa sobre meus dois filhos mais novos. Eu não compreendo como Daichi, dois anos mais novo que Iori consegue fazer isso. Dos seis, Daichi é o que tem a personalidade mais forte, a presença mais marcante.

Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)Onde histórias criam vida. Descubra agora